Assim que Luiz Manoel Barreto (ao lado), da Banca do Luiz, 53 anos, ajeitou no início da manhã de hoje a pilha de exemplares da última edição do Monitor Campista, o som do sino da Catedral ganhou a Praça São Salvador. Involuntariamente, anunciou mais um dos cortejos que Campos não gostaria de ver.
Enquanto isso, João Marcelo Gomes (abaixo), 30 anos, cumpria a etapa final do seu circuito de bicicleta para fazer a entrega aos assinantes. Ele é um dos cinco que, amanhã, serão demitidos na distribuidora de jornais em razão do fim do jornal.
Junto com Alexandro F., acompanhei nesta madrugada a chegada dos exemplares do Rio e parte da distribuição. Fizemos registros para um possível documentário.
Diante dos volumes que saem de um furgão, vimos em nove pacotes, de aproximadamente 100 exemplares cada, a realidade crua que muitos jornais escondem: os leitores de impressos estão sumindo. Do Monitor, são cerca de 500 assinantes. Os demais flutuam nas compras nas bancas.
Dito de outro modo, basta imaginar que cabem no mesmo pequeno furgão em que chegou o Monitor todos os exemplares de O Dia, Lance, Jornal do Commercio e mais algumas revistas que serão lidos hoje em Campos. Um domingo.
Os demais jornais locais têm impressões e distribuições próprias. O número de exemplares que eles dizem que vendem será a verdade anunciada e pronto.
Barreto conta que a circulação do Monitor sofreu uma queda considerável depois que deixou de publicar o Diário Oficial. Este é um aspecto pouco comentado da questão, quase sempre vista pelo ângulo dos recursos que a Prefeitura injetava no órgão.
Hoje, alguns minutos após o jornal ter chegado à sua banca, ele telefonou para a distribuidora para pedir mais exemplares. Avalia que serão necessários em razão do apelo da última edição e, principalmente, pelo incomum movimento de vendas: eu comprei um exemplar, Alexandro comprou outro, e o fotógrafo Wellington Cordeiro comprou dois. O dia promete.
[Fotos: Reproduções sobre imagens de Alexandro F.]
Um comentário:
Com muita tristeza vejo o fechamento do Monitor Campista. Talvez, o que me doa mais ,além de saber que muitos colegas a partir de amanhã estarão desempregados, é o SILÊNCIO dos campistas diante de tudo isso.Teríamos que nos manifestar de todas as maneiras possíveis denunciando a nossa inquietação pelo silêncio da história de 175 anos contada todos os dias, com seriedade e competência.Todo jornalista tem um olhar diferenciado para o mundo. Tem coração, emoções diversificadas mas, no exercício de sua profissão, sabe muito bem o que significa o silêncio das máquinas.Coragem, colegas!O amanhã tem sabor de novas descobertas. Abraços, Vania Cruz- Jornalista
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