Como meu blog tá paradão, sem rumo, com crises existenciais, tô dando uma contribuição para a Rede Blog dessa sexta com um pequeno conto sobre bares e sua filosofia. Quem nunca mijou que atire a primeira pedra.
Cigarros ou Pentelhos
Entrei no bar, correndo. Mais rápido do que minhas pernas, estavam os efeitos da cerveja, que, há alguns minutos, começara a acelerar o processo de sair de minha bexiga. Sair desesperadamente, diga-se de passagem. Dizem por aí que a gente não bebe cerveja, pega emprestado. Confirmei a afirmativa nesse dia.
Lá dentro, avistei vários boxes fechados e três mictórios vazios. Corri para um deles e, quando abri o zíper, a urina saiu como uma boiada desenfreada. A pressão foi grande e, sem mentiras, devo ter ficado ali por cerca de uns dois minutos, me aliviando. O êxtase foi tanto que não percebi o cara que parou no mictório ao lado. (Com tanto mictório, para que ficar ao lado, coisa de viado...)
Aliviei, chacoalhei, guardei. Mesmo a mijada do século se assemelha a todas as outras. Filosofia vã essa. Coisa de quem já tomou alguns chopes a mais. A muito mais. Ao lavar as mãos, o tal cara, que mijou no mictório ao lado, parou na pia ao lado para lavar as mãos. Fingindo ignorar o pentelho, olhei para o espelho, mas fui interrompido por ele:
— Aqui, desculpa, mas tem uma coisa que eu preciso perguntar...
— (saco!) Sim?
— Quando você vai ao banheiro em lugares assim, você mija em cima dos cigarros e pelos pubianos que estão grudados na privada ou mira fora?
Incrédulo pelo absurdo da afirmativa e também um pouco pelo álcool, retruquei:
— O que?
O cara insistiu:
— É... é só para eu me sentir normal. Você mija em cima dos pelos, cigarros e papéis de bala que o pessoal joga dentro do mictório ou evita eles?
— Eu sei lá!
Então ele respondeu, filosofando:
— Eu sempre vou empurrando as coisas enquanto mijo. Sabe, acho que elas estão lá para isso, de propósito, para divertir quem mija.
Ignorante por causa da bebida e por causa do absurdo, me livrei dele:
— Ah, vá se foder meu chapa! — e saí do banheiro.
De volta à mesa, que fora colocada na calçada do bar, sentei-me, ainda zonzo pela combinação da cerveja, sobrecarga da bexiga e filosofia vã de banheiro. Sem entender nada (porra, e não é que é mesmo?), perguntei, instintivamente aos amigos da mesa:
— Alguém aqui mija em cigarros ou pentelhos?
8 comentários:
Não se pode acusar o "interessado" de falta de criatividade...a cantada é nova...!
http://bommemorias.blogspot.com/2008/11/rede-blog-os-melhores-botequins-de.html
Engrassadíssimo, João.
Me contentarei com o comentário. Não sou jornalista, menos ainda conhecedor das palavras... E Vitor é tão esquisito quanto eu. Se não, teria minha observação publicada em post nobre e minha enrugada figura estampada na mostra “Palavreiros”. Mas vamos deixar de viadice e apelação... O que interessa é o assunto da rede blog.
Mictório? Bexiga? Aliviar? Jaguar? Caguei pra eles, pra João Ventura e pra Jules Rimet.
Botequeiro macho de verdade não tem tempo de olhar as charges mal traçadas do tal cachaça, não tem refinamento na escrita e menos ainda a curiosidade de reparar o volume da pica alheia.
Botequeiro “profissa” coloca um bom “trapo” no lombo, perfuma-se com o que tiver ao alcance das mãos e vai... Vai à busca do banheiro mais sujo, dos anúncios mais baratos, de putas mal lavadas... Jaguar de cú é rola! Mictório é coisa de homem que não sabe chupar uma cremosa.
Terapias é lugar de suburbana tirada a moderninha que quer arrumar pagador de contas... Boi Zebu é lugar pra cachorra velha e decadente que tá cansada de cornear o marido e precisa de garoto viril... Quartel do Chopp é pra quem está querendo se separar da patroa, mas tem medo de perder a vida boa... Marócas é pra quem não tem companhia pra assistir o futebol de domindo, mas quer ser visto por todos. Picadilly é pra se reunir e decidir preços de licitação pública... Estranho fez o seu papel, infernizou os evangélicos e fechou... Boi Teco é pra quem não sabe beber...
Ficar citando bares cariocas pra mostrar que é “boêmio cult” é frescura provinciana de noveleiro que sabe tudo que será publicado na “Tititi” da semana seguinte.
Por fim, botequeiro profissional deixa que ela pague a conta, mija antes do escroto inchar, se alivia com uma oral barata, não perde tempo com traços trêmulos e jamais revela o melhor botequim do lugar.
E antes que o penúltimo saia, me deixe dez pratas pra saideira e pague a conta!
Lá pelos anos oitenta mijava sempre na rodoviária - A Roberto Silveira- - Realmente o Xacal está certo a cantada é nova! A propósito não vão recuar aquele acostamento de ônibus, aquilo está afunilando o trânsito por ali. Alô bem pagos da PMCG! ALERTA! ALERTA! ALERTA!
Só falta o blog do CA falar disso amanhã! hahahahahahaha!
Nossa, li o conto e vim deixar meu comentário ainda com a sensação de "cabeça meio rodando", meio que "saindo do corpo" que se tem quando se faz esse xixi (no auge do aperto, meio chapado por uma cerva...) do qual o João falou. Muito bom!!
Ri com a "cantada nova" do Xacal, mas, cá entre nós, quem merece o César, hein?!!! Afe!!!
Arrebentou, João! A mesma precisão que demonstra em localizar cenas nos seus textos no Monitor para situações mais, digamos, infanto-juvenis, você demonstra agora com temas mais irreverentes e adultos. Parabéns, veinho!
Uiiiiiiiiii, César! como és preconceituoso e machista. Que forma horrorosa de se referir as mulheres... Quanta mágoa!!!
Postar um comentário