domingo, agosto 09, 2009

Novo Jornalismo

Num dia daqueles em que você amaldiçoa sua profissão, comecei a divagar sobre a criação de uma espécie de agência de notícias investigativas mantidas por sócios-leitores. Porém nunca imaginei que algo menos descabido e totalmente possível já estivesse funcionando, como li hoje numa nota do Elio Gaspari. Trata-se do Spot.us - que reúne repórteres de aluguel, reportagem sob demanda, Jornalismo Colaborativo, enfim. O site começou com a ideia de expor projetos relacionados à área e interesses de San Francisco, nos Estados Unidos, estimulado pela falta de credibilidade do jornalismo local e viabilizado principalmente por doações individuais nunca superiores a US$ 100. Dizem até que devolvem as doações se o serviço não for entregue, mas fiquei sem saber quem arcaria com os custos do que foi gasto até o repórter descobrir que a pauta caiu. Também não sei se o serviço pode acabar se tornando centro de dossiês entre grupos rivais, servindo assim a diferentes interesses - ou seja, no fundo nada diferente do que já acontece.

Basicamente, o Spot.us funciona assim (conforme explicado aqui):

"1. Qualquer pessoa sugere uma pauta que gostaria de ver transformada em reportagem.

2. Jornalistas freelancers se propõem a escrever estas reportagens, propondo um valor por este trabalho.

3. Uma vez que um jornalista tenha sido designado para uma determinada reportagem, as pessoas podem doar recursos para viabilizá-la (mas ninguém pode doar mais que 20% do custo total dela).

4. Quando a reportagem tiver angariado recursos suficientes para ser viabilizada, o jornalista a escreve. Neste momento, 10% do valor angariado é pago para custos de edição e revisão.

5. Com a reportagem pronta, veículos de comunicação têm uma oportunidade de adquirir os direitos exclusivos de sua publicação, pagando o custo integral por ela. Neste caso, os fundos adquiridos como doação popular são devolvidos aos doadores. Caso nenhum veículo se interesse em publicar a reportagem exclusivamente, ela é postada na Internet (no site Spot.us) e qualquer veículo de comunicação passa a ter o direito de reproduzi-la gratuitamente."

Uma repórter, por exemplo, arrecadou US$ 6 mil dólares para ir em busca de um lençol de lixo do tamanho do Amazonas que, graças às correntes marítimas, teria se formado no meio do Pacífico. O New York Times ofereceu US$ 700 caso decida publicar fotos - valor ainda maior caso decida-se também pelo texto. Fundadores do eBay e da CraigList - megaportal de classificados - também apostaram na pauta da repórter.

O megajornal encontrou no projeto uma forma de conseguir financiamento externo para suas reportagens (e para contratar freelancers, como melhor explica o jornalista Mauricio Stycer.

Fato é que nova a ideia de financiamento do Jornalismo anda se disseminando mundo afora. Além do Spot.us, há também o ProPublica, criado por dois bilionários, como mostra este artigo.

4 comentários:

Elaine disse...

Idéia ótima. Vamos logo montar nossa empresa - hahaha ;)

Vitor Menezes disse...

É o velho sonho do "Jornal Pessoal", que é bancado pelos leitores e não tem anúncios, mas agora com ainda mais possibilidades. Não é o paraíso, já que demonstra ter muitos problemas a superar, mas parece muito viável. Precisaríamos de um público muito consciente da importância do jornalismo e disposto a pagar por uma informação que todos terão.

Jorge Rocha disse...

vao pará co´esses jornalismo ai?

Jorge Rocha disse...

vao pará co´esses jornalismo ai?

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