sábado, abril 28, 2007

Uma abordagem original sobre o "Control C"

Um artigo sobre o "control-C / control-V" nos trabalhos apresentados pelos alunos nas Faculdades provocou um animado debate hoje no Grupo de Trabalho de Ética e Teoria do Jornalismo, durante o 10º Encontro do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, realizado em Goiânia (leia mais sobre o evento abaixo). De autoria do professor Antônio Carlos Cunha, da Universidade Católica de Goiás, a pesquisa vasculhou 41 sites que oferecem trabalhos prontos e 44 comunidades do Orkut que reúnem interessados na mesma prática.

Um dos mais curiosos e estruturados é o Zé Moleza, que anunciava a disponibilidade, há pouco, de 22145 trabalhos. Sob a justificativa de que democratiza o conhecimento, tornando público o trabalho que morreria na lixeira, o site diz que se propõe a ser uma "fonte de pesquisa extraordinária", que "será de grande importância acadêmica". Ou seja: a grande sacada é não estimular oficialmente a usurpação do trabalho alheio para apresentar ao professor — isso é feio, ora —, mas apenas utilizar outros trabalhos enviados por alunos como fontes de pesquisa para que o estudante faça o seu texto original.

No Orkut, há comunidades que se dedicam a esta forma, digamos, inusitada, de solidariedade. São exemplos a "Eu odeio monografia", a "Malandragem na Faculdade S.A." e a "Monografia fode com a gente". O autor entrou nestas e em outras comunidades, se identificou como pesquisador, e conversou com os participantes. A maioria utiliza o argumento da "falta de tempo" para justificar a prática.

Segundo Cunha, o fenômeno precisa ser compreendido não somente em seu aspecto jurídico — afinal, pegar o trabalho de outra pessoa, dizer que é seu e entregar ao professor é crime. Sua proposta foi a de pensar metodologias de ensino que se relacionem com os novos meios e, especialmente, discutir com o alunado a própria lógica que leva estudantes a considerarem normal um comportamento, no mínimo, anti-ético. "Hoje estão considerando que pensar é uma perda de tempo, não mais um exercício de autonomia. Não se trata de combater a cópia, mas a lógica que leva à cópia", disse.

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