[usina de idéias]
Consenso de Washington, go home !
Não minta para esta coluna. Qual foi o evento que o caro leitor acompanhou com mais intensidade no mês passado: o Fórum Social Mundial ou o Fórum Econômico Mundial ? Se, por um lado, já foi dito que o FSM pretende discutir o tal capitalismo humanizado – seja lá o que isso signifique –, não é difícil constatar que o receituário do Fórum de Davos permanece inalterado. Lá, entre uma e outra aparição da vice-diretora gerente do FMI, Anne Krueger, para ficarmos em um exemplo sintomático, reforçava-se de maneira absurda o quanto o Consenso de Washington ainda baixa o coturno por estes lados das Américas. O acordo pontual entre economistas e políticos americanos e da América Latina nos aspectos macroeconômicos – valha o termo – é avesso à mudanças significativas, atendo-se ao seus dez mandamentos cunhados em novembro de 1989, sob a benção do Institute for International Economics.
Resolver os problemas do mundo é coisa de vagabundo
Dedo indicador em riste aponta diretamente para o economista John Williamson. Queridinho de vários economistas espalhados pelo mundo – inclusive os da PUC-RJ que fizeram parte do governo FHC –, ele foi o criador do termo. Williamson sintetizou o caminho para o paraíso econômico neoliberal. É tudo muito simples: basta haver controle do déficit fiscal, cortes de gastos públicos, reforma tributária, administração das taxas de juros e administração da taxa de câmbio. Sem esquecer a política comercial de abertura do mercado e liberação de importações, além de liberdade para entrada de investimentos externos. E não pode faltar a privatização das empresas estatais e desregulação da economia juntamente com eliminação de leis trabalhistas. E mais garantia de direitos de propriedade. A Argentina é um exemplo de país de seguiu à risca a cartilha e o Brasil não dá mostras de fazer muito diferente.
Combustível
Os ativistas estão elaborando
Perdeu-se a conta de quantos livros voltados para discutir as mazelas do mundo foram lançados no FSM, como Contendo a Democracia, de Noam Chomsky. Vale destacar ainda a presença de Tariq Ali, autor de Confronto de Fundamentalismos e Naomi Klein, autora de Sem Logo, que terá o livro Cercas e janelas lançado no Brasil em março. Apesar de serem temas fortes, somente são discutidos com essa veemência porque são pontuais e estão na crista da onda. Há a carência de produção voltada para destrinchar o Consenso de Washington, caso queiramos mesmo entender a que pontos chegamos.
domingo, fevereiro 02, 2003
Postado por Jorge Rocha às 20:12
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