Juliana Krapp / Em colaboração para o portal cultura.rj
O mocinho trabalha numa padaria e quer melhorar o mundo por meio da arte. Sua mãe é merendeira da escola e esconde um segredo. Um deputado e um dono do jornal vivem um embate político. Um médico dado como morto reaparece, 20 anos depois, com a chave para o passado nebuloso de algumas pessoas.
Como se vê, a trama não economiza nas clássicas fórmulas folhetinescas. E esse é um dos motivos para que a expectativa em torno da novela Cidade Jardim cresça a cada dia em Cabo Frio. É o balneário fluminense – mais especificamente Jardim Esperança, um bairro periférico – que serve de cenário à primeira telenovela da Região dos Lagos, exibida no canal a cabo Jovem TV a partir de julho.
Cidade Jardim tem sido inteiramente criada por um grupo de pessoas que vivem no município fluminense, muitos deles sem nenhuma experiência artística. O autor da ideia é o historiador Guilherme José Motta Faria, conhecido como Guaral, que mora na cidade há 15 anos. Ator, diretor e roteirista nas horas vagas – ganhou inclusive um Prêmio Mambembe em 1998 com o texto Conversa de Pescador -, Guaral concebeu uma sinopse que pudesse retratar o dia a dia no bairro, um dos que apresentam maior taxa de crescimento nos últimos anos.
“O bairro Jardim Esperança cresceu muito, e tornou-se uma espécie de cidade. Por isso, aliás, demos esse nome à novela”, explica Guaral.
Cidade Jardim terá 60 capítulos, de meia-hora cada. Serão exibidos duas vezes por semana, às 22h, com reprise no sábado ou no domingo – o que ainda será definido. Os 23 personagens são vividos por pessoas que, em geral, conciliam o trabalho na novela com outras profissões. Há estudantes, funcionários da indústria petroleira, jornalistas, professores. A grande maioria mora em Cabo Frio ou em Macaé. E há, ainda, atores com certa experiência artística, como Tânia Arrabal, que conta histórias com bonecos, e Mauro Silveira.
O protagonista Edu é vivido por Obed Fersof, um jovem de 27 anos que teve algumas passagens pelo teatro amador. Seu par romântico na novela é Dalila, interpretada pela estudante Lorena Brites, de 20 anos, que nunca havia atuado antes. A seleção dos atores foi feita por meio de um teste de elenco que teve 90 candidatos.
Crowdfunding
Na ausência de cenários profissionais, a equipe usa o espaço cedido por um projeto social do bairro. O lugar ora vira igreja evangélica, ora a casa de algum personagem. Uma empresa de comunicação criou um blog para a novela, que apresenta os perfis de cada ator – o que inclui desde as suas preferências gastronômicas até seus hobbies – e as novidades das gravações.
“O mais difícil tem sido conciliar as agendas dos atores, que têm atividades paralelas à novela, com as horas vagas do espaço que usamos como cenário e a disponibilidade dos técnicos”, conta Guaral, que tem procurado várias soluções para o impasse financeiro de sua empreitada.
A mais recente é a campanha “Produção Associada”. Aos moldes do crowdfunding, ela busca arrecadar fundos pela participação voluntário de qualquer pessoa, com valores entre R$ 5 e R$ 1 mil. Quem colaborar receberá um brinde: adesivos da novela, camisa, CD com a trilha sonora, visita ao set de filmagem, convite para pré-estreia ou comercial de apoio.
[Foto: Divulgação]
quarta-feira, junho 29, 2011
Moradores de Cabo Frio criam novela para retratar realidade local
Postado por Vitor Menezes às 15:29 Marcadores: audiovisual, cabo frio
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