domingo, janeiro 18, 2009

Todos juntos pelo Monitor

O recente questionamento acerca da legitimidade que tem o Monitor Campista para publicar, há mais de um século, o Diário Oficial do Município, enseja um debate sobre o modo como a cidade tem cuidado, ou deixado de cuidar, deste patrimônio histórico e cultural de 175 anos.

Por qualquer parâmetro que se adote, e com todo respeito às demais publicações, não há como comparar a importância do Monitor para o município. O jornal é mais antigo que a própria elevação da antiga Vila de São Salvador à condição de cidade, advento que completará 174 anos neste 2009.

E se tomarmos a história recente do município, o que se tem é o fato de que o Monitor Campista é o jornal que trata com mais equilíbrio os acontecimentos políticos, tem a melhor cobertura de cultura e a mais competente equipe de jornalistas do município. Para quem conhece a realidade da imprensa regional no país, e particularmente a de Campos, sabe que este é um grande feito.

Quem agora atenta contra o Monitor sabe que a retirada do Diário Oficial do Município do jornal poderia até mesmo provocar o seu fechamento. Embora não seja bom que uma publicação dependa do poder público para sobreviver, esta é uma contingência para os jornais da grande maioria das cidades brasileiras, diante da indigência ou da insensibilidade do setor privado.

O Ministério Público, e quem o acionou, precisam refletir sobre o mal que podem fazer ao município se provocarem o fechamento do Monitor Campista. Além disso, precisam considerar o caso orgulhosamente especial de Campos e do jornal centenário que abriga o seu Diário Oficial.

A lei deve servir para promover a justiça, e não parece ser injusto que o município decida, de modo transparente e soberano, manter o Diário Oficial em um jornal que, inclusive, merece ser tombado pelo patrimônio histórico e até mesmo obter incentivos para sua preservação – o que inclui o seu acervo de valor inestimável.

E os primeiros partidários desta causa deveriam ser justamente os demais jornais diários do município. Seria um gesto de grandeza e um serviço prestado à sociedade se estes abrissem mão de qualquer disputa com o Monitor Campista pelo Diário Oficial e se ativessem ao campo sadio da competição pela produção do melhor conteúdo e pela conquista do maior número de leitores.

É em momentos assim que a sociedade descobre quem é capaz de colocar os interesses comunitários acima dos interesses empresariais. E não faz jornal digno de credibilidade quem não tem compromisso com a história e respeito por um patrimônio como o Monitor.

[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]

7 comentários:

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

Vamos nessa, Vitor!
Avance com sim plicidade, verdade e transparência!!!!

Cassio Peixoto disse...

Todo mundo sabe quem está tentando tirar o Diário Oficial do Monitor. Agora, é preciso ter uma outra fontezinha de renda, já que os 180 mil reais da Prefeitura de Campos não vao mais cair na conta. Não há objeção de jornal algum para que o Diário Oficial continue no Monitor, só mesmo o jornal que entrou com a ação. Uma besteira, certamente vai brigar sozinho contra o Monitor, pois nenhum outro vai brigar por isso.

Anônimo disse...

Muito bom seu artigo Vítor, mesmo não estando mais lá, nem contribuindo com nada da produção concordo com tudo o que você disse. O Monitor deveria ser mais respeitado por todos.

Flávia Ribeiro

Guilherme Póvoas disse...

O problema é que a publicação dos atos oficiais é uma boca que todos jornais querem pegar. E patrão de redação é um ser bem difícil de compreender - se se for usar uma lógica humanitária e solidária.

Anônimo disse...

é fato que o momitor é um símbolo da cidade (como de certa forma uma livraria que fechou há pouco), mas é também um jornal privado, portanto se não tem como se manter que feche, e que depois ninguém fique com falso choro, pois se o referido jornal não vende o suficiente é porque nós campistas não lemos como deveríamos (mas gostamos de comprar roupas de marca)

Anônimo disse...

Tramem disse...
Não sejamos tolos a liberdade de expressão dentro do Monitor Campista estava diretamente ligada ao fato de ser o mesmo o Diário Oficial da municipalidade, por mais paradoxal que parece ter um aporte de recursos exatemente de acordo com o espaço que era utilizado era o que garantia ao Jornal uma relação não subserviente como os demais veículos que negociam não em centímetros de coluna mas em metros de subserviência, o verbo de acordo com a verba!
Assim sendo alguns pontos legais precisam ser esclarecidos:
A legislação federal não define que haja licitação para escolha do órgão ofical de estados e municipios e sim que leis próprias definirão, no caso de Campos a Lei Orgânica diz que deve haver.
A partir daí podemos iniciar um amplo debate;
mudar a Lei é salutar?
verificar os preços praticados pelos veículos que se inscerverem no certame em toda a região é importante?
Quanto o Monitor cobrava em São João da Barra? quanto a Folha da Manhã vencedora da última licitação naquele município vem cobrando? quanto paga Quissamã pela publicação na Folha?
Qual a relação da Folha com esses municípios a partir de um processo licitatório?
O atual Governo tem medo que algum outro veículo receba esses recursos sem ter que beijar suas mãos? Seria essa realmente a carta de alforria?
Sinceramente são sei como será daqui prá frente ,mas penso que o que o Monitor tinha era exatamente uma carta de alforria...
Temos fórum e Conselhos de tudo por que não um de Comunicação Social? Pq não acampanhar a abertura das propostas de licitação quando a mesma vier a acontecer? Vai acontecer?????
E o Ministério Público ?Se limitará apenas o conseguir junto ao Judiciário a realização de licitação?

19 de Janeiro de 2009 12:54


Xacal disse...
boas questões, que darão combustível para esse oportuno debate...

Splanchnizomai abraçando o amanhã. disse...

iiii, lá vem míssil!

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