segunda-feira, novembro 30, 2009

Monitor Campista: agora é com a gente

A campanha Viva Monitor chegou a um ponto em que poderá testar, objetivamente, o quanto os campistas prezam este patrimônio e o exercício de um jornalismo de qualidade. Há uma oferta concreta de venda da marca aos funcionários, para que possam continuar com o jornal, e há um prazo.

Diferentemente do modo usual para estes casos, em que uma operação de bastidor correria o pires entre alguns poucos, que com suas grandes quantias poderiam, na prática, virar donos do jornal, a opção do Movimento Viva Monitor foi abrir uma campanha pública de doação, com todos os nomes e valores publicados em uma lista.

A chance colocada implica, até mesmo, na possibilidade de avançar ainda mais na independência do jornal. O que defendo, inclusive, é que as contas de uma futura instituição que administre o Monitor Campista sejam detalhadamente publicadas na internet. O leitor poderá saber quanto cada anunciante pagou por anúncio e por qual período. Poderia saber quanto custa imprimir, qual é a sua tiragem real, quais são e a quais valores correspondem outros gastos do jornal. De quanto é a folha de pagamento de pessoal, e por aí vai. Não tenho notícia de um jornal que tenha operado com tamanha transparência.

Anestesiados pelo histórico político da cidade, e do envolvimento da imprensa com este histórico político, é possível que muita gente que poderia ajudar no Movimento Viva Monitor esteja recolhido em cética e confortável desconfiança. É compreensível.

Mas o fato é que temos uma chance real de salvar o Monitor com as características que ele vinha tendo até então, mantendo-o operado pelos seus funcionários.

Se a campanha de arrecadação não conseguir atingir seu objetivo, ou se um outro interessado externo comprar sozinho o jornal (e transformá-lo, por exemplo, em porta voz de algum grupo político local), os integrantes do Viva Monitor poderão dizer, com a consciência tranquila, que fizeram a sua parte.

E você, que gosta do Monitor e ainda não se engajou neste movimento, o que poderá dizer?

Debate hoje na Fafic

Hoje, às 19h, acontece um bate papo na Faculdade de Filosofia de Campos (Uniflu/Fafic) sobre as novas tecnologias e a sua utilização nos jornais de Campos. Jornalistas de todos os periódicos de Campos foram convidados e terão 20 minutos para explanação e depois para o debate propriamente dito.
Mediando a "contenda" a professora de informática da instituaição Valéria Machado.

sábado, novembro 28, 2009

Funcionários querem levantar R$ 250 mil para comprar a marca "Monitor Campista"

Em reunião com representantes do Movimento Viva Monitor, na tarde de ontem (27/11/09), o diretor presidente dos Diários Associados, Maurício Dinepi, fixou em R$ 250.000,00 o valor da marca “Monitor Campista” para o caso de compra pelos seus ex-funcionários. Além disso, foi mantido o prazo de 4 de dezembro para a confirmação da compra.

Participaram da reunião com Dinepi os ex-funcionários Cilênio Tavares e Claudia da Conceição Santos, além de Paulo Thomaz (AIC) e Graciete Santana (Sepe), todos integrantes do Viva Monitor.

Na manhã de hoje, na Associação de Imprensa Campista, os ex-funcionários e demais simpatizantes do movimento decidiram abrir uma campanha pública de arrecadação de recursos para tentar, até o próximo dia 4, atingir o valor fixado.

Todos os doadores (pessoas físicas ou jurídicas) serão identificados em uma lista única publicada no blog do Movimento Viva Monitor (http://vivamonitor.blogspot.com), com nomes e valores doados. Em caso de a meta não ser atingida, os recursos serão devolvidos.

Qualquer valor pode ser doado em nome da Associação de Imprensa Campista (Banco Itaú, agência 2997, conta corrente 24529-1), preferencialmente por meio de depósito identificado. Comprovantes de depósito ou de transferência devem ser enviados para o e-mail (contatovivamonitor@gmail.com) aos cuidados de Paulo Thomaz, informando nome completo do doador, endereço, telefone e CPF.

O total parcial das doações será informado constantemente no blog Viva Monitor.

O objetivo do movimento é reativar o jornal Monitor Campista com as mesmas características de independência editorial e qualidade jornalística.

sexta-feira, novembro 27, 2009

Outro script conhecido

Caso escandaloso envolvendo abuso sexual de menores estoura. Empresários estão envolvidos. Depoimentos confirmam as versões mais tenebrosas. Polícia faz parceria com a imprensa e forma um grande espetáculo. Cada evidência é mais crível que a outra. E um grande crime é cometido. Tudo isso aqui, no caso da Escola Base.

Script conhecido

Um radialista de FM fez a denúncia. O irmão de um político muito conhecido estaria envolvido. Um advogado e empresários da cidade também. Acusados se revoltam e negam com veemência. Um deles chora no legislativo. Tudo isso aqui, agora, em Açailândia, no Maranhão.

terça-feira, novembro 24, 2009

O império de César Ferreira

Foto: Wellington Cordeiro


César Ferreira, quem diria, virou patrocinador da Império Serrano. A descoberta foi feita pelo fotógrafo Wellington Cordeiro, na feijoada da Império, no sábado passado, em homenagem ao sambista campista Aluizio Machado. Será que Ferreira virou bicheiro ou político na baixada fluminense?

domingo, novembro 22, 2009

Monitor pode sobreviver ao fim dos jornais

Escrevi algumas vezes que acredito no fim dos jornais impressos. Cada vez estou mais convicto disso. E agora me vejo em campanha na defesa da volta de um deles às bancas, o Monitor Campista, que encerrou suas atividades no domingo passado, dia 15, após 175 anos de uma existência que o colocou no posto de terceiro mais antigo do Brasil.

É que penso na volta do Monitor e na sua sobrevida não pela sua viabilidade como jornal impresso, mas na sua validade como patrimônio cultural. Somente este caminho, para mim, o legitimaria.

Se, como disse Alberto Dines, o papel do jornal é se fazer necessário, a necessidade do Monitor está em estabelecer para Campos uma liga de pertencimento simbólico de quase dois séculos. É um lastro que uma comunidade não dispensa com facilidade – daí a comoção em torno do fechamento do jornal, mesmo que manifestado por muitas pessoas que nem mais o liam.

Por isso tenho insistido na idéia de criar a Fundação Monitor Campista. Na minha concepção, daqui a 50 anos, por exemplo, a versão impressa do Monitor seria apenas um dos produtos de uma instituição que terá como principal missão a preservação da memória jornalística da cidade.

A circulação impressa será uma espécie de luxo a que se permitirão alguns assinantes e leitores de banca (ainda existirão?) que decidiram preservar este modo de produção jornalística e, sobretudo, esta marca cronológica de longevidade. Seria como se uma empresa centenária de transportes, que passou por várias gerações tecnológicas e hoje possui modernos ônibus e até aviões, tivesse decidido conservar em operação alguns dos seus bondes – somente por apelo histórico e turístico, como em Santa Tereza.

Como veículo jornalístico de relevância no presente, só considero o Monitor crível se ele for reinventado na internet. Para isso terá que encontrar uma receita que nenhum jornal encontrou até agora (basta dizer que, na busca de um norte, o The Guardian contratou blogueiros para fazer a cobertura local). A lógica engessada dos que se habituaram a ser verticalizados emissores não anda casando com o espírito horizontal da internet. Mesmo com as tentativas desesperadas de alguns.

Estou confiante de que o Monitor Campista voltará às bancas. Isso é necessário para que ele retome de onde parou, não deixando órfãos os seus leitores ainda apegados ao impresso. Mas isso não será suficiente para que ele dure por mais décadas e décadas. Ele precisará ser mais defendido, mais relacionado simbolicamente entre os poucos elementos que ainda nos dão orgulho, mais útil não apenas como jornal, mas como um dos pilares da nossa identidade de moradores de uma mesma cidade.

Nenhum outro veículo de comunicação tem condições, hoje, em Campos, de exercer este papel. Como se vulgarizaram na mera sobrevivência comercial ou na arte de tirar proveito da política menor, não podem ser alçados a uma função subjetiva tão nobre quanto a de ser um elemento de nossa cultura, ou um nosso porta voz além de partidos e disputas pontuais. Não oferecem grandeza para atravessar os tempos. Não têm densidade. Não mais se diferenciam de um negócio qualquer.

Com o Monitor pode ser diferente. E creio que será.

sábado, novembro 21, 2009

[mini conto numa hora dessa]

A queda

Quando tropeçou na calçada foi lançado ao chão com tamanha violência que, por alguns segundos, antes do choque, perdeu-se de si. Depois, passou o restante da vida em busca de liberdade semelhante. Até que conheceu o abismo.

Não há pauta para hoje na Rede Blog

Os blogs abaixo, que estiveram na vez de indicar temas para a Rede Blog de novembro, não enviaram sugestões para a enquete que define a pauta.

22 - Verbo Solto - Fátima Nascimento - http://www.verbosolto.blog-se.com.br/

23 - Vitor Longo Braz - http://www.blogvitorlongo.blogspot.com/

24 – Fatos, fotos e afins - Gustavo Rangel – http://fotosfatoseafins.blogspot.com/

25 - Rafael Borba - http://rafaborba.blogspot.com/

26 - A Trolha - http://atrolha.blogspot.com/

terça-feira, novembro 17, 2009

Caso Monitor no Mercearia Campista

Acompanhe o Movimento Viva Monitor e participe

As informações mais atualizadas sobre a campanha em defesa do jornal Monitor Campista, que deixou de circular no último domingo, estão sendo postadas no Blog do Movimento Viva Monitor, aqui. Acesse e participe!

domingo, novembro 15, 2009

Teses, especulações e desconfianças sobre o assassinato do Monitor

Recebi de um caríssimo amigo um relato sobre o caso Monitor. Sem identificá-lo, e omitindo alguns nomes de pessoas e empresas campistas por ele citados, reproduzo o seu raciocínio para dar o máximo de transparência ao que se discute nos bastidores, lembrando que tudo não pode ser considerado além do terreno das hipóteses:

Ele diz assim:

"Caro Vitor

A essa altura do campeonato muitas informações sobre o “Monitor Campista” já circulam. Mesmo vindas de fontes diferentes, muitas delas são coincidentes ou complementares, por esta razão acho conveniente fazer uma análise:

    * Os “Diários Associados” somam um passivo de 23 milhões de reais tendo já obtido 15 milhões para pagar suas dívidas, faltando conseguir “apenas” os 8 milhões restantes.

    * Embora o prédio do “Monitor Campista” esteja avaliado em R$ 800.000,00 e o jornal valha 3 milhões o comprador está disposto a pagar os 8 milhões que os “Diários Associados” precisam.

     * Mesmo esbanjando saúde financeira e longe de ser deficitário, os “Diários Associados” vêm jogando anualmente para baixo a contabilidade do jornal encontrando desta forma a justificativa que precisam para vende-lo.

     * A Prefeitura Municipal de Campos é efetivamente a compradora do jornal, “salvando” este patrimônio cultural e histórico da nossa cidade. Com essa manobra o título “Monitor Campista” continuaria a existir e o jornal seria o diário oficial da cidade noticiando também as ações (positivas é claro) da prefeitura. A Secretaria de Comunicação seria transferida para o recém-adquirido prédio da Rua João Pessoa.

     * A diferença entre os 8 milhões pagos e os 3 milhões e oitocentos mil do valor real ajudariam a aquecer a campanha de Garotinho para o governo do estado, inclusive com a cessão de horários na Radio Tupy para os programas radiofônicos de Garotinho.

     * O jornal passaria a ser impresso com a participação dos menores da Fundação Municipal da Infância e da Juventude, numa “belíssima ação social”. Isso justificaria inclusive a aquisição de um parque gráfico que, como é de se esperar, não serviria exclusivamente à impressão do jornal.

    * Os funcionários do “Monitor Campista” não seriam readmitidos por não serem concursados. A prefeitura utilizaria seus jornalistas e funcionários lotados na Secretaria de Comunicação.

Estas, entre outras notícias que podem ter o seu fundo de verdade, me fazem pensar na possibilidade de estarmos fazendo o papel de “inocentes úteis”. O que fazer?"

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O que acho de tudo isso?

1 - Parte desta trama havia sido publicada pelo urgente! (aqui, em 26 de setembro). Mas nada disso é fato comprovado, embora todos os indícios sejam plausíveis.

2 - Diante da perspectiva do fim do jornal (seja um fim de verdade ou um fim em forma de transformação do jornal em veículo chapa branca da Secretaria de Comunicação), tínhamos dois caminhos iniciais a seguir: reagir de alguma forma ou não reagir (a tese do não querer ser "inocente útil").

3 - Preferi a primeira opção. E creio que tem sido acertado. Temos conseguido mostrar que o Monitor Campista tem quem se preocupe com ele. Seja para reagir ao seu fechamento, seja para reagir a uma hipotética trama como a que foi relatada acima.

4 – Se confirmada esta negociata, haverá várias denúncias a serem feitas: a do assassinato do Monitor como jornal de credibilidade e com redação independente; a do superfaturamento do valor do jornal; a da utilização do dinheiro público para gerar benefícios eleitorais pessoais; entre outras que podem surgir.

5 – Mas, diante do jornal efetivamente fechado, não poderíamos esperar que toda essa história fosse confirmada para que tomássemos algum posicionamento.

6 – Creio que a nossa pressão pode ajudar a criar um ambiente em que o futuro do jornal, caso exista, seja melhor do que este tramado pelos seus supostos futuros donos (até mesmo porque, se tudo for confirmado, os futuros donos serão os cidadãos campistas, e não os Garotinhos).

7 – Não podemos perder de perspectiva que também é importante a continuidade do título do jornal, mesmo que com a necessidade de combater todos os vícios deste processo neste momento. Daqui a 50, 100 anos, isso poderá ser uma poeira numa história de quase 300 anos. Ou seja, não podemos esquecer que estamos lidando com um patrimônio de longo prazo, e não com uma troca comercial qualquer.

8 – Dito de outro modo: o jeito como os Diários Associados trataram a questão já demonstra suficientemente a insensibilidade do grupo em relação ao jornal. Não tiveram dó em matá-lo seja lá em nome de que interesse for e em articulação seja lá com quem seja. E não tínhamos meios para impedir que um proprietário privado tratasse tão mal a sua própria propriedade. Agora, se toda esta conspiração se confirmar, já teremos de quem cobrar um tratamento adequado da questão, partindo inclusive da correção de todos os vícios de origem no processo.

9 – Isso quer dizer também que não creio que toda a solução que venha do poder público seja necessariamente descabida ou desonesta. E que o governo municipal não pode se meter nisso, por se tratar de uma empresa privada. A questão é como se meter.

10 – Imagine se houvesse royalties na época do Trianon (um teatro privado) e algo tivesse sido feito para preservá-lo. Hoje não teríamos essa culpa da sua demolição.

11 – Uma boa solução pode sim ser construída em parceria com poder público e de modo transparente. E é possível sim fazer jornalismo público de qualidade e com forte fiscalização da sociedade. Há bons exemplos, basta querer. E basta haver quem cobre por isso. Isso, claro, não descarta a denúncia de que nem mesmo isso era necessário para o caso Monitor, já que, como se sabe, a empresa poderia tocar a sua vida de modo privado seguramente. Mas agora isso é passado. Não pudemos evitar que os Diários Associados fizessem o que fizeram.

12 – Quanto aos trabalhadores do Monitor, é preciso que se registre que eles são os responsáveis pelo jeito firme como o jornal se comportou ultimamente nestas tormentas eleitorais. Alguém poderá dizer que não fizeram mais do que a obrigação. Mas isso não impede de reconhecer o quanto é difícil cumprir a obrigação nestas terras. Eles são legitimamente parte a ser considerada em um possível futuro para o jornal. Seja em forma de cooperativa, associação, fundação, seja lá como for, creio ser justo incorporá-los não ao funcionalismo público, mas à construção do novo Monitor, que será tão melhor quanto puder preservar do velho.

13 – Nos meus melhores sonhos, por exemplo, imagino que Campos poderia ter daqui a 100 anos o mais antigo jornal impresso diário do país, que fora preservado pela ação dos que criaram uma certa Fundação Monitor Campista para preservá-lo. Seria uma atração turística, quando quase todos os impressos teriam acabado, e um centro de preservação de memória da imprensa (não apenas acervo, mas do modo de fazer dos impressos), com função jornalística desenvolvida por todos os meios tecnológicos disponíveis no futuro, mas com o luxo de manter uma pequena tiragem impressa, para assinantes, como prova do orgulho do campista pela sua existência. Será obrigatório visitar em Campos a livraria mais antiga do Brasil e o jornal mais antigo do Brasil (sim, porque creio que, do modo como os Diários Associados tratam os seus patrimônios, não demorarão a exterminar o Diário de Pernambuco e o Jornal do Commercio).

14 – Para mim, a tese do “inocente útil” é uma deficiência de perspectiva, daqueles que colocam a luta contra Garotinho na frente de qualquer outra luta. Não nego a necessidade da primeira – dados os aparentemente incorrigíveis vícios políticos deste personagem –, mas não creio que ela sirva de paralisia para as demais.

O dia promete


Assim que Luiz Manoel Barreto (ao lado), da Banca do Luiz, 53 anos, ajeitou no início da manhã de hoje a pilha de exemplares da última edição do Monitor Campista, o som do sino da Catedral ganhou a Praça São Salvador. Involuntariamente, anunciou mais um dos cortejos que Campos não gostaria de ver.

Enquanto isso, João Marcelo Gomes (abaixo), 30 anos, cumpria a etapa final do seu circuito de bicicleta para fazer a entrega aos assinantes. Ele é um dos cinco que, amanhã, serão demitidos na distribuidora de jornais em razão do fim do jornal.

Junto com Alexandro F., acompanhei nesta madrugada a chegada dos exemplares do Rio e parte da distribuição. Fizemos registros para um possível documentário.

Diante dos volumes que saem de um furgão, vimos em nove pacotes, de aproximadamente 100 exemplares cada, a realidade crua que muitos jornais escondem: os leitores de impressos estão sumindo. Do Monitor, são cerca de 500 assinantes. Os demais flutuam nas compras nas bancas.


Dito de outro modo, basta imaginar que cabem no mesmo pequeno furgão em que chegou o Monitor todos os exemplares de O Dia, Lance, Jornal do Commercio e mais algumas revistas que serão lidos hoje em Campos. Um domingo.

Os demais jornais locais têm impressões e distribuições próprias. O número de exemplares que eles dizem que vendem será a verdade anunciada e pronto.

Barreto conta que a circulação do Monitor sofreu uma queda considerável depois que deixou de publicar o Diário Oficial. Este é um aspecto pouco comentado da questão, quase sempre vista pelo ângulo dos recursos que a Prefeitura injetava no órgão.

Hoje, alguns minutos após o jornal ter chegado à sua banca, ele telefonou para a distribuidora para pedir mais exemplares. Avalia que serão necessários em razão do apelo da última edição e, principalmente, pelo incomum movimento de vendas: eu comprei um exemplar, Alexandro comprou outro, e o fotógrafo Wellington Cordeiro comprou dois. O dia promete.


[Fotos: Reproduções sobre imagens de Alexandro F.]

Até breve


Já escrevi para a última edição de um jornal uma vez. Mas nunca o fiz para algum que tivesse 175 anos e a importância deste Monitor Campista. É um privilégio às avessas e simplesmente não sei como fazê-lo. Até porque não quero acreditar que esta realmente seja a sua derradeira aparição pública. Isto em muito se assemelha à negação da morte de um parente muito querido, naquele momento em que “não cai a ficha”, e você se protege para não enfrentar a insustentável dor da perda.


Não é possível tratar com distanciamento. Mas também é temerário entregar-se de modo passional a um texto que circulará em nebulosa situação de indefinição em relação ao futuro deste jornal — sim, futuro, ainda creio em seu futuro.


Tanto quanto me é possível, registro apenas que esta suspensão na circulação que se faz hoje é absolutamente injustificável. E que o fim do jornal seria não apenas desnecessário, mas criminoso. E isso não no sentido figurado, mas naquele preconizado pelo Código Penal mesmo.


Que a história saiba que este jornal não morreu em razão de suas supostas deficiências financeiras – que, a rigor, não existem. Ele está sendo assassinado. É um caso de homicídio que precisa ser investigado e ter seus responsáveis punidos. Ao que tudo indica, o colocaram em uma não esclarecida cesta de acordos comerciais, como se produto qualquer o fosse, e desprezaram a sua importância para o Brasil e para o Norte Fluminense.


Desdenharam a opinião pública campista e até mesmo a dor dos próprios funcionários do jornal, com a completa ausência de informações sobre a situação da publicação e a razão para este momento triste pelo qual passamos.


E, ao contrário de contribuir para mantê-lo, significativos setores das elites políticas e econômicas locais se mostram mancomunados com um ardil de tal vilania que sequer têm coragem para expô-lo publicamente.


Muito provavelmente foi este o motivo por não terem comparecido no ato público na última sexta-feira, quando leitores e representantes de várias instituições vieram abraçar simbolicamente o jornal, em uma manifestação histórica em frente à sua sede. Como iriam explicar publicamente o que tramam?


Despedir-se em um dia como hoje, em que se lembra a passagem de 120 anos da Proclamação da República — fato, inclusive, coberto por este jornal —, parece uma ironia diante da constatação de que assuntos como a sobrevivência de um patrimônio como este ainda não sejam tratados de modo republicano e transparente.


Se o Monitor não voltar, hipótese que não aceito, que a história saiba ao menos identificar seus assassinos. Mas, como acredito na força deste jornal, que já superou outros momentos de suspensão de circulação, prefiro me despedir com um “até breve”. 

[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]

A última capa

Repleta de mensagens nem tão subliminares assim, já está no ar na internet a última capa do Monitor Campista, nesta edição de domingo, 15 de Novembro de 2009. No canto inferior direito, é possível ver uma nota vergonhosamente sucinta dos Diários Associados anunciando o "Encerramento das atividades".


[Clique na imagem para ampliar]

[Acompanhe as informações sobre a Campanha Viva Monitor aqui]

sábado, novembro 14, 2009

sexta-feira, novembro 13, 2009

Versão Extra do Controle de Qualidade

Um vídeo como este aqui, feito com os vereadores do Rio, foi gravado pelo repórter Felipe Sáles com os vereadores de Campos nesta semana. Os nossos edis patinaram, por exemplo, em perguntas sobre José Cândido de  Carvalho e sobre a forma como se define a divisão dos royalties do petróleo. O vídeo vai ao ar no site do jornal Extra em dezembro. O urgente!, claro, vai avisar.

Extra: morte matada e ponto final

Notas de hoje no jornal Extra, na coluna Extra! Extra!:


Sociedade rompe silêncio. Outros agora precisam falar

O ato de hoje em frente ao Monitor Campista teve muito menos gente do que merecia o jornal e muito mais gente do que era esperado como resultado de uma divulgação exclusivamente feita por e-mails e blogs, em menos de 24 horas, e para algo em horário que impossibilitava a presença de muitos leitores presos a outros compromissos.

Creio que a manifestação foi muito importante. Várias verdades que estavam entaladas foram ditas, várias ausências foram reveladoras, e as presenças queridas serviram bem ao propósito de mostrar que caso morra o jornal, não terá sido sob o silêncio dos campistas.

Uma reunião, para a qual todos os interessados continuam convidados, foi marcada para este sábado, 10h, na Associação de Imprensa Campista (rua Formosa, 460, ao lado da OI/Telemar).   

O que se espera é que, depois de a sociedade ter rompido o seu silêncio sobre o fim do Monitor, outros personagens passem agora a falar para dar as devidas explicações sobre este caso de homicídio.


O blog do movimento Viva Monitor publicou aqui mais fotos da manifestação.

[Fotos: César Ferreira]

quinta-feira, novembro 12, 2009

Campanha pró-Monitor ganha nome e blog próprio

As informações da mobilização em defesa do jornal Monitor Campista, contra a decisão dos Diários Associados de fechar a publicação, serão agora concentradas no blog Viva Monitor, aqui.

Morte do Monitor: vamos nos manifestar?

Não temos muito tempo. Ninguém confirma no jornal, mas parece mesmo que o último dia de trabalho no Monitor Campista é nesta sexta, 13, para fechar as edições até domingo. Creio que temos que fazer algo.

O que me ocorre é estarmos todos de preto, às 10h, nessa sexta, em frente ao jornal (rua João Pessoa, 202, próximo ao Mercado Municipal), com os cartazes voluntários que cada um quiser levar.

E então, vamos?

O Monitor pode até morrer, mas não será com o silêncio dos campistas!

quarta-feira, novembro 11, 2009

Abaixo-assinado pró-Monitor

Está no ar uma Petição online em defesa do Monitor Campista. Aqui.

AIC divulga nota sobre situação do Monitor Campista

NOTA DA ASSOCIAÇÃO DE IMPRENSA CAMPISTA

Carta pública aos Diários Associados

A Associação de Imprensa Campista, entidade que neste ano de 2009 comemorou os seus 80 anos, manifesta grande preocupação em relação à nota publicada hoje (11/11/09) no jornal Monitor Campista, com convocação de assembléia de acionistas, para discutir a proposta de encerramento das atividades da publicação.

Esta entidade entende nem ser necessário dizer, para os seus próprios donos, o tamanho da perda histórica e cultural que esta decisão representaria para o Brasil e, particularmente, para o Norte Fluminense.

Acreditando ser porta voz não apenas de jornalistas neste anseio, mas de toda a comunidade campista, a Associação solicita da direção dos Diários Associados um tratamento mais cauteloso em relação ao jornal campista, com a manutenção dos esforços pela superação da sua crise econômica.

Um jornal de quase duzentos anos, com credibilidade inatacável e patrimônio de todos os campistas, não pode desaparecer.

Nos colocamos à disposição para qualquer diálogo que contribua para a manutenção do bravo Monitor Campista.

Sem mais, nos despedimos atenciosamente,

Campos dos Goytacazes, 11 de Novembro de 2009

Diretoria da Associação de Imprensa Campista

[mucufo]



E quem não gosta do progresso?
O que antes era restrito aos classificados, entregue por debaixo da porta e nos guetos e vielas das grandes e pequenas cidades, agora é sugestão de pauta entregue nas redações para servir os cadernos de cultura. Uma boate de Campos vai trazer para shows e apresentações, as modelos/dançarinas/strippers da produtora de filmes Brasileirinhas e do site e revista Sexy Clube. Valéria Souza, Marcia Imperator, Adriani Felline e Babi Duarte estarão em trajes sumários se apresentando, durante um final de semana inteiro, se revezando em apresentações que vão até o fim do ano.

Há alguns anos era quase que inimaginável que produtores e empresários do ramo entregassem folders e panfletos com tanta segurança e sem medo das carolas de plantão e dos homens de batina. Isso em um tempo em que a Igreja católica exercia uma enorme influência em diversos ramos da sociedade goytacá.

O que os cadernos de cultura farão com a pauta eu não sei, e isso pouco importa, mas a chegada de artistas tão conhecidas e populares na internet, pode significar que algumas barreiras e setores preconceituosos da nossa Campos dos Goytacazes ou estão dormindo, ou já não são mais tão preconceituosas assim. E na melhor das hipóteses é legal pensar que o progresso finalmente chegou a nossa cidade. E afinal de contas, quem não gosta de um pouco de progresso?

Em tempo: a moça aí da foto se chama Babi Duarte, muito popular na internet, e que fecha as apresentações em Campos.

Comissão da Câmara aprova admissão da PEC do Diploma

A Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados aprovou, na manhã de hoje, a chamada PEC do Diploma  dos Jornalistas (Proposta de Emenda à Constituição 386/09). Isso significa que, na visão dos deputados, não há inconstitucionalidade na proposta de retorno da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. A matéria pode, então, continuar em tramitação. O ministro Gilmar Mendes, do STF, estava na reunião da comissão.

Matéria da Fenaj sobre a votação, aqui.

Parece mesmo o fim

Nota na edição de hoje do Monitor Campista convoca os acionistas dos Diários Associados para assembleia no próximo dia 23, às 11h30, na "sede social", para, entre outros pontos, discutir a proposta de fechamento do jornal. Como isso costuma ser mera formalidade, o destino da publicação parece mesmo definido.

A morte e a morte do Monitor Campista

O jornalista Roberto Barbosa disse aqui que circula no próximo domingo a última edição do Monitor Campista. Atribui a decisão à direção dos Diários Associados, mas preserva a sua fonte. Na redação do jornal, o clima é de tristeza, mas ninguém confirma a informação.

Se for confirmado o fechamento, terá sido frustrada então a tentativa de compra do veículo “por um grupo privado”. Ao mesmo tempo, teria a Prefeitura ou setores ligados ao governo desistido de uma tentativa pública de salvar o jornal. O urgente! falou dessas alternativas aqui, em 26 de setembro.

Em todo caso, todas as hipóteses de salvamento do jornal passavam pela compra por parte de um dos dois grupos políticos rivais na cidade, direta ou indiretamente. Garotinho e Rosinha estudavam uma fórmula de um lado. Arnaldo e Ilsan Vianna estudavam uma fórmula de outro.

Se vingasse um ou outro lado no negócio, não seria muito diferente de uma morte para o jornal. Mas, ao menos, o título quase bicentenário se manteria, e a esperança de que um dia ele passasse a outras mãos.

Continuo acreditando que ainda há quem se interesse pela manutenção da publicação. E atribuo a nota de Roberto Barbosa mais a um balão de ensaio, para pressionar algumas das partes envolvidas, do que a uma sentença final para o jornal.

Aguardemos os fatos.

Sabista campista na Noite do Vinil de hoje


A Noite do Vinil de hoje (22h, na Taberna Dom Tutti) mostra o trabalho do sambista campista Joel Teixeira. Pouco conhecido em Campos, ele teve destaque em programas de auditório na década de 70 e chegou a fazer turnê no Japão. Veja abaixo o mini biografia preparada pelo fotógrafo Wellington Cordeiro, organizador do projeto:
"Nascido em Campos, em 3 de maio de 1948, o sambista Joel Teixeira se revelou como cantor no programa de Herval Manhães, na Radio Campista Afonsiana. Filho caçula de Julia Claudino e Pedro Teixeira Filho, foi criado em rodas de jongo que a mãe promovia no quintal da casa em Ururaí. Antes de chegar ao radio cantou em circos e em parques de diversões.

Com 17 anos de idade fugiu para o Rio de Janeiro numa carona de caminhão. Na mesma semana se inscreveu como calouro no “Programa do Chacrinha”, então na TV Excelsior do Rio de Janeiro. A música “Opinião” de Zé Kéti, com a qual foi o melhor calouro da noite, lhe serviu também para as apresentações no programa “Na onda do Jair”, do Jair de Taumaturgo, na TV Rio, e “A grande Chance”, de Flávio Cavalcante, na TV Tupi.

Flávio Cavalcante, aliás, foi o maior incentivador da carreira de Joel Teixeira, a quem deu o título de “defensor das mulheres”, por causa das composições “O homem que bate em mulher é covarde”, de Joel Teixeira e B. Barbosa; “A mulher merece perdão”, de Joel e Pedro Antônio; e “Mulher boa é a de casa”, de Jorge Bento e Pedro Antônio.

A primeira gravação, em 1975, aconteceu num “pau de sebo”, disco que reúne vários interpretes. Cantou duas faixas: “Falsa Traição”, de Marinho e Neguinho do Bandolim; e “Quero ser o seu dono”, de Joel Teixeira e Carlito Cavalcanti. No ano seguinte foi levado por Zuzuca, do Salgueiro, para o Bloco Bafo de Bode, de Jacarepaguá, para o qual gravou o samba enredo “Festa Junina em Dia de Carnaval”, de Luís Antônio e Carlito Cavalcanti.

Contratado pela EMI-Odeon, em 1978 lançou o primeiro LP “Bom dia Amor”, em que a música título, de autoria do próprio intérprete e Pedro Antônio chegou às paradas de sucesso. Lançada no Japão, “Bom dia Amor” faz parte da antologia musical japonesa e abriu as portas do Japão para o cantor que fez temporada de seis meses, com 33 apresentações em 28 cidades do país.

Desde então os discos foram freqüentes. Em 1979 foi “Amanheceu”, que teve como principal destaque a faixa “Samba, madrugada e violão”, de Luiz Ayrão e Sidiney da Conceição.

“Amanheceu
Vou sair pra minha luta
Mais um dia de labuta
Pra ganhar dinheiro meu
Antes de ir
Acalento os guris
Dou um abraço em minha sogra
Na minha mulher dou um beijo feliz”

No ano seguinte lançou “Quando o sal brilhar” de Joel Teixeira e Pedro Antônio, uma das músicas mais executadas no carnaval do Rio; em 1982 foi o “Ciúme da Viola”, música título de Joel Teixeira e Carlito Cavalcanti, disco que revelou “Canto amigo”, de Noca da Portela; em “Um sorriso amigo”, de 1984, Joel incluiu o samba “Minha terra”, homenagem à mulher campista, composição feita em parceria Mauro Silva e Noca da Portela para o Bloco Recreativo Unidos do Capão (Bruc), de Campos.

O maior sucesso da carreira de Joel Teixeira aconteceu no LP “Do jeito que o povo gosta”, de 1985, com o pagode do cumprade, de Flávio Moreira e Jorge Bento:

“Ô cumprade, a cumadre mandou lhe dizer (bis)
Que o senhor tá na gandaia
A criança não tem o que comer.
Outro grande disco foi “Bom de Samba e de Pagade”, de 1988, que apresentou o sucesso “Mane Carvoeiro”, de Djalminha e Bicalho:
“Trabalho bom
Eu já disse que é do Mane Carvoeiro
Anda sujo o dia todo
E cheira pó o ano inteiro
Pó de carvão
Que a vizinha se aporrinha
Batendo saco
Oi levanta a muinha Carvoeiro
Diz que pó de carvão suja
Mas o pó não é sujeira.

O último e, talvez, mais importante trabalho trabalho da carreira de Joel Teixeira, foi iniciado em 1989, com o projeto do show “Samba Sim Sinhô”, dirigido por Paulo Moura, que foi lançado em 1990, no Clube do Remo, em Belém do Pará, e percorreu várias cidades brasileiras. A pesquisa e escolha do repertório foram feitas por Ricardo Cravo Albim. O disco gravado em 1992 teve a participação de Zezé Motta na faixa Não quero saber mais dela”. Relançado em julho de 1999, no Asa Branca, para ser mostrado também em todo o Estado do Rio, o show foi remodelado pelo novo diretor Adelzon Alves e pelo cavaquinista Wagner do Cavaco, autor de novos arranjos. "

Atenção Rede Blog: veja quem indica temas em novembro

Os blogs abaixo estão na vez de indicar temas para a enquete da Rede Blog do próximo dia 21:

22 - Verbo Solto - Fátima Nascimento - http://www.verbosolto.blog-se.com.br/


23 - Vitor Longo Braz - http://www.blogvitorlongo.blogspot.com/

24 – Fatos, fotos e afins - Gustavo Rangel – http://fotosfatoseafins.blogspot.com/

25 - Rafael Borba - http://rafaborba.blogspot.com/

26 - A Trolha - http://atrolha.blogspot.com/

E então, o que dizem?

terça-feira, novembro 10, 2009

Trocaram os 22

O CQC, que pegou no pé do deputado federal Geraldo Pudim, como mostrou o Cássio Peixoto no post abaixo, confundiu nos caracteres o parlamentar campista com outro, de Cabo Frio, e até bem parecido. Trata-se de Paulo César (PR) (foto), que já foi candidato a prefeito. Em todo caso, 22 por 22, dá no mesmo.

Pudim, CQC e a Venezuela


Campos finalmente apareceu no CQC, mas de forma indireta. Ainda que a cidade não tenha recebido a visita de Rafinha Bastos do quadro "Proteste Já", do mesmo programa, o nobre Deputado Federal, Geraldo Pudim, representou a cidade ao ser sabatinado pelo repórter Danilo Gentili nos corredores do Congresso Nacional. E a impressão deixada no ar pelo nosso representante no Congresso não foi das melhores. Além de tentar ignorar o repórter, Pudim não respondeu a pergunta feita por Gentili: "Qual país o Brasil está indicando para fazer parte do Mercosul?". Geraldo Pudim não respondeu, ou não sabia ou esqueceu. Foi indelicado e ainda ganhou uma "martelada" na cabeça.
No final do quadro os apresentadores ainda comentaram as palavras de Pudim que ordenou que o repórter fosse "trabalhar e ajudar o país".
O programa foi ao ar ontem, pela Band, a reprise é exibida aos sábados.
Confira a "entrevista" e o "bate-boca" na íntegra bem aqui.

Revitalização comercial

A reunião de ontem entre a Acic (Associação Comercial e Industrial de Campos), o Sebrae e a Prefeitura, para discutir a revitalização do Centro Histórico de Campos - expressão perigosa, porque pode fazer crer que tudo o que não está no Centro não precisa ser preservado - representa uma preocupação que tenho insistido em constatar: o risco de que a tal revitalização seja feita apenas sob a ótica do comércio.

Claro que lojistas têm todo o direito de fazer propostas e ajudar a pensar a revitalização. Mas eles não são mais donos do centro do que qualquer outro cidadão. Em todo caso, é bom que o assunto esteja em pauta para, quem sabe despertar a atenção de outras instituições do município.


[Foto: Ascom Acic]

Uniban revoga expulsão de Geisy

Surtiu efeito a pressão da imprensa, do Ministério da Educação, do Ministério Público e das campanhas na internet. O reitor da Uniban, Heitor Pinto, revogou, ontem, a expulsão da estudante Geisy Arruda. Aqui.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Uniban expulsou aluna que usou mini-vestido

Está no ar abaixo-assinado contra a Universidade Bandeirantes (SP), que expulsou a aluna que usou mini-vestido na sala de aula. Aqui.

Para lembrar do caso, matéria do Estadão:
Uniban expulsa aluna assediada por usar vestido curto em aula

Universidade diz que atitude provocativa da aluna resultou em reação coletiva de defesa do ambiente escolar

Do estadao.com.br

SÃO PAULO – A Universidade Bandeirante informou em anúncio publicado em jornais paulistas neste domingo, 8, que decidiu expulsar a aluna Geisy Arruda de seu quadro discente. A estudante do curso de Turismo sofreu assédio coletivo no último dia 22 de outubro por ir ao campus de São Bernardo do Campo da faculdade com um vestido curto. O episódio ganhou repercussão na internet após vídeos do tumulto serem postados no ‘You Tube’.

No anúncio publicitário, entitulado ‘ A educação se faz com atitude e não com complacência’ a universidade diz que tomou a decisão após uma sindicância interna constatar que a aluna teve uma postura incompatível com o ambiente da universidade, frequentando as dependências da unidade em trajes inadequados. Para a Uniban, Geisy provocou os colegas ao fazer um percurso maior que o habitual, desrespeitando princípios éticos, a dignidade acadêmica e a moralidade.

A universidade afirma ainda que foi constatado que “a atitude provocativa da aluna resultou numa reação coletiva de defesa do ambiente escolar”. Ainda assim, o conselho superior declarou na nota que suspendeu temporariamente os alunos envolvidos e identificados no incidente. A Uniban também criticou o comportamento da imprensa na cobertura do caso. Segundo a universidade, a mídia perdeu a oportunidade de contribuir para um debate ’sério e equilibrado’ sobra ética, juventude e universidade.

Segundo as cenas e os depoimentos de presentes, o tumulto começou quando a aluna subia por uma rampa até o terceiro andar e os alunos começaram a gritar. Ela ficou trancada em uma sala e, com a ajuda de um professor e colegas, chamou a polícia, que a escoltou até a saída da universidade.

De acordo com a estudante, em entrevista concedida ao estadao.com.br no último dia 30, o episódio começou “como uma grande brincadeira”. Vestida para uma festa que iria naquele noite, ela conta que no início arrancou muitos elogios com seu visual, mas a situação aos poucos inverteu. No intervalo das aulas, um “verdadeiro coral ridículo de gritos de puta” a acompanhou até que deixasse o prédio.

Forme-se jornalista em seis meses


Olha o anúncio que encontrei no blog da Carol Cavassa. Daqui a pouco, esta "época de ouro" do jornalismo vai voltar.

[clique para ampliar]

Começa Semana de Ciências Sociais da Uenf

Começou na manhã de hoje e segue até a próxima sexta a IX Semana de Ciências Sociais da Uenf, com o tema "Movimentos Sociais no contexto pós-constituinte".

Confira a programação:

Programação IX Semana de Ciências Sociais

Seg 09/11
9h – 12h – Credenciamento
14h - Cerimônia de abertura (local: Centro de Convenções)
14:30 - Palestra de abertura da 1° Semana Acadêmica Unificada
16h - Programação Integrada Ética e Deontologia - Antônio Pegorava (UERJ/SEAF)
Local: Centro de Convenções
18h –21h – Mesa (Des)construindo o gênero no Brasil: sexualidade e direitos civis
- Alan Soares dos Reis (advogado)
- Daniela Bogado (UENF)
Local: CCH

Ter 10/11
9h – 12h: Mesa
Racismo e inserção do negro na sociedade brasileira
- Emerson Ferreira Rocha (UFJF)
- Ludmila Gonçalves da Matta (UENF)
Local: Casa Ecológica

14h – 15h: Apresentação de trabalhos
Local: Casa Ecológica

15h – 18h: Mesa
Perspectivas do ambientalismo
- Aristides Soffiati (UFF)
- Felipe Vasconcellos (UENF)
- Luís Eduardo Nogueira (UENF)
Local: Casa Ecológica

18h – 21h: Programação Integrada
Reforma Curricular: um instrumento para o enfrentamento do futuro
-Eunice Trein (UFF)
Local: Centro de Convenções

Qua 11/11
8h – 12h: Programação Integrada
Biodiversidade, agricultura, biotecnologia e o meio ambiente: É possível a sustentabilidade?
- Miguel Pedro Guerra (UFSC)
Local: Centro de Convenções

14h-15h: Apresentação de trabalhos
Local: CCH

15h-18h: Mesa
Mulher e cidadania no Brasil: perspectivas e limites das políticas públicas para mulheres no Brasil
- Ana Paula Sciammarella (ISER)
- Marcella Beraldo (UNICAMP)
Local: CCH

18h – 21h: Mesa
Teoria social e movimentos sociais
- George Gomes Coutinho (UENF)
- Rodrigo Chaves de Mello (UFJF
Local: CCH

Qui 12/11
9h-11h Palestra
Lutas camponesas e a questão fundiária no Brasil
- Hermes Cipriano de Oliveira (MST)
Local: Casa Ecológica

11h - 12h Apresentação de trabalhos
Local: Casa Ecológica

14h-18h Mesa
Reforma urbana e lutas sociais
- Cassio Brancaleone (IUPERJ)
- Rafael Borges Deminicis (MTD RJ)

Vídeo
Zona de conflito ?
Local: Casa Ecológica

18-20h - Oficina
Cia. Só Pega no Tranco
Local: CCH

Sex 13/11
09h-12h: Mesa
Panorama do sindicalismo brasileiro
- Fernando Perlatto (IUPERJ)
- Maycon Bezerra (SEPE)
Local: CCH
14h- 16h: Cerimônia de encerramento da 1ª Semana Acadêmica Unificada da UENF
Local: Centro de Convenções

Por falar em fumaça

Está no ar, agora, uma fumaça estranha. Não sei se é de algum canavial em chamas, mas que imediatamente a dificuldade de respirar aprece, isso, é verdade.

Na fotografia dá pra ver que ao fundo, o último prédio em evidência está "ofuscado"em relação aos imóveis nos primeiros planos da fotografia, e ao fundo, a provável direção de onde vem a tal fumaça.
A fotografia foi feita na rua TEN-CEL Cardoso (Formosa) com a Barão da Lagoa Dourada.

Foto: Alexandro F.
Clique na imagem para amplilá-la

domingo, novembro 08, 2009

Um caso para não esquecer

Apesar de ser um drama abrangente, pontuado por um caso dramático, a queimada de cana que resultou na morte da trabalhadora Cristina Santos, 49 anos, no dia 29 de setembro passado, não mereceu mais a atenção da imprensa local. E mesmo à época, no registro da tragédia, o tratamento dado foi o mesmo com que são banalizados os demais casos de polícia.

O assunto só não desapareceu por completo em razão da atenção dada pela Comissão Pastoral da Terra, pela CUT-RJ (Central Única dos Trabalhadores) e pelo Ministério Público, que promove investigações para buscar propor ação contra os possíveis responsáveis.

Matéria de página inteira do jornal “Brasil de Fato”, publicação nacional semanal, afinada com movimentos sociais e com partidos de esquerda, também contribuiu para manter a memória do homicídio ao cobrir como se deve um fato dessa magnitude.

Reportagem de Leandro Uchoas lembrou que “as queimadas que a mataram já estão condenadas em instâncias internacionais há anos. Provocam aumento das concentrações de ozônio e de monóxido de carbono na atmosfera. No Brasil, alega-se que a mudança para uma colheita sem queimadas deve ser gradual, por questões econômicas”.

O excesso de zelo econômico brasileiro, na prevenção aos supostos prejuízos de uma minoria, promove calendários esticados como este: “O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (PT), anunciou no início do ano planos de reduzir as queimadas em 20% até o ano que vem, e 50% até 2014. Em onze anos as eliminaria”, registrou o jornal.

A mesma reportagem, no entanto, também mostrou que “o princípio de se queimar apenas à noite, para poupar o trabalhador, é completamente desrespeitado em Campos”, como qualquer campista pode verificar olhando para o céu ou para as roupas no varal.

O caso Cristina deve gerar punição exemplar, para que se torne um marco do fim dos desmandos canavieiros na região. Os usineiros, que se acostumaram, ao longo dos anos, a comprar autoridades e a financiar a imprensa, precisam saber que nem todos os setores da sociedade estão sob seus domínios.

Além disso, os recorrentes casos de trabalho escravo terminam por deslegitimar o modo como a atividade canavieira é desenvolvida em Campos, produzindo sofrimento para as suas vítimas e vergonha para os campistas, que já  carregam o fardo de viver na cidade “que foi a última a libertar os seus escravos”.

Ouvido na matéria do “Brasil de Fato”, o professor Aristides Soffiati mostrou que nem mesmo para os negócios este comportamento ultrapassado faz bem: “Eles [os usineiros] continuam com a postura aristocrática do século XIX e acabaram perdendo espaço para São Paulo e Minas”, disse.

Pelo visto, o que se há de lamentar, então, é que não tenham perdido algo mais do que espaço. Mantidas estas condições de exploração criminosa e assassina, este é um setor que seria melhor deixar de existir.








[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]

sábado, novembro 07, 2009

Campos.doc: uma boa iniciativa da Mult TV

A maldição dos royalties no papo da Mercearia

Duas opiniões urgentistas sobre blogs



Trabalho da aluna da Fafic, Marise Souza, sobre blogs. Dois urgentistas dão seus pitacos. O vídeo é de novembro de 2008, mas só hoje tive notícia da sua existência no youtube.

sexta-feira, novembro 06, 2009

Notícias da Central Única de Favelas/Campos

DJ Waguinho comandando as pic ups em evento da Cufa

Amanhã e domingo, o Sesi Clube de Campos, do Sistema Firjan, e o núcleo Campos da Central ùnica de Favelas, vai realizar o viradão esportivo na sede do Sesi no Jardim Carioca, em Guarus. A Cufa/Campos, capitaneada por Sandro Cesário, nasceu em meados de 2009 e já conseguiu alguns avanços com pouco apoio e muita "correria".
A Cufa/Campos mantém um blog atualizado diariamente pelo DJ Waguinho - o homem da música e do hip hop da entidade - além de informações sobre a Cufa nacional no site da entidade, para conhecer os dois, clique aqui e também aqui. Todas as informações sobre o Viradão Esportivo e outros eventos da entidade estão disponíveis nesses endereços.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Blog da Fundação Cultural está no ar desde julho

Os coleguinhas jornalistas Wesley Machado e Telmo Filho estão tentando fazer deslanchar, desde julho, o blog da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, que ainda patina na linguagem oficial. A ideia do blog é boa, mas ainda falta o espírito da coisa. Aqui.

terça-feira, novembro 03, 2009

Brasil de Fato faz matéria sobre porto de "São João da ´Farra´"


Reportagem com duas páginas no jornal Brasil de Fato trata dos impactos do Porto do Açu. O assunto é manchete na edição desta semana. O repórter Leandro Uchoa, que publicara matéria sobre a cortadora de cana morta em uma queimada, esteve em São João da Barra e conversou com os integrantes do movimento “Desenvolvimento sim, desapropriação não”, que representa cerca de 6 mil agricultores que estão no alvo da desapropriação, já aprovada pela Câmara de Vereadores.

A matéria, que, por enquanto, está disponível apenas na versão impressa do jornal, também explicita as relações entre a prefeita de São João da Barra, Carla Machado, o governador Sérgio Cabral e o empresário Eike Batista. Também registra que a ambição das terras pode estar relacionada à existência de petróleo no subsolo da região. O município chega a ser chamado, em um dos títulos, de “São João da ´Farra´”.

São ouvidos ainda os professores da UFF, Aristides Sofiatti e José Luis Vianna da Cruz. Soffiati é autor da denúncia que levou o MP a pedir a suspensão das obras do Porto. Cruz opina sobre a construção da chamada Cidade X: “São cidades-empresas. Experiências horríveis. Controlam quem entra e quem sai”, disse.

A empresa é “ouvida” por meio da reprodução de abordagens feitas em seus materiais institucionais sobre o projeto.

Quissamã quer criar Fundo de Cultura

Da Assessoria da PMQ

Fomentar a produção cultural do município com a criação de um fundo gerido por um conselho paritário que apóie projetos que fortaleçam processos solidários e participativos. É através desta proposta que a Fundação Cultural de Quissamã encaminhou para a Câmara de Vereadores um projeto de Lei que sugere a criação do Conselho e do Fundo Municipal de Cultura. A votação está marcada para esta quinta-feira, dia 5 de novembro – Dia da Cultura, no horário de sessão ordinária da Casa (11h),que contará com a participação das oficinas do Centro Cultural Sobradinho.

O Conselho Municipal de Cultura será um órgão colegiado e vinculado à Fundação Cultural, por ter caráter normativo, consultivo, deliberativo e fiscalizador, que institucionaliza e organiza a relação entre a Poder Público e a sociedade civil nos setores que atuam no âmbito da cultura, participa da elaboração da política cultural do Município, e tem suas atribuições, competências, estrutura e funcionamento definidos através de um decreto.

Já o Fundo Municipal de Cultura terá como objetivos: fomentar a produção cultural local; impulsionar projetos coletivos; incentivar práticas culturais inovadoras; financiar festas comemorativas e eventos populares; dinamizar e movimentar grupos, artistas e cidadãos para a apreciação das artes; e colocar à disposição da comunidade o usufruto dos produtos culturais como um bem público.

O Dia da Cultura no Brasil é comemorado há 39 anos, desde a edição da Lei federal 5.579/70. A comemoração está relacionada a data nascimento do escritor baiano Rui Barbosa.

Sepultamento de Eliel será às 14h

O prefeito de Italva, Eliel Almeida, 55, que morreu na tarde de ontem, será sepultado daqui a pouco, às 14h. Ele sofreu um infarto. Seu corpo está sendo velado na Câmara de Vereadores de Italva. Mais, aqui.

Mostra de Cinema Francês Contemporâneo





Começa nesta quarta, dia 4 de novembro, 19h, a mostra de Cinema Francês Contemporâneo no SESC Campos. A programação, que irá até o dia 30 de novembro, além de filmes, contará com peças teatrais e exposições.
E, para abrir a Mostra, será exibido o filme A Esquiva (L'Esquive), de Abdelattif Kechiche.


Sinopse:
Em um conjunto habitacional no subúrbio parisiense, um anjo passa declamando apaixonadamente versos da peça "Le jeu de l'amour et du hasard". É Lydia, embalada por Marivaux e às voltas com os ensaios do espetáculo a ser montado por sua turma de sala de aula para as festividades da escola. Já Abdelkrim, apelidado de "Krimo", no auge de seus 15 anos, é arriado pela sua colega de sala. Ele que se arrasta levando seu tédio pelas quebradas suburbanas em companhia de sua galera, descobre repentinamente o amor. Mas Krimo não é do gênero expansivo além de ter que manter a fachada.Então como se declarar à garota sem perder a pose? Uma solução se impõe: corromper seu amigo Rachid, parceiro de cena com Lydia, para obter o papel de Arlequim. O que Krimo não ousa dizer, Marivaux o fará em seu lugar! Mas a astuciosa manobra torna-se verdadeira odisséia para Krimo, apavorado com a amplitude do texto e as exigências implacáveis de sua professora de francês. Kim encontrará as palavras a serem ditas antes que o boato, as ciumeiras e as inimizades não se metam em seu caminho?


Mais informações: Sesc Campos
Endereço
Av. Alberto Torres, 397 - Centro - CEP: 23.035-580
Telefone
(22) 2725-1209 / 2725-1210





segunda-feira, novembro 02, 2009

Faculdade de Medicina promove Semana Cultural

A Faculdade de Medicina de Campos (FMC) promove a partir de amanhã, até a sexta, 6, a Semana Cultural Renato Moretto, com cinema, música, poesia e artes plásticas. No anfiteatro da instituição, acontece a V Mostra de Cinema, sempre a partir das 18h, com apresentação de filmes e debates. Também durante todos os dias haverá a II Exposição de Artes Plásticas, nas dependências da faculdade. No dia 6, no pátio interno da FMC, acontece a terceira edição do Sarau, com participação de alunos, professores e funcionários. Todos os eventos são abertos ao público.

Confira a programação da Mostra de Cinema:

Dia 3: Divã (direção: José Alvarenga Jr.)
Dia 4: Albergue Espanhol (direção: Cédric Klapish)
Dia 5: Vick Cristina Barcelona (direção: Wood Allen)
Dia 6: Muito Além do Jardim (direção: Hal Ashby)

[Da Assessoria da FMC]

domingo, novembro 01, 2009

Conecom se encerra e...

Caros,

se encerrou agora a pouco a 1ª Conferência Estadual de Comunicação. Os grupos de trabalho apontaram propostas, as ideias das conferências regionais [como a do Norte Fluminense] e municipais foram colocadas à mesa também... Enfim, vai tudo para Brasília, em dezembro, para a Confecom. Esse sim, um encontro que promete. Do NF parte pelo menos uma delegada para a Confecom: Fernanda Viseu, do Sindipetro-NF. Temos ainda dois suplentes que devem participar também do encontro.
Ainda do NF, colocamos durante este final de semana no Rio proposta para a regionalização do conteúdo veiculado pelos meios de comunicação de nossas cidades, já que muitas das coisas vêm "importadas" do centro do Estado e acabamos sem ver a nossa região nos veículos de comunicação. A íntegra desta proposta e outras estará [eu espero] no blog [?] da conferência estadual.

Revitalização do Centro no papo da Mercearia

Vinte anos depois

Eu ainda não poderia votar. Tinha 15 parcos anos. Mas militara com tanta intensidade que a minha ausência na urna poderia ser compensada pelo difícil trabalho de convencimento político. Devo ter conseguido uns votinhos. E devo ter, ainda que mínima, uma participaçãozinha na importância daquele primeiro instante de ousado enfrentamento dos preconceitos e desconfianças que pairavam sobre a candidatura de um certo sindicalista barbudo, especialmente em uma cidade conservadora como Campos.

Era novembro de 1989. Há exatos 20 anos, portanto. Em poucos dias se daria a primeira eleição direta para a Presidência do Brasil após a redemocratização. E eu, como tantos outros “companheiros”, como nos chamávamos, da Juventude Petista e do Movimento Estudantil – havia sido presidente do Grêmio da então ETFC (Escola Técnica Federal de Campos) – tínhamos a consciência de estar fazendo história.

Talvez este seja um dos maiores legados daquele PT: a ideia de que os trabalhadores, os cidadãos comuns, podem, sim, mudar o rumo dos acontecimentos.

E o fazíamos com trabalho árduo, produzindo manualmente, por exemplo, o material de campanha no comitê da Rua Barão da Lagoa Dourada – onde hoje funciona uma escola –, mas também com muita festa, como a “Lulambada” e o “Rock Brasil Popular”.

As disputas entre as correntes, os debates, as longas reuniões, os ensinamentos dos mais experientes, tudo aquilo era incrivelmente estimulante.

E havia o jingle da campanha, um dos mais bonitos de todas as disputas eleitorais recentes, que deve emocionar muita gente até hoje: “Passa o tempo e tanta gente a trabalhar, de repente essa clareza pra notar, quem sempre foi sincero e confiar, sem medo de ser feliz, quero ver chegar, Lula Lá, brilha uma estrela, Lula Lá, cresce a esperança, Lula Lá, num Brasil criança, na alegria de se abraçar...”.

Outro jingle que emocionava era o de Roberto Freire (PCB) – “Salve o povo brasileiro, salve a paz nesse País, com Roberto presidente o povo vai ser mais feliz”. E havia figuras como Mário Covas, Fernando Gabeira, Ulysses Guimarães, Paulo Maluf, Guilherme Afif – do coreografado “juntos chegaremos lá” –, Aureliano Chaves, Ronaldo Caiado e até uma inacreditável candidatura relâmpago de Silvio Santos, além da estreia gritante de Enéas Carneiro. O leque era de tal modo amplo e democrático que 22 candidaturas estavam à disposição do eleitor.

A disputa nos campos de esquerda era tão apertada que no dia 14 de novembro, véspera do primeiro turno das eleições, o Datafolha apontava 15% das intenções de votos para Lula e 14% para Brizola. Collor estava folgado na frente com 26%.

E o inacreditável aconteceu: por diferença apertada de votos – 11.622.673 (16,08%) a 11.168.228 (15,45%) –, Lula, do temido PT, tomou o segundo lugar do lendário, e não menos temido, Leonel Brizola, do PDT, e foi para o segundo turno com Fernando Collor de Melo (PRN), que obteve 20.611.011 votos (28,53%), e viria a ser o presidente que o País se arrependeria de ter eleito.

Hoje, falar em militância lembra vinculações não muito saudáveis. Embora continue sendo vital para a democracia o envolvimento dos jovens na política, dificilmente se repetirá aquela pureza de propósitos e de convicção ideológica. Ou esse é apenas um papo típico de quem não é mais tão jovem?

Seja como for, segue a memória. E a esperança.

[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]

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