"Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita algumas moedas ou um elogio em troca de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente o doce veneno da vaidade no sangue e começa a acreditar que, se conseguir disfarçar sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de garantir um teto sobre sua cabeça, um prato quente no final do dia e aquilo que mais deseja: seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente vai viver mais do que ele. Um escritor está condenado a recordar esse momento porque, a partir daí, ele está perdido e sua alma já tem um preço". Este é só o primeiro parágrafo de "O jogo do anjo", do espanhol Carlos Ruiz Zafón, autor do também genial "A sombra do vento". Em comum, apenas a livraria da família Sempere, que sobrevive numa obscura Barcelona do início do século passado, e um lugar chamado Cemitério dos Livros Esquecidos. Os dois são geniais. Mas deve-se ter certa cautela com "O jogo do anjo", pois não é daqueles livros para se ler num dia chuvoso.
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