Apesar de tudo e de todos, neste ano de feridas abertas na administração municipal, nada levou a crer, em momento algum, que pudéssemos chegar a um dia como este de hoje, primeiro turno das eleições, com chances reais de promover mudança na política de Campos. E de fato não chegamos.
Haja o que houver, o próximo prefeito ou prefeita, a julgar por esta campanha eleitoral e pelos seus históricos políticos, não empreenderá mudança significativa na forma de governar a cidade.
É possível que se mostre mais presente. É provável até que se torne melhor, sob o ponto de vista administrativo, do que o governo atual — o que não é muito difícil, dada a iniqüidade desta gestão, que mantém nos aparelhos uma sobrevida protocolar até dezembro.
Entre viadutos, soluções populistas para o transporte e maquetes mirabolantes, o conjunto de propostas apresentadas reflete a falta de preparo e de criatividade dos que se propõem a governar o município. Muitos, inclusive, repetindo velhas soluções que outras cidades aboliram.
Ninguém para pensar a cidade nova. Todos muito conservadores. Nada de arrojo ou de originalidade. Muitos confundindo o novo com uma certa noção de “progresso” da revolução industrial ou da era do concreto armado. Foi desalentador ouvir, por exemplo, “novidades” como a promessa de instalação de câmeras no Centro para melhorar a segurança. Ou a construção de inúmeros isso ou aquilo.
Neste vazio de perspectiva, o eleitor minimamente preocupado com a cidade, e não apenas com o próprio bolso, se contenta com pouco. Deseja que, pelo menos, como um bom síndico, o prefeito ou prefeita mantenha as contas em dia e tudo limpinho. Que faça o feijão com arroz bem-feito, e poupe a todos de mais escândalos de corrupção.
O quadro que se apresenta para a Câmara de Vereadores igualmente não é animador. Os prognósticos de observadores atentos apontam para a provável manutenção da maioria dos atuais detentores de mandatos no Legislativo, desta que é uma das piores legislaturas de todos os tempos em Campos.
Nas campanhas, até apareceu uma ou outra voz oxigenada para pedir votos para a Câmara. Mas os esquemas tradicionais, a mesmice e o vazio, ainda caracterizam a grande maioria das candidaturas.
Para não dizer que absolutamente tudo está como antes, é preciso considerar que, se ainda não foi possível tornar viável novas alternativas para Campos, ao menos as velhas opções tiveram que ajustar o discurso para uma postura de condenação ao cenário atual da cidade. Ninguém se dispôs a defender o indefensável governo do prefeito Alexandre Mocaiber, nem mesmo quem o inventou politicamente. Se, por um lado, isso diz respeito ao senso de sobrevivência oportunista dos políticos, por outro demonstra algum efeito da rejeição que vem das ruas, aferida por pesquisas. Há não muito tempo, imaginava-se até a hipótese de candidatura à reeleição, numa época em que todas as vísceras da administração ainda não estavam expostas.
Resumindo o nosso samba de uma nota só: ainda não é desta vez.
[publicado na edição de hoje do Monitor Campista, aqui para cadastrados]
domingo, outubro 05, 2008
Ainda não é desta vez
Postado por Vitor Menezes às 08:13 Marcadores: eleições 2008, Gaveta do Povo
Um comentário:
Vitor, lindo o seu artigo. PERFEITO. PERFEITO.
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