Não consta que em períodos de bonança os empresários tenham aumentado salários de modo espontâneo, garantido participação nos lucros, reduzido jornadas de trabalho sem mexer no contracheque ou oferecido voluntariamente mais direitos e benefícios aos empregados. Por outro lado, basta um reforço no noticiário sobre a crise para que imediatamente apertem o botão da demissão em massa.
Normalmente associados ao estereótipo do ousado empreendedor, da liderança que corre riscos, os empresários quase sempre estão mais próximos, na verdade, de prudentes conservadores. Têm muito a perder, e temem muito por isso. Ao menor sinal de revés se encolhem, e o fazem por meio do encolhimento da folha de pagamentos.
E não estão errados. Pelo menos dentro da lógica por vezes erguida e por vezes imposta do capitalismo. Não são lobos-maus. São apenas covardes, como a maioria das espécies animais, para usar uma associação frequente entre o mundo das finanças e o vale-tudo da sobrevivência selvagem.
Não consigo imaginar criatura mais assolada por medos do que aquela que tem um pequeno império para cuidar. No exercício do seu micro-poder se sente um deus, testando forças, dispondo da vida de centenas ou até de milhares, enquanto desconfia de conjugues, filhos, irmãos, sócios e até de si mesmo.
Diferentemente de Marx, não chego a acreditar que constituam uma classe, mas isso não significa que não seja possível perceber traços comuns no modo como atuam, a despeito de uma ou outra exceção. Os empresários têm nos números, que tanto cultuam, o balizador das suas atitudes. E são estes que mostram que a diferença entre demissões e contratações ultrapassou os 600 mil em dezembro de 2008, em favor das primeiras.
Não duvido que os tempos realmente sejam difíceis. Não tenho elementos para desconfiar dos prognósticos sombrios para 2009. Mas não me comove a choradeira patronal – que nem chega a ser surpreendente, de tão constante, seja qual for o cenário econômico.
Dou crédito apenas a pequenos e micro-empresários. Estes aprendizes de feiticeiro quase sempre têm razão quando reclamam da burocracia, da corrupção do poder público, do excesso de impostos, e dos impactos de uma crise como esta que atravessamos. Mas estes são apenas estagiários, treinando com um choro autêntico a prática do pranto fingido dos grandes para o caso de chegarem lá.
Isso não torna santos os trabalhadores. Mas são, no entanto, mais frágeis nesta relação. Imersos nesta cultura, muitos acreditam sinceramente que um dia poderão estar do outro lado da conta bancária, na condição de pagadores de salários. Mal conhecem as endurecidas taxas de mobilidade social brasileiras – o que significa dizer que continua sendo muito difícil que um pobre se torne rico –, embora as vivenciem.
Nesta semana houve manifestações de centrais sindicais em defesa da manutenção do emprego. Quando unidos, os trabalhadores podem muito. Tanto para acertar quanto para errar. Por vezes até mesmo conseguem povoar os pesadelos patronais, colocando empresários realmente na situação de risco que tanto gostam de dizer viver.
[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]
domingo, janeiro 25, 2009
Em caso de medo, demita
Postado por Vitor Menezes às 10:24 Marcadores: crise, economia, empresários, Gaveta do Povo
6 comentários:
RH sempre foi assim, mesmo. A crise é sempre uma constância, segundo dizem. O interessante é que tudo isso é fruto mais do medo. Até agora a tal instabilidade financeira, demonstrou-se ser aquela criada pelo medo da possível crise, acho.
A crise financeira mundial tem sido foco de notícias diárias nos mais variados canais de comunicação e se tornou um dos assuntos mais discutidos e preocupantes do meio organizacional. Estava lendo, no RH.com, sobre a pesquisa "Efeitos da Economia sobre Programas de RH", realizada pela Watson Wyatt junto a 245 executivos de Recursos Humanos, que atuam em diversos países da América Latina... Esse trabalho tomou como base um universo pesquisado de empresas de diferentes portes, ramos de atividade e origem de capital, sendo que 52% consideraram ser globais. Resultado: "aproximadamente 44% das companhias entrevistadas não se mostram otimistas em relação à crise financeira mundial e, muitas delas (75%) confirmaram que algumas ações já foram implementadas com o objetivo de prevenir possíveis impactos negativos em curto e médio prazo - 43% seguiram uma decisão global, 39% adotaram determinações locais (país) e 18% em toda a região (América Latina). Dentre os principais motivos para essas ações, o estudo destacou: redução de custos, medidas preventivas frente ao atual cenário e redução do volume de vendas e de produção.
Estima-se que os processos mais afetados na área de RH serão: recrutamento e seleção (34%) e remuneração (33%). Já entre os menos abalados estão: avaliação de desempenho (16%) e planos de sucessão (17%). De uma forma geral, as principais mudanças que o setor começou a enfrentar foram o congelamento de contratações - 44% dos participantes já realizaram e 40% adotarão o mesmo procedimento nos próximos 12 meses - seguido pela eliminação ou redução das ações de treinamento e desenvolvimento - 23% dos entrevistados já efetuaram e 43% o farão em até um ano. Segundo a pesquisa, ainda estão previstos problemas como: redução dos custos, demissões e aumentos salariais, que incidirão no clima organizacional e na motivação dos funcionários.
Mesmo com a incerteza que paira no mercado, aproximadamente 60% dos participantes dizem não aumentarão a oferta de mão-de-obra no mercado, mas 73% apostam que a crise afetará os reajustes salariais. No que se refere ao clima organizacional, quase metade dos executivos disseram que o mesmo não será influenciado pelo cenário econômico. Já 39% dizem que o mesmo será atingido negativamente e apenas 13% acreditam em um cenário positivo.
A pesquisa conduzida em outubro pela Watson Wyatt, nos Estados Unidos, concluiu que apesar de a maioria das companhias acredita que a crise financeira afetará os programas de RH, esta resiste a fazer mudanças drásticas em curto prazo. Contudo, o estudo apontou que 19% das empresas pesquisadas já tinham realizado demissões e outras 26% esperavam fazer o mesmo nos 12 meses seguintes. Aproximadamente 30% congelaram novas contratações e outras 25% também pretendiam incorporar profissionais no quadro interno em até um ano."
O negócio é encarar. E vamo que vamo, né?!
Vitor que "olhar sobre" esse seu, hein?
Seu João cidadão brasileiro é um exemplo de vida. Nascido no subúrbio do Rio de Janeiro carregava consigo a árdua tarefa de vencer na vida, conquistar o seu sonho (ser independente financeiramente). Com o apoio dos pais, seu João se dedicava aos estudos, ainda que esse fosse atrapalhado pelas horas extras quase que obrigatórias que fazia na oficina em que trabalhava como assistente durante o curso profissionalizante.
Ainda que nada tenha sido fácil, a esperança que nutria sua vontade de vencer parecia ser inesgotável e, corajosamente, seu João terminou o seu curso profissionalizante e foi promovido a técnico após isso. Com tanta coragem seu João pode se casar, ter filhos e uma casa própria. Não era muito, mas ainda assim podia sobreviver sem passar fome.
Certo dia, devido a um problema de saúde, seu Bento, dono da oficina, conversou com seu João avisando que iria fechar o estabelecimento, mas que havia arrumado outro emprego para seu João na oficina de um primo. Com muita sabedoria e, principalmente, muita coragem, seu João optou por não aceitar o emprego, e, com o resto das suas economias, decidiu comprar a oficina de seu bento e tentar progredir em seu próprio negócio.
Tudo ocorreu como o planejado e, em alguns anos seu João pode pagar para seus filhos uma escola particular, coisa que achava primordial, e ao notar que sua esposa estava cansada, conseguiu contratar uma empregada para ajudá-la. Tudo parecia perfeito até o dia em que os carros começaram a vir com injeção eletrônica de fábrica, tecnologia a qual seu João infelizmente não dominava.
Devido a esse “problema” a renda que Seu João conseguia com a oficina acabou reduzida em 30%. A redução não era algo para a qual seu João estivesse preparado, o que o levou a fazer uma difícil escolha: ou seu João colocava suas crianças em escolas públicas, continuava com a empregada (que certamente precisava do emprego) e investia um dinheiro em cursos para a manutenção de carros com injeção eletrônica, ou ele deixava as crianças na escola particular (coisa que ele sempre deu prioridade), continuava com a empregada, ajoelhava e rezava para que os novos carros não fossem mais com injeção eletrônica, caso contrário sua oficina iria à falência, o que iria fazer com que ele demitisse a empregada, tirasse as crianças da escola, vendesse a casa própria e passar fome até que ele consiga algum emprego razoável.
Perplexo seu João opta por demitir, ainda que contra seu gosto, a empregada na esperança de se reerguer financeiramente e, quem sabe, contratá-la novamente no futuro. Ao saber de sua decisão, conhecidos e até mesmo amigos, os quais nem sequer pagavam por certos serviços quando seus carros estavam com defeito e precisavam de reparos, ficaram chocados e em toda “rodinha de amigos” a frase era a mesma “nossa seu João é mesmo um covarde”.
Vários erros de português no seu texto, hein?
Só um exemplo: "são estes que mostram que a diferença entre demissões e contratações ultrapassou os 600 mil em dezembro de 2008, em favor das primeiras."
O correto seria ultrapassaram!
E você colocou conjugue, o correto é cônjuge.
Como que um texto recheado de erros de português é publicado em um jornal? Putz!
Está precisando ter umas aulas de português!
E ainda se auto-intitula jornalista. E o Framengo? E a bicicreta? Eeee Cabrunco
Dona Auci, que aula de RH hein!... Seu Bruno, sua historinha é bacana, mas não estava falando do João da oficina não é?... E, anônimo da 0:30, brigadão aí pelo puxão de orelhas (isso é que dá continuar escrevendo nas férias!). No artigo da próxima semana acrescentarei sua observação ao já necessário "erramos" em razão de problemas de edição na versão impressa (que cortou o final). Abraços para todos!
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