sexta-feira, abril 11, 2003

O caos
O desabastecimento d’água em Campos vem produzindo um cenário comparável ao de uma grande guerra. Pessoas abrindo poços em todo canto (fizeram um em plena calçada da rua Carlos de Lacerda!), gente brigando por um balde d’água. Famílias paupérrimas, cuja renda não possibilita sequer a compra de uma caixa d’água, vivendo Deus sabe como. Num clima tropical, o povo suando a camisa para arrumar água, mas sem poder se dar ao luxo (!) de tomar banho. É um verdadeiro atentado à dignidade humana.

Enquanto o povo sofre, há quem se regozije com a prisão do diretor da empresa Cataguazes. Que belo espetáculo, o “safado”, com as mãos algemadas, sendo colocado dentro daquele camburão! Em Brasília, a ministra comemora: “Ponto para o Congresso, que aprovou a Lei de Crimes Ambientais”. Pronto, o culpado está preso, sigamos nossas vidas! Ora, vamos falar sério. Onde estavam os órgãos ambientais que não viram aquele depósito imenso de rejeitos químicos, totalmente irregular, prestes a ganhar o Rio Pomba? Quem era o responsável por aquela área de Minas Gerais? É indispensável que isso seja investigado, e que os profissionais que se omitiram sejam responsabilizados.

Estamos falando de funcionários públicos, pagos pela população para fiscalizar o meio ambiente. Como quaisquer outros funcionários públicos, eles devem prestar contas de seu trabalho. A prisão do diretor da empresa pode até amedrontar empresários em situação idêntica, mas, de modo algum, contribui para, efetivamente, prevenir novos crimes ambientais. O país precisa é de órgãos fiscalizadores que realmente funcionem. Aliás, se prisão inibisse algum tipo de crime, viveríamos no País das Maravilhas. E, por falar nisso, é bom lembrar que Campos continua praticando um grave crime ambiental, que é o despejo in natura de todo o seu esgoto no Rio Paraíba. Se começarmos a defender a prisão de todos os que praticam crimes contra o meio ambiente, talvez falte lugar para todos ...

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