sexta-feira, março 28, 2008

Minha vassoura no faxinão

Ian Britton. Freefoto.com
Neste dia de “faxinão” vou meter minha
vassoura na área que entendo (um pouco) mais: a comunicação.

Para esta interinidade na prefeitura de Campos ou, de modo mais realista, para um futuro governo, gostaria que a “faxina” na área de comunicação se desse com a adoção de princípios como os listados abaixo:

1 – Informação é um direito da cidadania e seu fluxo deve ser mantido com qualidade e transparência, tornando-se uma política pública tão vital quanto quaisquer outras.

2 – Comunicação institucional não se faz apenas com publicidade, mas também com registro jornalístico digno de credibilidade – inclusive de fatos negativos para o governo (um bom exemplo tem sido o da Agência Brasil).

3 – Uma assessoria de comunicação deve respeito à sociedade e visa preservar a imagem do município. Isso não se confunde com prestar assessoria a um governante. Um prefeito, por exemplo, pode ter a sua assessoria de marketing pessoal, paga com seus recursos ou do partido, que é seu direito como político, mas não pode utilizar o aparato da assessoria de comunicação pública para este fim.

4 – Comunicação é tornar comum, ser transparente. Tanto quanto possível, é papel da assessoria brigar internamente para que todos os demais setores da Prefeitura sejam transparentes em suas ações, especialmente no trato do erário, para que se dê visibilidade a isso por meio das ferramentas de comunicação.

5 – Para que se dê esta relação de transparência, a assessoria deve viabilizar formas de inclusão dos cidadãos às ferramentas de comunicação, estimular a vigília em relação aos atos do governo, criar ouvidorias, manter ombudsmans, criar áreas de interação.

6 – Esta regra de transparência, claro, também vale para as próprias ações e custos da Secretaria de Comunicação, que deve tornar públicos todos os seus contratos, custos e motivos para realizá-los, assim como metas e compromissos editoriais.

7 – Uma assessoria deve respeitar o trabalho da imprensa, e não tentar conduzi-lo, principalmente por meio de formas vis como a do condicionamento da verba publicitária a uma cobertura favorável. Uma prefeitura não deve tentar comprar a imprensa, mesmo que esta queira se vender.

8 – A assessoria deve ser gerida com profissionalismo. Nela deve estar gente interessada em fazer comunicação com espírito público, e não em utilizá-la como trampolim para carreira política, apropriando-se da sua estrutura em proveito pessoal.

9 – Entre os profissionais da assessoria devem estar aqueles preparados e com vocação para o trabalho, e não aqueles que, ganhando pouco nos jornais, utilizam a assessoria como “bico”. Muito menos devem permanecer, claro, os famosos “fantasmas”.

10 – Por fim, algo que vale para toda a administração: ter obsessão pela conduta correta nos gastos públicos. Não se satisfazer com o cumprimento das regras legais, mas também utilizar de austeridade e bom senso em relação até ao que não está regulamentado. Há inúmeros gastos que até encontram amparo legal, mas são imorais, contrariam o bom senso, significam desperdício e lesam a cidade.

4 comentários:

xacal disse...

Na mosca...
Apenas uma colheirada suja, na verdade, muito mais uma consulta a vós, oráculo dos urgentes...

Há um conceito em voga do financiamento das novas mídias, e meios alternativos pelas grandes e tradicionais mídias pela tributação da atividade desses últimas, como por exemplo na França, onde o cinemão de Hollywood banca a cena independente...
Um conselho municipal de comunicação social não seria um formulador e fiscalizador dessas polítcas locais de democratização a informação (lato sensu)...?
Copm você a bola.....

Vitor Menezes disse...

Claro que sim, seu Xacal, a idéia de um Conselho local é muito boa (há uma briga grande para que o nacional de fato funcione). E como comunicação também tem a ver com memória, com história e produção cultural, este conselho poderia ter este perfil a que você se refere.

Luiz Felipe Muniz disse...

Prezados companheiros de rede, me permitam uma parte, please.

Campos já teve e tem ainda alguns Conselhos Municipais, constituídos por lei e tudo o mais...eu até tive oportunidade de participar como membro no de Saúde e no de Meio Ambiente e Urbanismo, mas nós esperamos muito deles...

O grande entrave aos conselhos municipais é a falta de uma gente mais preparada e madura para a discussão do coletivo, para o exercício nesta instituição da democracia brasileira...
infelizmente há muito tempo perdido nestes espaços...não é para desanimar, trata-se apenas de um testemunho...
Independente de minha opinião, os conselhos devem ser constituídos, mais do que isso...eles devem ter dotação orçamentária para treinar e capacitar conselheiros e administradores do Conselho...portanto, não basta o Conselho...tem que haver gente capaz...tem que haver administração independente...

Roberto Moraes disse...

Senhores,

Não outro caminho que é longo, mas necessário. Fora daí nem o messianismo.

Vítor, ótima oportunidade para a descrição de um exemplo de como é necessário mudar práticas e costumes. A caminhada é longa e árdua.

Abs,

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