O prédio é cinzento e em local esfumaçado e barulhento. Seus traços dos anos 40 não escondem a idade. E sua robustez não deixa dúvida quanto à sua intenção de durar por muitas e muitas gerações. A tinta desbotada, o forro em mau estado, as portas e janelas fragilizadas, por outro lado, mostram que mesmo os mais valentes inspiram cuidados.
Esta é a sede da Associação de Imprensa Campista (AIC), entidade que completou 80 anos no último dia 17 – e comemorou ontem com pinta de velhinha assanhada, se mexendo sob o samba de Lene Moraes. O prédio, na Rua Formosa (que me recuso a chamar de Tenente Coronel Cardoso), próximo ao cruzamento com 13 de Maio, merece ser mais conhecido pelos campistas e ser definitivamente incluído entre os bens tombados do município.
Ele já é protegido pela área de interesse histórico do Centro, o que lhe garantiu documento que determina a preservação da fachada e fez ser removida uma indecorosa janela de vidro azul que um dos inquilinos manteve por anos em uma das salas com vista para a rua.
A associação é mais antiga que a maioria dos veículos de comunicação da cidade, e tem vocação para ser um local para abrigar um possível museu da imprensa, numa região que tem certa tradição no ramo – especialmente em razão da saga deste Monitor Campista, com seus 175 anos.
Além disso, a AIC tem sido uma aliada importante na defesa do jornalismo de qualidade e da organização dos jornalistas, servindo também de sede para a representação local do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, entidade que já passou dos 50 anos e também inspira cuidados por parte da categoria – e, diferentemente da associação, ainda não goza do conforto de ter uma casa própria.
Neste momento em que o jornalismo é fortemente impactado pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de extinguir a necessidade de formação universitária na área para o exercício da profissão, tanto os jornalistas quanto a sociedade precisam cuidar das instituições que historicamente defendem a democracia e a liberdade de expressão.
Uma desvirtuação do debate acerca do diploma provocou a interpretação equivocada de que os jornalistas e suas entidades seriam contrários à livre difusão de idéias. Justamente o jornalismo e os jornalistas, historicamente perseguidos em razão da luta pelo direito de publicar as diferentes vozes da sociedade.
Esta mesma AIC, que pode ser vista como excessivamente vetusta pelos que não a conhecem de perto, abrigou palestras de comunistas em tempos sombrios, convenções de partidos e movimentos de diferentes tonalidades ideológicas.
Para o bem de Campos e do jornalismo, vida longa à AIC.
[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]
domingo, junho 21, 2009
Longa vida à AIC
Postado por Vitor Menezes às 21:02 Marcadores: aic, Gaveta do Povo, jornalismo
2 comentários:
Maos a obra mesmo, pois até agora nao vimos o sindicato atuando em nada mesmo. Sao donos de jornais fazendo o que querem, nunca pagaram discídio, direitos, sao salários com 2 pagamentos, 1 por fora e outro na carteira de trabalho.... Estamos entregues a ninguém. Sindicato forte é aquele que atua e tem credibilidade.
Vitor, estou aqui para agradecer a você o me permitir participar de seu blog.
Tenho consciência de que minha "visão de mundo" é bem diferente e que isto pode deixar um certo desconforto. Mas eu também senti muito desconforto pelos blogs, pois a Luz que eu dizia que iria confrontar em Campos, me atingiu de cheio. kkkk A soberba apareceu logo em mim.
Perdoa aí os contratempos..
Aprendi muito aqui.
Mas o que mais aprendi é que a Imprensa "emprensa" muito... mas mesmo assim ainda deixa espaço...
Obrigada,
Seja abençoado por Deus Vivo, Jesus Cristo.
Rosângela, ovelhinha de Jesus.
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