domingo, março 21, 2004

Um quase Marçal Aquino ?
Esse é um dos contos que mais gosto do caro amigo Márcio Aquino. Este digníssimo sujeito, o único que eu conheço que sabe imitar gato com um frasco vazio de desodorante, tem um livro pronto, chamado "Chicletes e prazer", literatura pop de alta qualidade - e não essas bagaças que vemos por aí. Segurem um conto bang deste malaco.
Happines is a warm gun
Era adolescente quando viu seu pai ser assassinado em seu portão. Um ... dois ... três tiros à queima-roupa. Dívida com traficantes. Nunca conseguiu esquecer daquele rosto e daquela arma fumegante.
O tempo passou e a vida lhe ofereceu duas opções: vingança ou seguir a palavra do Senhor. Optou pela segunda.
Com o tempo, virou pastor de sua igreja e, talvez como forma de xorcizar a lembrança daquele distante dia, resolveu trabalhar na evangelização de criminosos em penitenciárias. Pelo menos três vezes por semana, adentrava com sua surrada Bíblia pelas frias grades para levar a palavra de Deus e, quem sabe, salvar algumas almas.
Os carcereiros não entendiam porque ele insistia tanto em salvar a alma perdida daquele traficante e frio assassino, que ele parecia dar uma maior atenção.
- É perda de tempo - diziam eles.
Naquela tarde, como de costume, sentou-se diante daquele presidiário especial. Abriu a velha Bíblia, cujas páginas estavam cortadas a estilete, de modo que havia virado uma embalagem onde o antigo revólver que herdara de seu pai se encaixou. Um truque que aprendeu em algum filme.
Apertou o gatilho uma ... duas ... três ... quatro vezes. Ganhou por 4 x 3.
A felicidade é um revólver quente.

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