domingo, novembro 16, 2008

Rosinha ainda precisa convencer

Comparado ao governo atual, não é improvável que a próxima gestão municipal de Campos demonstre alguma melhoria administrativa. É difícil imaginar algo pior do que a cidade viveu nestes últimos anos.

Mas os sinais emitidos pela prefeita eleita, Rosinha Garotinho, não são muito animadores. Ela demonstra interesse em enfrentar os problemas, se movimenta, faz contatos, gera fatos, e isso é positivo, embora corriqueiro na marketagem pré-posse. Mas antecipa o estilo típico do populismo garotista que a cidade merecia superar.

Na questão que envolve os terceirizados da Prefeitura, por exemplo, a prefeita eleita não aproveita a legitimidade das urnas para afirmar que, de uma vez por todas, acabará com esta farra de contratações sem concurso em Campos. Ao contrário, contemporiza, e lança o eleitoreiro argumento de que ficarão os que “realmente trabalham”.

Mais sensato seria dizer que implantaria um plano de emergência nos três primeiros meses, com a permanência temporária de terceirizados em pontos de necessidade inadiável da população. Neste período seria feito concurso público para atender a esta demanda, além de convocados os que já foram aprovados em concurso anterior. Depois disso, nenhuma outra contratação sem concurso seria feita.

Outro sintoma de que teremos mais do mesmo é o anúncio de soluções pirotécnicas, como a anunciada pelo ex-governador Anthony Garotinho para as várias casas adquiridas pelo município em desapropriações. Segundo ele, ou a prefeitura vai negociá-las com uma construtora que se disponha a construir uma nova sede para a Prefeitura, ou vai entrar na justiça para reaver a diferença supostamente superfaturada.

É a típica solução saída da cartola, sem discussão pública, sem avaliação sensata sobre a sua real necessidade ou prioridade, bem mais afeita ao mundo da produção de factóides do que de uma aproximação real do atendimento das necessidades do município. Com este espírito, por exemplo, foi construída a ponte Rosinha, que guarda até mesmo no nome a sua intenção de ser peça de propaganda, sem que necessariamente tivesse sido o melhor para a cidade.

Além disso, a prefeita eleita, que de modo muito justificado e contundente, cobra transparência da Prefeitura na divulgação dos documentos para a transição, ainda não tornou pública a relação de nomes dos doadores da sua campanha, com os respectivos valores doados.

Esta é uma providência necessária para que a sociedade verifique o tipo de tratamento que estes doadores terão no futuro governo. Candidatos probos, como Fernando Gabeira, no Rio, publicaram esta relação ainda em campanha, com atualização diária, para que o eleitor soubesse de onde vinha o dinheiro que sustentava a sua candidatura.

Governantes precisam entender que ética na política não pode mais ser, apenas, objeto de propaganda. A prática precisa comprovar o discurso.

[Publicado na edição de hoje do Monitor Campista]

4 comentários:

Gustavo Landim Soffiati disse...

Vítor,

Se não me engano, Rosinha e Roberto Henriques já falaram, com outras palavras, nesse "plano de emergência" até que houvesse concurso. Mas a ênfase tem sido, sim, a valorização dos que "realmente trabalham".

Cleber Tinoco disse...

Vitor,

Parabéns pela abordagem, muito direta e bastante esclarecedora.

Abraços,

Anônimo disse...

Parabéns pela abordagem, mas confesso que não me iludi hora nenhuma que seria diferente, só se trocou "seis por meia duzia".
Abraços
Rita Pessanha

Anônimo disse...

Concordo, Rita. Não vejo nada de mudança e trabalho.

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