segunda-feira, outubro 06, 2008

Uma quase ficção para começar a semana

Para começar esta semana de ressaca pós-eleitoral, um pouco de ficção (ficção?). Abaixo, um mini-conto, com um pé na crônica, do jornalista urgentista João Ventura, publicado hoje no Monitor Campista:

A invasão

João Ventura

Ainda que o município tivesse, há algum tempinho, sendo sacudido por um ou outro incidente de menor porte, nada poderia preparar as pessoas para o que estava por vir. Uma invasão. Mas essa não seria uma invasão qualquer, ela traria mais prejuízos para a cidade do que qualquer outra tragédia que poderia acontecer.

Logo pela manhã, as pessoas estavam tranqüilas, se dirigindo às escolas, associações e barracões, normalmente. Todos levantaram cedo, talvez prevendo que aqueles fossem os últimos momentos de normalidade. Os idosos, ah, os idosos! Livres da obrigação de suas atividades e aproveitarem seu tempo para descansar ou se concentrar em outras coisas, também estavam lá, incapazes de prever o futuro negro que iria se abater sobre eles.

A movimentação começou por volta das 17h, quando a calma deu lugar à tensão. Havia rumores de que algo estava errado, mas as pessoas custavam a acreditar. Elas foram criadas para não acreditar nessas coisas ruins. Então, com a inocência de quem acha que está fazendo o correto, deixaram-se tomar de surpresa com a invasão de seres estranhos, corruptos, despreocupados, mal-intencionados. Quando se deram conta, a confusão estava instalada. Várias camadas da população corriam, para lá e para cá, com bandeiras e camisas de diferentes cores, brigando entre si. Tudo fazia parte do plano dos invasores, que não vieram de naves, mas sim de lindos carros prateados.

O exército foi chamado, a polícia e os bombeiros também, mas não puderam intervir. Eles também foram dominados pelos invasores, que queriam apenas o sangue e o cérebro da inocente população. Assim, ao final do dia, eles já haviam se apossado da Prefeitura e da Câmara de Vereadores, tomando o controle do município. A população, atônita, viu aquilo e nada pode fazer. Alguns até aplaudiram, achando que algo bom estava acontecendo, mas essas, logo iriam ver que seu destino estava entregue à uma escuridão e à uma violência contra os próprios munícipes que daria pena.

De posse de tudo, os invasores agora poderiam fazer o que quiser. Tomariam toda a riqueza da terra conquistada, deixando o povo na miséria, sem intelecto, sem perspectivas, sem reação. Enquanto os invasores, aos montes no comando da cidade cresceriam e até ameaçariam a pobre população, os munícipes iriam continuar na miséria, porque acreditaram um dia que a chegada era boa.

Agora, todos pedem socorro, mas ninguém vai ouvir. A eles, que de certa forma contribuíram para a invasão por serem tão passivos, só resta chorar e esperar que, daqui a um tempo (quatro anos talvez), os invasores possam ir embora para que o lugar se torne melhor.

3 comentários:

Anônimo disse...

CTRL C + CTRL V do blog Novo ceu e nova terra

Segunda-feira, 6 de Outubro de 2008
ROSINHA GANHOU

Campistas, Rosinha efetivamente ganhou a eleição!

Não há espaço para um segundo turno.

A imoralidade em nossa cidade atingiu as raias do inconcebível ao espírito humano.

Não posso acreditar que o que se viu e ouviu sobre os últimos atos de ilegalidade e malversação do dinheiro público tenha sido em vão.

Penso mesmo que não há registro histórico em nossa cidade de tamanha insanidade. Por isso que, na na parábola do homem rico, que dormiu preocupado onde guardaria os seus grãos, o anjo lhe diz:
-LOUCO!Louco, louco! Esta noite mesmo pedirão a tua alma...

É assim também com alguns homens na Terra, vez por outra são cassados pelo sufrágio. E permita Deus que a Justiça tenha olhos de ver e ouvidos de ouvir, que não seja cega e surda.

Outra coisa, li alhures que a impugnação do outro candidato "é tapetão", mas não é: é Justiça! Dura lex, sed lex!

Portanto, Rosinha ganhou!

Parabéns à nova Prefeita de Campos!

Parabéns à primeira prefeita de Campos!

Gustavo Alejandro disse...

Julio Cortázar fez uma coisa parecida no seu conto "Casa Tomada". Mas o nível de interpretação de quem são os invasores é mais aberto.

http://www.releituras.com/jcortazar_casa.asp

Yuri Amaral disse...

Antes fossem alienígenas a colonizar a cidade: seria menos perverso.

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