Amanhã é Dia da Imprensa. Esta tão criticada quanto essencial instituição. A data é uma referência à fundação do “Correio Braziliense”, em 1° de junho de 1808, em Londres, pelo brasileiro Hipólito José da Costa, para defender idéias modernizadoras para o Brasil, opondo-se à corte de Dom João.
Ainda não era um jornal republicano, mas já incomodava muito, a ponto de ter a sua circulação proibida no país – aonde chegava clandestinamente (sim, já existiam bons espíritos de porco naquela época).
Até 1999, o Dia da Imprensa era comemorado na data de fundação da “Gazeta do Rio de Janeiro”, o jornal da Coroa, criado em 10 de setembro também de 1808. Era uma interpretação mais conservadora do início da nossa imprensa, que considerava como primeiro jornal o que fora impresso aqui, em terras brasileiras.
Durante todo o período colonial foi proibida a impressão de jornais no Brasil, o que em muito atrasou o nascimento da imprensa brasileira. No Império, jornais não oficiais começaram a circular, mas a censura manteve forte vigilância sobre o que diziam.
O primeiro jornal republicano impresso no Brasil foi o “Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco” (1822) – de Cipriano Barata de Almeida, que hoje daria um bom blogueiro. Este é um personagem, inclusive, que merecia ser mais reverenciado por jornalistas e mais visitado pela produção historiográfica.
A saga das suas “Sentinelas” tem um tom épico que daria um bom filme. Depois de editada a primeira leva, Barata foi preso. E de dentro da prisão ele editava outra série, alterando o nome do jornal para incorporar uma referência ao local onde estava detido ou para onde precisava se mudar, fugindo da repressão.
Assim, durante sete anos de prisões e transferências, nasceram nomes atrevidos como “Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco, Atacada e Prêsa na Fortaleza do Brum por Ordem da Fôrça Armada Reunida”, “Sentinela da Liberdade Hoje na Guarita do Quartel General de Pirajá na Bahia de Todos os Santos”, “Sentinela da Liberdade na Guarita do Quartel General de Pirajá Hoje Prêsa na Guarita de Villegagnon em o Rio de Janeiro”, entre muitas outros, incluindo o inacreditável “Sentinela da Liberdade na Guarita do Quartel General de Pirajá Mandada Despòticamente para o Rio de Janeiro e de lá para o Forte do Mar da Bahia Donde Generosamente Brada Alerta!”.
Hoje, cada vez que se comemora um Dia da Imprensa, ou que se advoga a causa da liberdade de imprensa ou de expressão, presta-se uma homenagem a figuras como Barata e tantos outros. Na República, a sanha autoritária se manteve vigorosa, chegando aos anos sombrios da década de 70. E mesmo agora, há quem encontre meios jurídicos ou econômicos para exercê-la. Assim como a democracia, da qual é condição intrínseca, a defesa do exercício do livre jornalismo requer vigilância constante.
[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]
domingo, maio 31, 2009
Sentinelas da liberdade
Postado por Vitor Menezes às 16:08 Marcadores: Gaveta do Povo, jornais impressos, jornalismo
2 comentários:
Em Parintins fiz uma entrevista com uma jornalista. Estou esperando meu marido ter tempo de me passar, pois ele filmou ... Foi interessante e gratificante, ainda mais que fui com uma expectativa de ser uma "repórter" ... Não... não sou metida... é que isto está dentro de mim desde pequenina... quando brincava de ser Jornalista... Tinha até o momento do "intervalo" ( propaganda). E minha tia dizia:
"Espetáculos... TONELUX!"
Eu com aquele microfone... que era a vassoura...
O quê? Estão dizendo que eu deveria ter aproveitado para voar?
Aproveitei, sabia... kkkk mas a vassoura ficou ali... pronta pra minha tia fazer a reportagem. Ah... Tia Gildith... Como era bom!
Ai... me lembrei do pessoal do Avião... Meu Deus... que o Espírito Santo console as famílias que devem estar em desespero...Só o Consolador Espírito Santo!!!
Chi! Esqueci que a única liberdade que o Jonalista não tem é de falar de si mesmo...
Mas ainda bem que aqui é blog...
Mas, como gosto de aprender, vou me cuidar nisso... Ainda não aprendi. E o pior, isso ainda mostra uma grande soberba. E se eu falo tanto em humildade, tenho que aprender logo...
Humm... será que vou ter que abdicar de meu sonho... chi! Acho que sim. Ou melor, é melhor parar de falar de meus acontecimentos... é bem melhor...
Soberba é tão sutil...
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