segunda-feira, março 22, 2004

Invadindo a zona branca
O bróder Ademir Assunção me mandou esse texto há um tempo. Não sei porque não publiquei antes. Tenho pensando em usar a última frase como título de um conto.

As ruas estão estranhas esta noite


Pétalas destroçadas tingem a noite de vermelho.

Mister Morfina se arrasta pelas ruas,

os bolsos cheios de câmaras-de-ar furadas, tranqueiras,

e cacos de vidro.

Peixes coloridos saltam sob a luz dos semáforos.

Uma Rosa cospe um blues na poça das sarjetas.

Um Opala caindo aos pedaços bate de frente no Monumento aos Desesperados Anônimos.





O vidro do aquário se estilhaça.

Os peixes fogem montados em motocicletas envenenadas.

Orelhões suicidas gritam palavras obscenas para velhinhas traficantes.

Mister Morfina acende um cigarro

e observa a palidez de 50 topmodels

que desfilam descalças na passarela cheia de cacos de vidro.

Deus está solto. E dizem que Ele está armado.

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