domingo, maio 10, 2009

O mundo intermediário da calçada

Entre o mundo público e o mundo privado, entre a casa e a rua, há uma fatia de indefinição que se chama calçada. Claro que ela é pública, com acesso para todos e zelo regulamentado por lei municipal. Mas sua manutenção é particular, e reflete em boa medida o quanto os cidadãos cuidam ou deixam de cuidar da sua cidade.

Se fosse avaliada pelos seus passeios públicos, como se dizia antigamente, Campos seria reprovada no quesito civilidade. A maioria dos seus munícipes cuida mal da própria calçada, enquanto não se dá conta de que sofre para atravessar as calçadas alheias. Cuida ainda pior, provavelmente, quem menos as utiliza, entrando e deixando suas residências apenas de carro.

E a falta de zelo é igualmente disseminada por bairros e pela região central. Pobres, ricos e intermediários, quase todos, priorizam o que está do muro para dentro, e condenam a todos a qualquer improviso no espaço público.

O governo municipal não faz a sua parte de agente fiscalizador. Provavelmente porque não tem autoridade para tal, já que em muitas calçadas dos prédios públicos, a começar pela que circunda a própria sede da Prefeitura, ou a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (Palácio da Cultura), não é difícil encontrar buracos e desníveis.

Diante de problemas tão maiores quanto a queda na receita em royalties e o seu futuro incerto, a baixa qualidade do Legislativo municipal, a manutenção da farra dos cargos comissionados na Prefeitura, o não esclarecido submundo da compra de votos, a precariedade da saúde e da educação, parece até frescura de classe média reclamar das calçadas.

Mas, além de ser um sinal de como o município é tratado por todos, com consequências para todas as demais áreas, trata-se de uma mazela que atinge especialmente a população que mais se desloca a pé – a grande maioria, portanto.

Se tivesse uma política pública eficiente voltada para a conservação das calçadas, Campos poderia até mesmo desenvolver campanhas para estimular o cidadão a andar mais a pé, dado o seu favorável terreno plano – o que também deveria ocorrer com bicicletas.

Uma cidade de calçadas largas, bem cuidadas e sem obstáculos, refletiria na prática o tal amor que enxertaram no slogan da atual gestão municipal. Mas, para que isso aconteça, é preciso que todos revejam o modo como se relacionam com o mundo público. A começar pelos que são eleitos para tal.

[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]

[Todos os artigos no Monitor Campista desde 07/01/2007, aqui para cadastrados no site do jornal]

8 comentários:

Márcia Justiniano disse...

Vítor aproveitando o assunto em que concordo plenamenamente, deixo registrado também a falta de respeito dos nossos motoristas que utilizam as calçadas como estacionamento, colancando em risco a vida dos pedestres.Outro problema em nossa cidade, a falta de espaço para tantos carros, mas que se nossos motoristas não fossem tão preguiçosos e caminhassem um pouco(o que faz bem para a saúde)já aliviaria bastante.

Abçs

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Concordo com você, Vitor! É preciso preparar o político de amanhã, pois mazelas não são tiradas com facilidade . É preciso MILAGRE.

Sim. Entre o público e a calçada há o intermediário. E é neste intermediário que acontece o "MILAGRE". Vivo este inusitado e o blog tem sido para mim colocar em prática e quase em "prova" o que aprendi entre o privado e o público da vida. É ali no intermedário que ACONTECE. E eu não perco nem uma oportunidade de aproveitar o que acontece no...
Que hoje seja um dia de reviravolta nos intermediários públicos e privados...

Jorge Rocha disse...

olha ai, olha ai. esse texto faz parte da campanha - desde já vitoriosa ! - "vitor vereador". é o work in progress da plataforma politica deste jornalista, sociologo e escritor.

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Desculpa, não é spam, quero consertar: "entre o público e o privado" e não entre o público e a calçada... Eu sempre errando... que coisa...desculpa. Neste tópico não volto mais.

olha a palavrinha: etent. Quer dizer: "E tente só para ver..." hehe

Vitor Menezes disse...

Meu Deus, será que transplantaram o cérebro do César Ferreira para a cabeça de Jorge Rocha?!

Guilherme Carvalhal disse...

Caros

Eu, ex Cadê a Pedra Preta, estou lançando um blog novo, o http://guilhermecarvalhal.blogspot.com/

Comecei neste momento, com a proposta de continuar a escrever sopbre Itaperuna, mas de uma forma mais séria.

César Ferreira disse...

Eu acho que de sábado para domingo deixaram Vitor dormir na rua. Quer dizer, na mal cuidada calçada! Mesmo assim, Vitor Menezes 2012 ! Até lá os eleitores esquecerão essa bagaceira e fica tudo bem na foto.

César Ferreira disse...

Felipe Sáles tem uma revelação cabeluda sobre o assunto, mas tem medo de Vitor e fica fazendo fofoca pelo MSN. Isso é bonito? Não. Mas a galera adora!!

users online