Gritos na multidão
Não sou chegado à multidão, tampouco à multidão em eventos literários. Dá vontade de cavar buraco e sumir ali dentro. Ou de sair atirando naquele pessoal que fica se espremendo nos corredores apertados. Ou as duas coisas, tanto faz. Mas tive fortes motivos para ir até o Riocentro, no último sábado, conferir a Bienal do Livro. Bom poder rever amigos cujos textos gosto bastante, como Marcelino Freire e Ivana Arruda Leite – que acabou me dando de presente o Falo de Mulher, livro que eu ainda não havia lido [mea culpa, mea culpa]. Melhor ainda poder conhecer ao vivo parte do staff carioca da revista Falaê ! – o que acabou extirpando parte do asco que eu sentia por cariocas; ainda há hospitalidade e camaradagem à beira mar .... ops – e o grande Edyr Augusto, autor de Moscow, entre outros livros indispensáveis à biblioteca particular. E ainda ter fôlego para falar mal do rock nacional com Arthur Dapieve e prosear com Fausto Fawcett.
Depois de andar – e me chatear um tanto - pelos pavilhões – troço mais brega: pavilhão azul, pavilhão verde, pavilhão vermelho ... – acabei comprando Sexo, do André Sant’Anna. Junto com esse livro, voltei para casa com BaléRalé, do Marcelino – que inaugura a coleção LêProsa, da Ateliê Editorial, juntamente com o inédito A.S.A. – Associação dos Solitários Anônimos, de Rosário Fusco –, Geração 90 – os transgressores, coletânea organizada pelo Nelson de Oliveira – que resolveu não ir só para não me pagar cerveja - e O colecionador de segundos, da Mara Coradello, que faz parte da coleção Rocinante, da 7Letras. Aguardem as resenhas e outras narrativas bizarras: jornalismo malaco comanda !
Mas por que estou falando sobre isso mesmo ? Ah, sim ! Tó pra vocês, chupins desmemoriados, que andam dizendo que a literatura nacional anda sem fôlego. Uma simples ida à Bienal mostrou – como se isso fosse preciso mesmo - que vocês andam sem sentido ... Esperem só quando chegar a Primavera dos Livros, que acontecerá em setembro e outubro, respectivamente em SP e RJ.