quinta-feira, janeiro 30, 2003

[vitória sem respaldo]
Você é um daqueles que acha que Ariel Sharon teve uma vitória esmagadora nas urnas ? Então é bom começar por aqui a saber um tanto sobre as eleições em Israel.

[Mais dano moral]
A Revista IstoÉ foi condenada a pagar 200 mil reais ao agente de Polícia Federal, Evaldo Azevedo Marques. Motivo: a publicação de reportagem acusando Evaldo de manter relações sexuais com a custodiada Glória Trevi, que engravidou durante o período em que esteve detida, e com outra reclusa no interior das dependências da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília.
Investigações posteriores confirmaram que o pai do bebê de Gloria Trevi é o empresário da artista, que tinha permissões para visitas freqüentes. Além da reparação de R$ 200 mil, IstoÉ deve publicar a sentença condenatória na íntegra, após o trânsito em julgado, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. A revista ainda pode recorrer da sentença. (Fonte: Espaço Vital)



Quem avisa, amigo é... Jornalistas, usem e abusem do futuro do pretérito (teria matado, teria cometido tal crime) e das palavras acusado e indiciado. E mais: antes do trânsito em julgado, uma sentença não pode ser considerada como o fim de um caso. Depois da publicação da sentença do juiz em Diário Oficial, as partes (autor e réu) têm quinze dias para recorrer (apelar). Se houver recurso (apelação), o processo será apreciado em segunda instância (no Tribunal).

quarta-feira, janeiro 29, 2003

Falta pouco
Vítor Menezes vai chegar com muita disposição, após um merecido descanso... Com certeza irá abrilhantar este espaço. Estamos na expectativa, Vítor. Contagem regressiva!

“A refinaria é nossa”
A cidade de Campos, ao Norte do Estado do Rio de Janeiro, está desejosa de que uma refinaria de petróleo seja instalada no município. Concorrendo com o estado fluminense está o Nordeste do país, que tem o apoio do Sindicato dos Petroleiros daquela base territorial (o que é natural). Dia seis de janeiro foi lançada a campanha “A refinaria é nossa” no Estado do Rio. Os campistas julgam-se merecedores. Afinal, na Bacia de Campos são produzidos 81% do petróleo nacional.

Mas toda essa digressão foi para dizer que há 45 anos - em 29 de janeiro de 1958 – foi iniciada a construção da Reduc – refinaria de petróleo em Duque de Caxias, Estado do Rio. Enquanto uns lutam, outros já têm a batalha vencida e podem certificar quanto a vantagens e desvantagens de tal empreendimento para a população.

Concordância em termos

Não é má idéia, amigo Rodrigo. A questão agora depende de um ajuste coletivo de agendas. Só sugiro que seja sem bebericos.

terça-feira, janeiro 28, 2003

Lona

Poderíamos criar uma data (anual, mensal, quinzenal ou, se suportarmos, semanal) para nos encontrarmos pessoalmente. Sugiro um local onde haja comericos e bebericos, mas que não seja muito conhecido. Até porque, ninguém aguenta mais de três jornalistas na mesma mesa. Se cobrir, vira circo.

Criatura-Criatura

Garotinho deve ter aprendido a fazer esta lição com a primeira dama de Campos.

Estou bem aqui.

[la dolce vita]
As férias do caro amigo Vitor Menezes estão acabando.

[desaparecido]
Rodrigo Florêncio, cadê você ?

[parece anúncio de tênis ou refrigerante ...]
Don’t shut up. Just shout out.
um comercialzinho para o nosso sistema de comentários.

[herança governamental]
No último dia 26, no caderno Rio, do jornal O Globo, foi publicada a reportagem “Na sombra, Garotinho ganha um novo mandato”. A reportagem referia-se à participação direta do ex-governador do Rio de Janeiro na administração da atual ocupante do cargo, sua esposa, agora conhecida como Rosinha Garotinho. Um dos pontos da reportagem lembra que o atual secretariado do governo estadual é ocupado – em boa parte – pelos mesmos nomes da administração de Garotinho. Da mesma forma, frisa que são os assessores dele que comunicam a imprensa as principais decisões da governadora. Neste caso, o principal questionamento é: até que ponto Garotinho está influenciando o governo de sua cara metade ?

segunda-feira, janeiro 27, 2003

Oferta de trabalho
Recebi um mail sobre oportunidade de trabalho. Pode ser útil para colegas que acessam este blog. Confira o texto na íntegra:
A Selpe, empresa na área de prestação de serviços em RH, seleciona
profissionais para atuar na assessoria de imprensa de uma entidade de
classe. A oferta pode ser encontrada no endereço.
www.jornalistasdeminas.org.br

Se preferir, mande mensagem para a Selpe, com a sigla JORNAL2003: recrutamento@selpe.com.br

Na ponta dos dedos

Vinte de janeiro. Mais uma data do calendário. Um dia que seria comum entre os 364 ou 365 outros de 12 meses inteiros. Passaria quase despercebido não fosse comemorado São Sebastião, abençoadamente padroeiro da mais maravilhosa de todas as cidades. Para uma dolorosa e sofrida minoria havia também um sentimento vazio, feito pênalti perdido em final no Maracanã, por ser aniversário de morte de Mané Garrincha.
Agora aos cariocas e botafoguenses (incluindo aí boa parte dos torcedores de outros clubes que também idolatram o “futebol-arte”) juntam-se os amantes da crônica esportiva. Futurólogos acreditam em coincidência numérica. Sem aprofundamentos em crenças, o que não cabe neste espaço, fica mais fácil chamar de destino o fato de Oldemário Touguinhó ter deixado órfão o jornalismo esportivo também em vinte de janeiro. E foi o deste ano.
Ele nasceu em Campos, tornou-se homem no Rio e escreveu para o mundo. Touguinhó, alvinegro roxo, é mais um personagem do vigésimo dia do primeiro mês do ano. Foi para a velha máquina de escrever como Garrincha sempre esteve para as chuteiras. Era só questão de ajuste rápido. O resto vinha com o sopro nato do talento infinito. Conviveram juntos em épocas e situações. O primeiro descrevendo as peripécias do segundo.
Aproveitaram, cada um a sua maneira, o glamour do Rio antigo. Mané entortando um João a cada domingo, virando um copo em cada esquina e tendo um filho em cada quarto. Oldemário, mais comedido, ia ao samba. Eram festas particulares, íntimas, talvez até solitárias como a estrela do Botafogo de ambos. Foram à Copas, venceram, alegraram-se e tornaram mais feliz o povo brasileiro.
Eles têm um pouco de São Sebastião. Tatuaram uma espécie de bênção ao esporte brasileiro. Bailaram sutilmente entre diversas situações. E nas pontas dos dedos. Garrincha com os dos pés; Oldemário, com os das mãos. Viveram no Rio de Sebastião. E se foram em janeiro, como uma espécie de complemento eterno ao local onde viveram e se perpetuaram. Justamente, cabalisticamente, exatamente no mesmo vinte de janeiro, 20 anos depois.
Hoje são 27 de janeiro. Hoje pode quase ninguém mais lembrar. Afinal, ontem foi dia de Flamengo em Campos. Clube-vítima de Mané na cidade-origem de Touguinhó. As semelhanças dessa história ficam a 280 quilômetros. É lá a terra de São Sebastião, conturbada como toda grande metrópole. Não fosse assim, espíritos como os de Garrincha e Oldemário desprezariam o céu. Iam preferir o Rio de Janeiro e todas as suas ofertas.

Ar

Você tem mania de complicar tudo
dizendo as coisas mais simples
De estilingue em punho,
dúvidas são até normais
Foi só chegar o verão azedo
e a chuva não levou nada demais
Vou rabiscar madeiras,
Desmanchar ciúme pra nunca mais

Tinha só uma imagem
E vontade de conversar
Era um desejo
E uma foto para falar

Burilar as palavras é chato
Relembrar o futuro é exato
Tomar um porre de ar é normal
Dirigir de trás pra frente é igual

De um dia passa à esperança
O telefone chiou, o café esfriou,
A cerveja esquentou, a torcida murchou...

E ainda tem lugar aqui

Álvaro Marcos







sexta-feira, janeiro 24, 2003

[Informação leviana]
Cautela. Esta é a palavra de ordem que deve nortear o dia-a-dia do jornalista e da empresa em que trabalha. Uma divulgação mal apurada e o uso de palavras incorretas podem resultar em perda financeira e descrédito junto ao público leitor/ouvinte. O caso da Escola Base, de São Paulo, fechada depois que a imprensa divulgou que crianças matriculadas sofriam abusos sexuais, é um bom exemplo de que a notícia não pode ser tratada como mercadoria (aqui incluindo os personagens que dela fazem parte). Ao final do inquérito policial, nada foi provado. Após acionar judicialmente o Estado de São Paulo, e ganhar, os donos da Escola Base querem ser indenizados por jornais, emissoras de tv e revista. Foram ajuizadas ações por danos morais.

Leia mais em Espaço Vital e Comunique-se

O Rosto

Tinha um traçado imaginário.
Sem formas, conteúdo ou modelo.
Era pura abstração e nervosismo.
Só voz distante.
Meses a fio, anos sem parar.
Íntimo feito travesseiro velho.
E misterioso como bolsa de mulher.
Passou por teclados a fio.
Empregos, chefes, cidades...
Situações, amigos e relações.
Uma demora quase perpétua.
Que deu real sensação de infinito.
Chegou a ser sondado, desenhado.
Definido por teorias do sonho.
Visualizado em pedaços.
Penetrante, mordaz.
Insinuante. Mudo de desfalecimento.
Até aparecer discretamente, longínquo.
Em meio a um sorriso sem jeito, sem hora.
Mais pausa com intervalo menor.
Mais insistência com constância maior.
E veio como presente virgem.
Embalado plasticamente.
Surpreendeu. Emudeceu. Estremeceu as bases.
É diferente e igual; alegre e casual.
Talvez lânguido. Ou sereno.
Perdido na multidão.
Procurando dedicatória.
Deliciando a memória.


Álvaro Marcos – 20/11/02 – 17h50 – Feriado – Redação de Jornal – Insensatez.

[i am what i am]
Estou para dizer isso há um tempo, mas não sei porque ainda não toquei nesse assunto. Nada bombástico, mas pode fazer uma ou outra diferença: esquecemos de nos apresentar. Para retificar isso, começo as apresentações formais. Sou Jorge Rocha, jornalista formado pela Faculdade de Filosofia de Campos, em 1997. Trabalhei nos jornais A Notícia, A Cidade e Folha da Manhã – neste último, fui repórter, sub-editor e editor da Folha 2, onde também assinava a coluna Usina de Idéias. Trabalhei nos tablóides culturais O Arauto e Matéria-Prima. Co-edito a revista [mão única ?], escrevo uma novela hipertextual sobre o apocalipse na planície goitacá em Vórtex Você, participo do blog coletivo Timpanus e espalho contos e artigos por outras publicações na Internet. Atualmente, não trabalho em nenhuma empresa jornalística e curso mestrado em Cognição e Linguagem, na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). Muito prazer.

[esquerda no papel]
José Arbex Jr irá editar Brasil de Fato, o "jornal da esquerda brasileira".

Pauta
Vinte e quatro de janeiro: Dia Nacional do Aposentado e Dia da Previdência Social

(Faculdade útil, já!)
A questão do fim da obrigatoriedade do diploma para a obtenção do registro profissional de jornalista tem fomentado as discussões sobre a qualidade do ensino nas faculdades de comunicação social ou jornalismo do país. Se existe a INSATISFAÇÃO, ela precisa ser GRITADA.


A obrigatoriedade do diploma pode ter acabado (pelo menos neste momento), mas não significa o fim dos cursos superiores na área de jornalismo. Embora com atraso, ainda está em tempo das faculdades se adequarem mais à necessidade do mercado... Que tal começar ouvindo os alunos, consultando também os já formados sobre o que ficou a desejar durante a faculdade - fazendo até um paralelo com o que aprenderam e o que tiveram que aprender na marra na prática profissional. Mesmo que o MEC não exija determinada disciplina, em nome da qualidade do ensino que sejam realizados cursos extracurriculares.


Medidas URGENTEs precisam ser tomadas. Se a união faz a força, então a largada está dada. Espaço aberto para críticas e sugestões. Shout out já!

[usina de idéias]
Luz, câmera e ação para o cinema nacional

O secretário executivo do Ministério da Cultura, Juca Ferreira, em recente entrevista ao jornal O Globo, pontuou que, no atual governo, há uma preocupação com idéias de diversidade cultural, inserção do Brasil no mundo e olhar antropológico sobre a cultura brasileira. Posso entender que há uma forte tendência a reavaliar as políticas de incentivo à produção cinematográfica tupiniquim, uma vez que o cinema é uma das formas mais abrangentes de exercício dos fatores citados pelo secretário. Para ele e para o ministro Gilberto Gil — assim como para os demais participantes do Ministério — O Cinema da Retomada – depoimentos de 90 cineastas dos anos 90, de Lúcia Nagib, lançado em 2002 pela Editora 34, tem que se tornar livro de cabeceira. Com opiniões abalizadas de quem enfrentou altos e baixos com a arte de fazer história na tela grande, O Cinema da Retomada traça um panorama elucidativo, concentrando-se em uma década, mas sem deixar de explicitar um histórico do cinema nacional.

Análise crítica sobre incentivos
Este livro é um documento histórico e político. Em tempos de sucesso de Cidade de Deus, entender os mecanismos de funcionamento do cinema brasileiro torna-se mais do que essencial. Pode-se dizer que é imprescindível, para evitar que corramos o risco de cair na idéia de que tudo se tornou mais fácil agora para que todo filme nacional emplaque e tenha apoio incondicional. Este “sensação de glamour” não é nova e O Cinema da Retomada tem como um dos maiores méritos justamente explicitar estes meandros, nas palavras de quem lida com arte e política. Histórias de experiências que não alcançaram o efeito desejado, conquistas, críticas e propostas – principalmente quando se trata da Lei do Audiovisual – permeiam todo o livro. Dessa forma, as mais de 500 páginas de O Cinema da Retomada tornam-se uma leitura prazerosa, onde os entrevistados falam – cunhando um painel amplo – sobre suas carreiras, filmografia e relação com as fases do cinema brasileiro e as cinematografias estrangeiras.

Combustível
Lúcia Nagib

O livro foi o resultado do trabalho desta professora de História e Teoria do Cinema na Unicamp em um projeto do Centro de Estudos de Cinema, no Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação e Semiótica da PUC-SP. Quem aprecia cinema pode e deve conferir o quanto são certeiras as impressões apuradas pela equipe de Lúcia Nagib – composta por 14 pesquisadores –, assistindo e procurando conhecer a história de filmes como Desmundo, de Alain Fresnot, Separações, de Domingos Oliveira e Houve uma vez dois verões, de Jorge Furtado – que dão seus depoimentos neste livro – para citar apenas alguns exemplos simples e recentes.

quinta-feira, janeiro 23, 2003

Fazendo segundo teste de ingresso. Tá parecendo prova para ingresso no Cefet, sô!

Fazendo teste de ingresso.

quarta-feira, janeiro 22, 2003

O Jornalismo ainda é o Quarto Poder ?
Para esboçar uma resposta, capaz de incluir maiores dados e conclusões, é necessário que se reveja o conceito de cidadania. Particularmente, não costumo usar esse termo para definir qualquer situação ou característica dentro da vida social. Isso por conta de tamanha deturpação que foi feita em relação a esse termo, de maneira sistemática — e, como todo bom jornalista, sou paranóico: não sei até que ponto isso foi planejado e calculado desde a “invenção” desse conceito. Prefiro usar o termo “questões de vida social”, que abrange ligações sócio-politico-econômicas, respeitando e analisando cenários e atores sociais, permitindo ainda que se observe e influa — ao mesmo tempo, em boa parte dos casos – em diferentes situações. Não é mera implicância, como pode até parecer, em um primeiro momento. Assim, o que se convulsionou, quer dizer, convencionou chamar de cidadania, eu posso interpretar, de maneira bastante simplificada, como a construção contínua — e não manutenção, o que implica em estagnar e não almejar conquistas — de um modelo de vida sem desigualdades. Uma construção somente é possível ser feita com a junção de conhecimento com atitude, conforme podemos pontuar como a própria raiz e noção de qualquer trabalho jornalístico ou exemplificar com trabalhos do nível de Cláudio Júlio Tognolli, para nos atermos a apenas um jornalista. Um bom exemplo da aplicação desse conceito pode ser dado também com os movimentos sociais, como o MST, ou os movimentos de luta por moradia ou relativos à situação dos meninos de rua, que trabalham a Comunicação Social com mecanismos próprios. Grosso modo, sem peleja, não pode haver o que se chama de cidadania.
Então, será que o direito de todos os cidadãos pode ser preservado quando o que está em jogo é o ofício de informar ? O caro amigo Alexandro F. já me fez esta pergunta certa vez. Minha resposta continua a mesma: dos cidadãos, eu não sei. Quanto ao “direito” dos atores sociais — eu, você, aquela senhora lá na esquina, o sujeito que acabou de perder o emprego, aquela menina que encara jornada dupla de trabalho e ainda encontra força e tempo para saudável indignação —, acredito que pode haver muito mais do que preservação, nesse caso. Um dos primeiros passos, para nos mantermos, no momento, em algo básico, é estar pronto para analisar e avaliar as facetas possíveis da imprensa. Há o péssimo gosto, o costume execrável, de tratar a imprensa de maneira maniqueísta, ao sabor dos ventos. Uma hora ela nos parece um monstro monolítico de um olho só, boca gigantesca e dentes afiados, pronta para devorar o que resta de nossos cérebros e vontades; em outra hora, a vemos com uma espécie de anjo da guarda, pronta para fazer expiações, vingando os injustiçados e punindo os injustos. Quando a imprensa, na verdade, pode ser isso tudo ao mesmo tempo agora. Não se engane, sempre vai haver o que eu ando chamando de “jornalismo de interesse”. Lógica acachapante: tudo na vida é movido por interesse; então, por que o jornalismo também não seria ? Eu mesmo não estaria escrevendo este artigo se não houvesse algum interesse.
Como instrumento que é, a imprensa vai ser usada de acordo com este ou aquele fim, de acordo com cada caso. Cabe às pessoas mais comprometidas em trabalhar com as “questões de vida social” saber como utilizar o espaço em que trabalham para, de maneira direta ou indireta, colocar esta ou aquela análise, interpretação, comentário ou abordagem — e, em determinados momentos, estar prontas para encarar os resultados disso. O que, convenhamos, nenhuma escola de Comunicação Social ensina. Na verdade, isso pode ser – e é – usado em casos diferenciados, em situações de lados opostos. Há casos, percebidos ao analisar friamente matérias jornalísticas, em que o dado fundamental para a compreensão daquele assunto está enfurnado no meio do texto, ocultando ou minimizando sua importância. O que precisamos é saber como interpretar os motivos que levam a adotar esta forma de escrita, conforme sempre pontuou Aloysio Biondi. Aí que está a graça do jornalismo — desculpem, meu humor é diferente. Cabe ainda ressaltar que há uma diferença enorme entre “interesse” e “compromisso”, embora ambos estejam envolvidos pelo conceito de ética — tanto para o Bem quanto para o Mal. O primeiro norteia a forma como a notícia será veiculada — todos os veículos de comunicação fazem isso, desde os “jornalões” até os alternativos; para que existe o manual de redação ? O segundo tem a ver com características pessoais e visão particular do mundo, essas coisas que podem ainda — ou cada vez mais — parecer utópicas ou fruto de romantismo jornalístico demodê. Isso é engraçado, no meu caso, porque o que eu menos sou, em se tratando de notícia e opinião, é chegado a romantismo. Noam Chomsky, pensador anarquista, faz coro com a mídia independente — em todas as vezes que fale sobre informação e contrainformação, ele ressalta: “jornalismo alternativo sempre”. Toda pessoa que se aventura a trabalhar Comunicação Social, tem que estar sempre buscando equilibrar estes dois lados. Não vejo uma fórmula específica e salvadora para realizar isso a contento, mas o eterno coro dos descontentes, encarado desse jeito, não me parece de todo tão mal.

terça-feira, janeiro 21, 2003

O tempo não pára... Já dizia o poeta
Em 22 de janeiro de ...
... 1532 foi criada a primeira vila no Brasil, a de São Vicente
... 1891 morreu, aos 54 anos, Benjamin Constant, articulador da República
... 1897 nasceu Barbosa Lima Sobrinho, jornalista, escritor, deputado federal, governador de PE e presidente da Associação Brasileira de Imprensa
... 1922 nasceu o ex-governador Leonel de Moura Brizola, presidente de honra do Partido Democrático Trabalhista (PDT)
... 1939 o petróleo jorrou pela primeira vez no Brasil, no poço de Lobato, na Bahia
... 1942 a pena de morte foi criada para sabotadores
... 1942 foi criado o Senai – Serviço Nacional da Indústria
... 1945 aconteceu o primeiro Congresso Brasileiro de Escritores, no Rio, com pedido de completa liberdade de expressão e diretas para presidente
... 1949 tropas revolucionárias entraram em Pequim, na China
... 1959 sonda Lunik, da URSS, iniciou viagem à lua
... 1973 morreu o ex-presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson
... 1987 o secretário de Fazenda da Pensilvânia, EUA, cometeu suicídio com tiro na boca, durante coletiva para alegar inocência em acusação de suborno
... 2001 o jornal Notícia Populares, do grupo Folha, foi fechado

Estes foram alguns dos fatos que marcaram o 22 de janeiro no Brasil e no mundo. Lembrei daquela famosa frase: “Pare o mundo que eu quero descer”. Mas não dá pra fugir... A cada dia é registrado mais um capítulo da história da humanidade. (Fonte: Datas e Fatos, 2ª edição, Casa do Vídeo)

TVs vendidas

As Tvs Alto Litoral e Serra+Mar, afiliadas da Rede Globo no interior do Rio, foram vendidas para um grupo do Espírito Santo. A gerente de jornalismo da TV Alto Litoral, Débora França, foi afastada. O gerente da Serra+Mar, Marcos Mendes, assume o jornalismo das duas emissoras e se apresenta em Campos, hoje, às 14h. Essa troca no comando do jornalismo já poderia significar uma melhora, tamanha a ignorância da colega afastada. Mas, tudo é uma incógnita. A Alto Litoral e a Serra+Mar faziam parte do chamado G-8, grupo de oito afiliadas que tinham 100% de suas ações pertencentes as Organizações Globo. Agora já são quatro vendidas (mais a TV Modelo, Bauru-SP e a TV Vanguarda-MG, comprada pelo Boni). Faliu...

[ninguém segura essa moçada]
Free Cocadaboa!
Mr. Manson e companhia driblam novamente a censura. Depois de encarar uma ameaça de processo de Marcos Mion - por conta de uma entrevista fictícia com o ex-VJ da emetevê, publicada na seção Calúnia e Difamação - e de passar por um aperto em relação ao acesso ao site - supostamente, alguns provedores estariam impedindo que internautas entrassem na página -, o Cocadaboa passou por uma reformulação e volta a cutucar os incautos com a esperteza ferina que é peculiar a seus redatores. O Urgente ! aplaude essa moçada.

Em 1999 caso semelhante aconteceu em Campos, Norte do Rio de Janeiro. Um repórter - que não cabe revelar o nome - de uma emissora de TV local, saiu da redação para fechar uma pauta sobre a violência na periferia da cidade, especificamente no Parque Guarus. A denúncia que chegara 'a TV era de que traficantes estariam extorquindo comerciantes em troca de "segurança". O repórter, ávido por conseguir a história, parou em frente a um pequeno estabelecimento. Com um carro de reportagem nada discreto, a atenção se voltou toda para aquela merceraria. A rua parou. A TV estava ali. Para quê? Temeroso, o comerciante - que notara estar sendo observado por seus "seguranças" - desmentiu a história. Mas o repórter insistiu e convenceu o ingênuo pai de família de que a matéria não lhe traria problema algum. O comerciante topou. O VT foi ao ar. Dois anos depois estava eu lá no mesmo local. Um vizinho me contou que no mesmo dia que a matéria saiu a mercearia foi saqueada, depredada e queimada. O comerciante fugiu da cidade com a família. O tal repórter hoje também vive em outra cidade, correndo atrás de mais furos....

segunda-feira, janeiro 20, 2003

Notícia de seqüestro II
A informação postada em 17 de janeiro provocou um pequeno debate (veja os comentários). O colega Jorge Rocha sugeriu, via shout out, a exposição de um caso concreto. Não me recordo no momento de nenhum episódio em que o jornalista e o veículo tenham sido punidos civilmente pela relação da divulgação do seqüestro com a morte da vítima. Mas fazendo uma pesquisa, encontrei um caso em que a divulgação teria contribuído para o resultado morte.

Em outubro de 1999, o empresário Robert Ávila de Souza, 28 anos, foi seqüestrado. De acordo com artigo no Canal da Imprensa, a polícia teria encontrado uma fita em que a ordem de assassinato aconteceu porque o caso foi publicado.

Repito, como disse para um dos nossos leitores, o Fábio, que é muito difícil comprovar que a imprensa teve culpa quanto à morte de um seqüestrado, mas não é tarefa impossível. Vale ressaltar que na nota abaixo sobre este assunto fiz referência aos casos em que a polícia e/ou a família apelam para que não haja a divulgação, exatamente pelo risco de morte do seqüestrado.

Quem mais quiser falar, é só shout out.

domingo, janeiro 19, 2003

A imparcialidade é um mito?
Quem responde é o jornalista Carlos Chagas, entrevistado pela Revista Jurídica Consulex. Chagas é mais conhecido pelo público como comentarista dos bastidores da política brasileira na antiga TV Manchete. Confira a resposta:


"Por enquanto é uma utopia a conquistar. Na verdade, ninguém é imparcial. O jornalista não é um robô, uma máquina que você aciona e solta a notícia ou a interpretação. A imparcialidade até seria prejudicial no mundo de hoje. Talvez, daqui a 200 anos, seja necessária, se o mundo mudar. Diante da fuga do Salvatore Cacciola ou do juiz Lalau, por exemplo, não dá para ser imparcial. Não se pode dizer "o juiz está foragido" friamente. Você, na interpretação, na entonação de voz, na expressão e no comentário, deve demonstrar que aquele juiz é um ladrão, precisa ser punido, e o Governo, por sua vez, falha para com a sociedade, porque não consegue encontrá-lo" (Carlos Chagas).


E você, o que pensa? A imparcialidade é um mito, uma utopia no meio jornalístico? Clique no shout out e coloque seu ponto de vista.

sábado, janeiro 18, 2003

[pequeno esclarecimento]
estão vendo o shout out ali, logo abaixo deste texto ? clicando ali - assim como em qualquer um daqueles abaixo dos demais escritos deste blog -, o caro leitor poderá deixar sua mensagem, estimulando a troca de idéias entre todos aqueles que acessam o "urgente !". quem navega por blogs já está familiarizado com este procedimento. estou explicando isso, porque chegou aqui um mail perguntando o que significava "shout out posted by jorge rocha". aí está a explicação. be cool.

o futuro é uma câmara de gás

sexta-feira, janeiro 17, 2003

Notícia de seqüestro
Em casos de seqüestro é comum o apelo de familiares da vítima e da própria polícia para que os veículos de comunicação não noticiem o crime. A imprensa costuma não divulgar durante as negociações para o resgate. Mas qual pode ser a conseqüência de uma divulgação, apesar do aviso do risco de morte do seqüestrado?

Aí vai depender do nexo causal. Será preciso comprovar a relação de causa e efeito entre a divulgação do crime e a morte da vítima. Se for comprovada, a empresa e o responsável pela divulgação do seqüestro serão responsabilizados civilmente.

Moral da história: Tem que prevalecer, SEMPRE, a liberdade de expressão com responsabilidade ... e ética.

[ajuda indispensável]
nossos agradecimentos a alexandro florentino, que está dando uma grande ajuda com o template deste blog. aliás, confiram aqui o blog do caro colega.

quinta-feira, janeiro 16, 2003

[bumerangue]
Aguardem: em breve, aqui, o retorno da Usina de Idéias !

[my generation]
Cresci ouvindo rock'n'roll. E milito no jornalismo cultural há um tempinho. Me acostumei a ver escândalos - tanto os reais quanto os forjados - envolvendo roqueiros. Mas ainda estou embasbacado com a acusação que Pete Townshend, baixista do Who, seja pedófilo. Para mim, isso é algo incompatível com a índole dele - quem conhece um tantinho da história do rock, sabe qual é o temperamento dele. Assim como o caro amigo Luis Antonio Mello - criador da Fluminense FM, a Maldita -, não acredito que Townshend seja pedófilo. Reproduzo aqui um mail que LAM enviou - o qual assino embaixo

Caros amigos,
Meu ídolo e mentor intelectual desde meus 10 anos de idade, Peter Dennis Blanford Townshend, 57 anos, consagrado mundialmente como Pete Townshend, foi preso, acusado de pedofilia pela internet. Todos já sabem pois até no Jornal Nacional a notícia saiu. Telejornal esse que jamais, em tempo algum, pronunciou o nome de Pete Townshend ou de sua banda The Who, a mais importante da história do Rock, na minha opinião. Escrevo essa mensagem prque acredito na inocência de Townshend. Por que? Porque conheço sua linha de pnsamento, sua conduta existencial banhada de ética, enfim, já li tudo (ou quase tudo) sobre Townshend/The Who. Acredito, sim, que ele estivesse fazendo uma pesquisa para a autobiografia que vai lançar este ano. Ele disse aos jornais que aos 5 ou 6 anos foi molestado sexualmente, mas não se lembra como. Enojado com os sites de pedófilos, pagou pra ver. Foi preso. No mais inteligente e revolucionário site de Música (e similares) do Brasil, o Ronca Ronca, meu querido amigo Maurício Valladares (dono do site), o maior conhecedor de Música da América Latina (não deixem de visitar o site), escreveu esse bilhete para Pete Townshend:

"meu caro pete - vai se preparando pra tomar porrada de todos os lados. essa ilhota entupida de tarados vai querer arrancar a sua pele, my friend. imagina só, aqui no brasil, onde ninguém dá muita bola para quem comeu quem, neguinho já está soltando marimbondo pelas ventas. uma amiga me ligou aos gritos - "imagina mauricio, o cara tem duas filhas. FDP, safado..." é mole, meu caro pete? realmente seus admiradores vão torcer o nariz, não o seu. tem gente que vai até verter algumas lágimas. pete, quando li a notícia da sua prisão, tive a sensação de que você estava "criando" alguma coisa de novo. juro. não imaginei você seduzindo uma garotinha, ou então, enviando uma fotografia (que com certeza não seria de sua filha emma) para um lorde decrépito bater uma punheta. pensei que uma mente como a sua - que nos deu "my generation", "pictures of lily", "a quick one, while he's away", "i'm a boy"...+ "tommy" e "quadrophenia" - não pode ser mal entendida. esses abutres vão dizer que tommy era um garotinho com quem você fazia sexo oral e que jimmy (o menino de quadrophenia) te comia toda vez que você levava o carro para trocar o óleo! o bicho vai pegar, pete. mesmo que você tenha se metido nessa porra de pornografia infantil, tenho certeza que o seu navegar nesse mundo perverso é diferente de todos nós. afinal de contas, pete townshend só existe UM. se quiser vir descansar no rio de janeiro, a nação ronqueira te receberá de braços abertos. calma, só os braços! we love you!
m.v"

Na Folha de S. Paulo, o vocalista do Who desde a criação da banda em 1964, Roger Daltrey, bem como a modelo Jerry Hall, defendem Pete Townshend:
"Antes de a polícia aparecer em sua casa, Townshend disse ao jornal The Sun que gostaria que a polícia revistasse seu computador para comprovar que ele entrara nos sites apenas para fins investigativos.
Ele disse que vem trabalhando incansavelmente para ajudar vítimas de abuso, mas que foi tolo em travar uma batalha sozinho contra a pornografia infantil. O roqueiro disse que uma vez pagou para entrar num site.
'Dei uma olhada em sites de pornografia infantil cerca de três ou quatro vezes ao todo', disse ele ao The Sun.
'Mas só uma vez entrei num deles usando cartão de crédito, e nunca fiz download de nada. Fazendo uma retrospectiva, vejo que foi muito tolo de minha parte, mas eu estava tão irado com o que estava acontecendo que isso prejudicou minha clareza de julgamento.'
Townshend disse que se sentiu ultrajado quando encontrou sites de pornografia infantil, seis anos atrás, quando navegava na rede com seu filho Joseph, que hoje tem 16 anos.
'Nunca comprei nenhum tipo de material de pornografia infantil e nem quero', contou ele ao Sun. 'Vi a primeira foto horrível por acaso. Fiquei chocado e enojado até a alma.'
Roger Daltrey, o vocalista do The Who, disse acreditar que Townshend é inocente. 'Meu instinto é dizer que ele não é pedófilo e eu o conheço melhor do que a maioria das pessoas', explicou.
A modelo Jerry Hall, ex-mulher do Rolling Stone Mick Jagger, também apoiou Townshend, dizendo que ele a aconselhou sobre como impedir que seus filhos acessem sites de pornografia infantil por acaso e que ele não possui o perfil de alguém que pudesse abusar de crianças."

É evidente que todos somos livres para chegarmos as nossas conclusões. Mas eu não conseguiria dormir sem antes enviar essa mensagem defendendo o maior gênio da música
contemporânea mundial.
Um triste abraço
Luiz Antonio.

terça-feira, janeiro 14, 2003

A polêmica do diploma
Colegas, a questão do fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para a obtenção do registro no Ministério do Trabalho está gerando muitas discussões. Nesta terça, dia 14, postei o seguinte comentário no Portal Comunique-se:

O registro deveria ser concedido pelo Ministério do Trabalho aos que comprovarem “x” tempo de trabalho (a ser regulamentado) na área ou aos que têm o diploma superior em jornalismo. Se as empresas quiserem quem ainda não tem o registro, é uma opção delas. Pode ser que mais pra frente os interessados tenham que fazer provas para ter o registro, a exemplo do que ocorre com os bacharéis em Direito. Enquanto eles não passam no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil não podem advogar. Não aprecio esta idéia.

Sou jornalista formada, com registro, e formada também em Direito. Tive que fazer o tal exame da OAB, felizmente fui aprovada, mas sou contra a medida, pois é uma espécie de atestado de que a faculdade não capacita o advogado a militar na área jurídica. Se algo semelhante for adotado no jornalismo, sugiro (alô Fenaj!) que apenas os que NÃO têm o curso superior em jornalismo tenham que fazer o exame.

[projeções on-line]
Você é daquele tipo de usuário da world wide web que já experimentou saltar de bungee-jumping por este vasto mundo informacional ? Caso sua resposta seja positiva, então você já andou verificando projeções para a Internet voltadas para este ano. De acordo com o livro "Anatomia da Internet", de Marcelo Póvoa (Casa da Palavra 2000), o volume do comércio eletrônico mundial vai chegar a cerca de US$ 1.317 bilhões. Os dados, conforme relata Povoa, são da International Data Corp, que também pontua que a América Latina deverá ser responsável por cerca de US$ 8 bilhões em vendas diretas. Povoa utiliza ainda dados do Boston Consulting Group and Visa para citar que 88% deste valor – relativo ao comércio eletrônico na América Latina – ficará por conta do Brasil.
Vale a pena acompanhar o desenvolvimento destes números. De qualquer forma, eu ando desdenhando estas cifras.

[e é só o começo]
trabalhos abertos, em definitivo, no urgente !
o império se expande !
bem-vindos, rodrigo florêncio, fátima nascimento, álvaro marcos [que ainda não se cadastrou] e vítor menezes [que está - pasmem - de férias e só começa a blogar em fevereiro].
bom estar aqui com vocês.
vamos ao trabalho.

segunda-feira, janeiro 13, 2003

A maior viagem que já fiz durou dois minutos.
Momentos antes tive com meu filho, de quase 4 anos, uma dessas conversas simples:
- O pai de papai é o que seu?
- Avô, respondeu ele.
- E você, é o que de papai?
- Filho.
- E o seu avô, é o que de papai?
- Pai.
Meu pai, que também estava no carro, somente sorriu. Eu, que já o conheço há 29 anos, chorei.
Meu filho? Abraçou o avô.

não dá

Olá caros colegas. Estou escrevendo só para testar se acertei o cadastro neste trem. Se não, terei de falar com o Jorge de novo. Se sim, pior, não tenho muito o que dizer agora. Só para registro: engrossei a estatística de desemprego que o Lula precisa resolver.

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