O urgente!, assim como outros blogs e profissionais da imprensa, recebeu nesta noite texto do presidente interino da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Avelino Ferreira, onde é detalhado o bastidor das relações entre o órgão e empresas que organizavam shows em Campos. Foi justamente esta relação que resultou na operação da Polícia Federal no último dia 11, na Prefeitura.
Alguns exemplos de valores pagos são dados pelo presidente interino. O show da cantora Alcione, na Festa de Santo Amaro, em 15 de janeiro último, custou R$ 185 mil. O do Rappa, no dia 26 de janeiro, custou R$ 195.400,00. Os valores altos eram divididos em duas parcelas, para chamar menos atenção.
Confira a íntegra do texto enviado por Avelino Ferreira:
"Telhado de Vidro
Sem nenhum tipo de hostilidade, de arrogância, de revanchismo, assumi o cargo de presidente da Fundação Cultural “Jornalista Oswaldo Lima” na quarta-feira, dia 12, cumprindo determinação do prefeito em exercício Roberto Henriques, empossado por determinação da Justiça, tendo em vista o afastamento do titular, investigado por suspeita de improbidade administrativa.
Os diretores de departamentos (todos meus amigos), incluindo financeiro e contábil, atenderam prontamente às minhas solicitações. A primeira providência foi no sentido de saber da situação orçamentária, pois o calendário de eventos e o atendimento às necessidades básicas para que a instituição funcione normalmente não podem parar num repente. A normalidade administrativa é fundamental para que um órgão funcione, não obstante a desarticulação política.
Constatamos, sem nem mesmo aprofundarmo-nos na análise dos documentos, que apenas nos meses de janeiro e fevereiro pouco mais de R$ 3 milhões, o que representa mais da metade do orçamento anual da Fundação (que é de R$ 5.600,00) foram destinados a uma série de shows superfaturados. Só este fato já demonstra a irresponsabilidade de uma administração. É a prova cabal do descaso com a coisa pública de um governo cujo princípio está assentado na idéia de que rir é o melhor remédio. Aliás, slogan de um projeto da Prefeitura.
"Apenas a ponta de um iceberg"
Mesmo sabedor das falcatruas e crítico desse governo nefasto, fiquei pasmo ao constatar o desamor ao povo de Campos por parte dessa quadrilha que assalta os cofres públicos. Não se trata de incompetência, como querem crer alguns críticos ingênuos; nem falta de pulso do chefe do executivo. Trata-se de um bando de ladrões da coisa pública que enriquece cada vez mais à custa do sacrifício cada vez maior de quem precisa de um atendimento médico, de um remédio para conservar a vida, de um lugar digno para morar.
O que o Poder Judiciário constatou e que redundou na ação da Polícia Federal, é apenas a ponta de um iceberg. Mas, se ficamos estarrecidos com o que vimos nessa ponta, podemos imaginar o tamanho da pedra de gelo. Pedra, não, uma montanha submersa que causídicos inescrupulosos, em nome de uma moral assentada em normas que objetivam favorecer os que têm dinheiro, mesmo que este seja roubado, querem manter velada, escondida.
E o que é exatamente essa ponta do iceberg? A enorme quantidade de shows superfaturados, contratados através de um empresário inescrupuloso que dirige três empresas – Lucas e Reis Marketing Ltda., Jakimow’s Empreendimentos Artísticos Ltda. e Telhado de Vidro Produções Artísticas Ltda.
"Show de Alcione custou R$ 185 mil"
Para se ter uma idéia, o show de Alcione em Santo Amaro, dia 15 de janeiro, custou aos cofres públicos R$ 185.800,00. Para escamotear a cifra astronômica, a fatura é dividida em duas. Quando se lê a fatura, constata-se apenas a cifra R$ 82.900,00. Mas é uma de duas, ou seja, em outra fatura consta mais R$ 82.900,00. O show de “Jamil e uma noites” , dia 12 de janeiro no Farol, custou ao povo de Campos R$ 164.600,00 e, da mesma forma, em duas faturas de R$ 82.300,00.
O Exaltasamba, também no Farol dia 30 de dezembro, custou R$ 146.000,00, também dividido em duas parcelas de R$ 73.000,00. O mesmo ocorreu com a banda Capypso dia 28 de dezembro no Farol: o show custou R$ 188.800,00, mas dividido em duas parcelas de R$ 94.400,00. Também no Farol, o show da do grupo Titãs no dia 19 de janeiro custou ao sofrido povo de Campos R$ 178.000,00, mas faturado em duas parcelas de R$ 89.000,00.
O show do grupo Rappa no dia 26 de janeiro, no Farol, custou R$ 195.400,00, pagos em duas parcelas de R$ 97.700,00. O Gustavo Lins, dia 06 de janeiro no Lagamar, local de shows menores, custou ao povo de Campos R$ 93.800,00 pagos em duas vezes de R$ 46.900,00. Nos inúmeros shows de bairros, muitos dos quais sem divulgação e sem público, as aberrações não são menores. O show de Pamela e Banda no Jockey Club no dia 08 de dezembro de 2007, custou R$ 43.000,00. No dia 20 de setembro, no Jockey Club, a Cassiane cantou por R$ 53.000,00. No mesmo Jockey Club o show do grupo Jairinho e Banda, realizado no mesmo dia de Cassiane, 20 de setembro, custou aos cofres públicos R$ 44.100,00. No dia 21 de outubro, também no Jockey Club, o Imaginasamba tocou por R$ 43.000,00. O show de Perla, em Play Back, dia 30 de novembro, em Morro do Coco, custou R$ 54.900,00.
"Show do grupo Sambaí custou R$ 99 mil"
Seria interessante, mas exaustivo, enumerar todos os shows da Telhado de Vidro, Jakimow’s e Lucas e Reis, mas vale o registro de mais estes: o show do grupo Sambaí, dia 31 de dezembro, em Guarus, custou ao povo a quantia de R$ 99.000,00, pagos em duas parcelas de R$ 49.500,00. Os Meninos de Goiás fizeram um show em Travessão no dia 18 de janeiro por R$ 88.000,00, pagos sempre em duas parcelas. Tocaram pelo mesmo preço em Lagoa de Cima. O Bonde do Forró no Lagamar custou 96.400,00. Mas o grupo tocou em Ururaí pelo mesmo preço. E o Belo, no Farol, cantou por R$ 163.300,00.
Como presidente interino da Fundação Cultural “Jornalista Oswaldo Lima”, segui a orientação do prefeito Roberto Henriques e não autorizei o pagamento de R$ 2.800.000,00 de shows dessas três empresas nos dois últimos meses. Mas o dinheiro já foi retirado do orçamento da fundação e, para efeitos legais, burocráticos, os shows são considerados pagos. Na prática, o dono das empresas, ao sair da prisão, terá que cobrar diretamente ao prefeito. Mas os shows realizados em 2007 já foram pagos, constituindo-se no motivo da prisão do empresário.
"Chefe da quadrilha criou três empresas"
Empresário que é considerado pela Justiça chefe da quadrilha. Seu nome? Antonio Geraldo Fonseca Seves. Pelo que se apurou, ele criou três empresas, todas em 10 de novembro de 2006. Uma, tem ele e Márcia Teles de Aguiar como sócios da Telhado de Vidro, com endereço à rua Conde de Bonfim 106, apart. 1801, na Tijuca. O capital: R$ 10.000,00, sendo R$ 9.000,00 dele e R$ 1.000,00 dela. A outra, Jackmow’s Empreendimentos Artísticos Ltda. tem como sócios Stephan Jackimow e sua vó, de 85 anos, Frieda Jackmow, de nacionalidade alemã. O capital é de R$ 10.000,00, sendo R$ 9.000,00 dele, que tem 30 anos, e R$ 1.000,00 dela. Endereço: rua Conde de Bonfim 1326 apart. 502, Tijuca. A terceira, Lucas e Reis Marketing tem como dono Fábio Lucas. O capital é de R$ 10.000,00 e o endereço: Rua Dias Ferreira, 410, Leblon. As empresas foram criadas justamente para as falcatruas, praticadas logo em seguida.
Fatos como estes devem ser divulgados para que não se repitam; para que a população tome ciência do que os governos Arnaldo/Mocaiber fizeram com parte do dinheiro público; e, finalmente, para que os poderes legislativo e judiciário impeçam essa roubalheira, cassando e prendendo a quadrilha (incluindo os chefes) como ladrões do dinheiro público. Registre-se que os shows superfaturados fazem parte de uma prática nefasta desde o início da gestão de Arnaldo Vianna. Neste caso da operação Telhado de Vidro constituem-se apenas na pontinha do iceberg.
Avelino Ferreira
Presidente Interino da Fundação Cultural “Jornalista Oswaldo Lima”. "
sexta-feira, março 21, 2008
Avelino detalha gastos com shows na FCJOL
Postado por Vitor Menezes às 22:29 Marcadores: campos, prefeitura de campos, telhado de vidro
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