Na Rua Barão de Miracema, depois do cruzamento com a avenida Pelinca no sentido do tráfego de carros, é comum encontrar dezenas de veículos estacionados, já a partir da esquina, na faixa da direita. Isso obriga os motoristas a desvios bruscos para a faixa da esquerda, única que resta, o que atrapalha o trânsito e aumenta o risco de acidentes.
Na Avenida Alberto Torres, logo ali no início, próximo à Praça São Salvador, toda a calçada e parte da rua foi tomada por barracas e freezers e mesas e cadeiras, numa sucessão de comércios improvisados em local público.
Na Rua Alvarenga Filho, uma loja utiliza grande parte da calçada para aglomerar dezenas de produtos, reduzindo o espaço dos pedestres. Na mesma rua, um pouco mais adiante, calçada não há.
Parece escárnio tratar de tão insignificantes infortúnios urbanos, quando milhares de famílias, neste momento, estão desabrigadas em razão de mais uma enchente no município. No entanto, os dramas maiores das cidades têm origem justamente na omissão cotidiana para com os pequenos problemas.
Eles, os detalhes, podem ser sintomas de corrupção, de negligência, de excesso de burocracia, de incompetência, de preguiça, de impunidade. Enfim, podem guardar a explicação para a origem de grandes catástrofes.
Graciliano Ramos, em seus “Relatórios do Prefeito de Palmeira dos Índios”, documentos que registram a sua passagem pelo cargo na pequena cidade alagoana, entre 1928 e 1930, mostra que na sua gestão as multas aumentaram, e isso foi a sua ruína como político.
“Esforcei-me por não cometer injustiças. Isto não obstante, atiraram as multas contra mim como arma política. Com inabilidade infantil, de resto. Se eu deixasse em paz o proprietário que abre as cercas de um desgraçado agricultor e lhe transforma em pasto a lavoura, devia enforcar-me”, disse Ramos.
Não surpreende, portanto, que 80 anos depois, uma outra região, de campos alagados como as alagoas de Graciliano, tenha visto os efeitos danosos das enchentes se potencializarem em virtude da vista grossa que sucessivos governantes destinaram aos diques dos fazendeiros, às ocupações irregulares das margens de rios e de lagoas, e às obras, até mesmo públicas, que retém cursos d´água.
Campos, pela primeira vez, terá uma mulher como prefeita. Dizem que as mulheres são mais atentas aos detalhes. Que Rosinha Garotinho, então, confirme esta tese, e comece a contribuir para que a cidade se livre das atuais e se previna em relação às grandes mazelas.
[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]
domingo, dezembro 21, 2008
O cuidado está nos detalhes
Postado por Vitor Menezes às 10:07 Marcadores: enchente 2008, Gaveta do Povo
3 comentários:
Parabéns Vitor! pela sua visão aguçada na identificação das causas e soluções dos problemas da nossa cidade, esse artigo como outros que li de sua autoria realmente mostram a verdade dos fatos, se campos possuísse pelos menos uma dúzia de jornalistas como você e o Ricardo andré, e uma inprensa mais idependente, aliás o que de certa forma não nuca houve, com certeza não estaríamos nessa situação tão degradante.
Vítor, o meu texto na rede Blog também vai no mesmo sentido.Passa lá no Todo os Sonhos de Abril.Beijos e vamo que vamo...
Por coincidência eu meu filho quase fomos atropelados na rua Barão do Amazonas. Tivemos que andar na rua pois a calçada estava ocupada por várias mesas de um bar. Nessa mesma rua uma loja de materias de escritório estaciona seus carros na calçada obrigando os pedestres a andarem na rua.
Espero que a Prefeita devolva as calçadas da cidade para os pedestres e acabe com essa bandalha que se instalou na cidade de Campos. Que a ordem prevaleça.
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