quarta-feira, abril 23, 2003

Espaço
Pegando carona na idéia do Jorge em abrir espaços para poesias, contos e demais textos, resolvi compartilhar com vocês um que escrevi há algum tempo.

Assim como antes.


É, não tem jeito. Tenho que aprender a conviver novamente com você. Não sei por que mas hoje, especialmente hoje, voltei a sentir sua presença. Acho que foi pela xícara de café que ficou esquecida em cima da mesa. Ou pelo único par de chinelos que restou ao pé da cama. Ou, quem sabe, pelo abraço que não recebi ao acordar. Sei lá. Talvez os poetas possam explicar porque você sempre traz esse vazio quando chega. Eles sempre têm algo a dizer quando o coração teima em se fazer presente. Atrevo-me a abrir uma garrafa de cerveja mas a falta de convivência entre nós é tão grande que apenas seu cheiro me afasta. Definitivamente não temos nada em comum e qualquer caso entre nós é totalmente impossível. Lembro-me das cenas de filmes, novelas, dramalhões, qualquer coisa do gênero, nos quais a cena do homem com a garrafa de bebida sempre é a solução para amenizar as dores. Porém, para minha sorte ou para meu azar, não funciona comigo.
Também não sei por que mas me lembrei da época da faculdade. Quando chegava à casa e tomava verdadeiros porres d’água com uma das minhas maiores amigas, a Viviane, que há tempos não vejo. O líquido bastava para curar nossas desilusões amorosas, a falta de dinheiro ou até para ajudar a atravessar mais uma noite de solidão. Anos depois, no campo afetivo, pouca coisa mudou. Minto. Sinto falta da Viviane, dos amigos da faculdade, do barzinho, das músicas que animavam nossas conversas animadas...
Mas não dá para voltar no tempo. Tudo isso já passou. Ficou apenas na memória. Apenas você insiste em continuar me seguindo. Às vezes dá uma trégua, mas de um jeito ou de outro está sempre presente.No entanto, já que não dá mesmo para ignorá-la, vamos em frente. E, seja bem-vinda, solidão.

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