terça-feira, setembro 03, 2013

Professora quer reunir grupo para fazer "Caravana do Coronel"


Faixa no muro da casa da professora Agilda Macabu, na Av. 28 de Março, convida para a caravana.


A professora de literatura Agilda Macabu Ribas, brava defensora da memória cultural local, começou a arregimentar seres viventes para a “Caravana do Coronel”. Sua ideia é percorrer pontos do município que são significativos na obra de José Candido de Carvalho. O escritor terá celebrado em 2014 o seu centenário de nascimento. Entre estes locais estará o distrito de Santo Amaro, especialmente as ruínas da antiga estação de trem, que merece ser restaurada para, quem sabe, abrigar um museu especializado no autor.

Para o dia 5 de novembro, Dia da Cultura, está prevista uma sessão solene na Câmara de Vereadores de Campos para marcar os 99 anos do nascimento de José Cândido. Para a caravana, no entanto, ainda não há data marcada. A professora quer verificar o interesse, reunir o grupo, para depois estudar como viabilizar a ideia.

Os interessados podem fazer contato com Agilda Macabu Ribas pelos telefones 97714714 e 27230405.

segunda-feira, setembro 02, 2013

[croniquinha de segunda]

Conversa ao pé da cova

Vitor Menezes

Sou dado a pequenos rituais diários, embora não seja religioso. Um deles é me despedir da noite antes de dormir. Vou à sacada do meu apartamento, olho para o céu e não penso, mas é como se pensasse, algo assim: “Obrigado, alguém, por mais um dia. Valeu mesmo. Ao que parece eu continuo aqui, e isso tem sido bom”.

É da sacada que observo janelas dos prédios ao redor. Percebo que há uma sintonia de luzes e horários. Sei quais varandas encontrarei acesas entre uma e duas da madrugada. E também as que assim estarão entre as duas e as três. Assim de modo sucessivo até encontrar a cumplicidade da TV ligada às cinco da manhã em um apartamento de nono andar que deve ficar distante algo em torno de quinhentos metros do meu. Não sei quem mora nele, mas a contemplação daquelas luzes coloridas, entre apagões repentinos dos fades, é também parte do meu ritual diário de viver. Igualmente me despeço delas antes de dormir.

Há pessoas que, pela manhã, agradecem por mais um dia que terão. Cético, eu agradeço nas noites, pelo dia que já tive. A chance de erro é bem menor.

Além disso, não creio que a luz da manhã seja oportuna para agradecer por algo. Nem pela vida. É um período do dia, para mim, meio estúpido. Um bom momento para ninguém se aproximar. E não entendo a obsessão dos trabalhadores em atribuir alguma orgulhosa distinção ao fato de acordar cedo. Acho uma perda de tempo.

Meus melhores rituais são os noturnos. Nestas horas é que tudo parece fazer sentido, ou, dito de outro modo, é quando melhor consigo conviver com a falta de sentido que há em tudo. E rir disso. E a gostar da vida de um modo intenso, como jamais poderia supor gostar se nela pensasse pela manhã.

Portanto, depois da minha última noite, quando for dormir para sempre, peço aos amigos que se lembrem de gravar no meu epitáfio: “Aqui jaz um homem que não foi muito longe, mas gostou muito do lugar onde esteve”. E se forem dotados de alguma coragem fúnebre, apareçam para bater papo comigo nas madrugadas.

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