sexta-feira, novembro 21, 2008

Rede Blog - Conto

Como meu blog tá paradão, sem rumo, com crises existenciais, tô dando uma contribuição para a Rede Blog dessa sexta com um pequeno conto sobre bares e sua filosofia. Quem nunca mijou que atire a primeira pedra.

Cigarros ou Pentelhos

Entrei no bar, correndo. Mais rápido do que minhas pernas, estavam os efeitos da cerveja, que, há alguns minutos, começara a acelerar o processo de sair de minha bexiga. Sair desesperadamente, diga-se de passagem. Dizem por aí que a gente não bebe cerveja, pega emprestado. Confirmei a afirmativa nesse dia.

Lá dentro, avistei vários boxes fechados e três mictórios vazios. Corri para um deles e, quando abri o zíper, a urina saiu como uma boiada desenfreada. A pressão foi grande e, sem mentiras, devo ter ficado ali por cerca de uns dois minutos, me aliviando. O êxtase foi tanto que não percebi o cara que parou no mictório ao lado. (Com tanto mictório, para que ficar ao lado, coisa de viado...)

Aliviei, chacoalhei, guardei. Mesmo a mijada do século se assemelha a todas as outras. Filosofia vã essa. Coisa de quem já tomou alguns chopes a mais. A muito mais. Ao lavar as mãos, o tal cara, que mijou no mictório ao lado, parou na pia ao lado para lavar as mãos. Fingindo ignorar o pentelho, olhei para o espelho, mas fui interrompido por ele:

— Aqui, desculpa, mas tem uma coisa que eu preciso perguntar...

— (saco!) Sim?

— Quando você vai ao banheiro em lugares assim, você mija em cima dos cigarros e pelos pubianos que estão grudados na privada ou mira fora?

Incrédulo pelo absurdo da afirmativa e também um pouco pelo álcool, retruquei:

— O que?

O cara insistiu:

— É... é só para eu me sentir normal. Você mija em cima dos pelos, cigarros e papéis de bala que o pessoal joga dentro do mictório ou evita eles?

— Eu sei lá!

Então ele respondeu, filosofando:

— Eu sempre vou empurrando as coisas enquanto mijo. Sabe, acho que elas estão lá para isso, de propósito, para divertir quem mija.
Ignorante por causa da bebida e por causa do absurdo, me livrei dele:

— Ah, vá se foder meu chapa! — e saí do banheiro.

De volta à mesa, que fora colocada na calçada do bar, sentei-me, ainda zonzo pela combinação da cerveja, sobrecarga da bexiga e filosofia vã de banheiro. Sem entender nada (porra, e não é que é mesmo?), perguntei, instintivamente aos amigos da mesa:

— Alguém aqui mija em cigarros ou pentelhos?

8 comentários:

xacal disse...

Não se pode acusar o "interessado" de falta de criatividade...a cantada é nova...!

Paulo Lopes disse...

http://bommemorias.blogspot.com/2008/11/rede-blog-os-melhores-botequins-de.html

Wesley Machado disse...

Engrassadíssimo, João.

Anônimo disse...

Me contentarei com o comentário. Não sou jornalista, menos ainda conhecedor das palavras... E Vitor é tão esquisito quanto eu. Se não, teria minha observação publicada em post nobre e minha enrugada figura estampada na mostra “Palavreiros”. Mas vamos deixar de viadice e apelação... O que interessa é o assunto da rede blog.
Mictório? Bexiga? Aliviar? Jaguar? Caguei pra eles, pra João Ventura e pra Jules Rimet.
Botequeiro macho de verdade não tem tempo de olhar as charges mal traçadas do tal cachaça, não tem refinamento na escrita e menos ainda a curiosidade de reparar o volume da pica alheia.
Botequeiro “profissa” coloca um bom “trapo” no lombo, perfuma-se com o que tiver ao alcance das mãos e vai... Vai à busca do banheiro mais sujo, dos anúncios mais baratos, de putas mal lavadas... Jaguar de cú é rola! Mictório é coisa de homem que não sabe chupar uma cremosa.
Terapias é lugar de suburbana tirada a moderninha que quer arrumar pagador de contas... Boi Zebu é lugar pra cachorra velha e decadente que tá cansada de cornear o marido e precisa de garoto viril... Quartel do Chopp é pra quem está querendo se separar da patroa, mas tem medo de perder a vida boa... Marócas é pra quem não tem companhia pra assistir o futebol de domindo, mas quer ser visto por todos. Picadilly é pra se reunir e decidir preços de licitação pública... Estranho fez o seu papel, infernizou os evangélicos e fechou... Boi Teco é pra quem não sabe beber...
Ficar citando bares cariocas pra mostrar que é “boêmio cult” é frescura provinciana de noveleiro que sabe tudo que será publicado na “Tititi” da semana seguinte.
Por fim, botequeiro profissional deixa que ela pague a conta, mija antes do escroto inchar, se alivia com uma oral barata, não perde tempo com traços trêmulos e jamais revela o melhor botequim do lugar.
E antes que o penúltimo saia, me deixe dez pratas pra saideira e pague a conta!

Marcos Valério Cabeludo disse...

Lá pelos anos oitenta mijava sempre na rodoviária - A Roberto Silveira- - Realmente o Xacal está certo a cantada é nova! A propósito não vão recuar aquele acostamento de ônibus, aquilo está afunilando o trânsito por ali. Alô bem pagos da PMCG! ALERTA! ALERTA! ALERTA!
Só falta o blog do CA falar disso amanhã! hahahahahahaha!

Balaio disse...

Nossa, li o conto e vim deixar meu comentário ainda com a sensação de "cabeça meio rodando", meio que "saindo do corpo" que se tem quando se faz esse xixi (no auge do aperto, meio chapado por uma cerva...) do qual o João falou. Muito bom!!

Ri com a "cantada nova" do Xacal, mas, cá entre nós, quem merece o César, hein?!!! Afe!!!

Vitor Menezes disse...

Arrebentou, João! A mesma precisão que demonstra em localizar cenas nos seus textos no Monitor para situações mais, digamos, infanto-juvenis, você demonstra agora com temas mais irreverentes e adultos. Parabéns, veinho!

Anônimo disse...

Uiiiiiiiiii, César! como és preconceituoso e machista. Que forma horrorosa de se referir as mulheres... Quanta mágoa!!!

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