terça-feira, maio 20, 2008

Expedição Kissama II

Foto: Leonardo Vasconcellos
Nesta quarta, 21, retornam ao Norte Fluminense os fotógrafos Wellington Cordeiro e Leonardo Vasconcellos, que, acompanhados da presidente da Fundação Cultural de Quissamã, Alexandra Moreira, estão em Angola para produzir registros e estabelecer contatos na cidade de Luanda e na província de Kissama — de onde veio o nome da cidade homônima aqui da região.

Por e-mail, Cordeiro (na foto, em pé sobre o carro, com uma câmera na mão) conta que, no país africano, “nada funciona direito”, e que “o custo de vida é muito alto”. Uma cerveja long neck custa cinco dólares; uma refeição, cinqüenta. “O telefone funciona mal, a TV é estatal e muito ruim”, complementa.

Miséria

A miséria também assusta. A desigualdade na distribuição da renda, acredita o fotógrafo, é pior que no Brasil. Além disso, “pouco se planta, quase tudo vem de fora”.

“A miséria de algumas comunidades sempre existiu, porém hoje as oportunidades que o país teria para promover uma grande revolução econômica são muito maiores, os petrodólares, assim como no Brasil só atraíram a cobiça do homem, e aqui ainda tem o diamante”, contou.

No pós-Guerra, Luanda recebeu uma grande quantidade de estrangeiros, entre os que trabalharam em sua reconstrução, ou os que vieram atraídos pelas riquezas minerais. De acordo com Cordeiro, esta presença estrangeira contribuiu ainda mais para estabelecer a distância entre ricos e pobres no país.

Religião e cultura

O fotógrafo também conta que “a espiritualidade do povo africano termina sofrendo com essa situação. A invasão das pentecostais também se faz presente”, e que ficou “feliz em constatar pelo menos que a grandiosidade espiritual do Baoba, aqui embondeiro, ainda é muito forte. Suas raízes estão muito bem fincadas nesse solo sagrado de Angola. Apesar das escavadeiras e rolos do maquinário chinês que tentam invadir seu espaço”.

O grupo ficou impressionado com as semelhanças entre Quissamã, Luanda e Kissama. Há traços comuns na arquitetura, na cultura, na etnia dos afro-descendentes e até na vegetação.
Agora, a cidade do Norte Fluminense, que utiliza a viagem para reunir material e subsídios para um museu de cultura afro, em Machadinha, se prepara para receber angolanos para uma experiência semelhante.

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