domingo, junho 14, 2009

Antes e depois do blog da Petrobras

A comunicação institucional no Brasil, daqui a alguns anos, será estudada levando-se em conta um antes e um depois do blog da Petrobras (petrobrasfatosedados.wordpress.com). A ferramenta, criada no último dia 2, provocou polêmica entre jornalistas e mereceu, por um lado, críticas de alguns dos principais jornais do país e nota de repúdio da Associação Nacional de Jornais (ANJ), enquanto que, por outro, obteve apoio de muitos internautas e nota favorável da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

A ANJ disparou no dia 8: “A Associação Nacional de Jornais (ANJ) manifesta seu repúdio pela atitude antiética e esquiva com que a Petrobras vem tratando os questionamentos que lhe são dirigidos pelos jornais brasileiros, em particular por O Globo, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, que nas últimas semanas publicaram reportagens sobre evidências de irregularidades e de favorecimento político em contratos assinados pela estatal e suas controladas”.

A ABI rebateu no dia seguinte: “A criação do blog constituiu-se em instrumento de autodefesa da empresa, que se encontra sob uma barragem de fogo crítico disparado por vários veículos impressos. Não se poderá alegar que é assegurado à empresa o direito de resposta, uma vez que quando este for exercido a informação nociva já terá produzido afeitos adversos. Ademais, é conhecido principalmente dos jornalistas o tratamento que a imprensa concede tradicionalmente ao direito de resposta, se e quando o reconhece e o acata: a informação imprecisa ou inidônea é divulgada com um destaque e uma dimensão que não se confere à resposta postulada e concedida”.

A Petrobras reconsiderou o tratamento dado às perguntas feitas pelos jornalistas. Inicialmente elas, junto com as respostas da empresa, eram publicadas no mesmo dia da apuração, antes da divulgação das matérias (no jargão jornalístico, a assessoria “furava” o próprio veículo de comunicação, o que foi o principal motivo das críticas). Depois a empresa se comprometeu em publicar apenas depois da 0h do dia em que a matéria é veiculada.

Mas não será em razão desta polêmica que o blog da Petrobras será lembrado como um marco da comunicação institucional. Será apenas pela sua adoção, o que antes não era bem visto por políticas mais conservadoras de comunicação. Mesmo depois de quase uma década de larga utilização dos blogs, e do inegável avanço democrático que eles proporcionaram, ainda há instituições – inclusive jornalísticas – que não assimilaram bem um tempo onde não são mais os donos da informação, mas apenas um dos seus agentes.

Blogs já vinham sendo utilizados por empresas e instituições, mas ao ganhar a adesão de uma empresa do porte da Petrobras, este tipo de ferramenta tende a se consolidar até entre os mais resistentes.

Nenhum comentário:

users online