Foi bom, muito bom mesmo, enquanto durou. Mas a Mult TV não cumpriu o acordo firmado à moda dos homens decentes: apenas na palavra. E o acordo continha somente uma cláusula, a de que o programa não seria censurado.
Então chegou o dia em que veio a censura, justamente na edição que marcava a volta depois de algumas semanas fora do ar (período em que a TV perdeu todos os equipamentos e teve que obter recursos para comprar novos).
Do programa veiculado nesta semana foi cortado, por decisão da Mult TV, uma referência jocosa que fiz em relação a outro programa da casa, o Edimelo Apresenta. A situação é incrivelmente cândida, e é até difícil supor que seja ela mesmo a razão para a censura ao programa. Álvaro faz uma daquelas cenas brincalhonas de costume e eu comento algo como "desse jeito você vai acabar no Edimelo". Digo "algo como" porque realmente não me lembro da citação exata, e nem mesmo lembrava que ela havia sido feita.
Na edição, veio a ordem para cortar a minha brincadeira com o Edimelo (que não conheço, até me parece boa gente, e creio até que, pelo bom humor que demonstra no programa, não teria se importado, assim como nós na Mercearia sempre rimos dos nossos próprios defeitos, falhas e limitações, tendo até mesmo lido no ar e-mails que esculhambavam com a gente).
O comentário é tão sem importância que, não fosse o Gustavo nos chamar a atenção para o corte, sinceramente eu não teria percebido.
Mesmo assim, decidimos (eu, Álvaro Marcos e Ricardo André) que não poderíamos aceitar o precedente de ter as nossas opiniões controladas por censuras idiossincráticas. Sem falsa modéstia, não precisamos disso e não concordamos com isso [como, a propósito, preconiza o inciso III do artigo VII do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros]. Diferentemente de nós, o Gustavo Oviedo, único da Mercearia que é funcionário da Mult TV, e único de nós que não é jornalista, disse ter "entendido" as razões da emissora.
Lamento muito a necessidade dessa decisão. Gostava muito, repito, de fazer o programa. Passamos nele ótimos momentos e eu até mesmo cheguei a ter esperanças de que algo poderia ser diferente numa TV Comunitária. Nos enganamos. Mas, enfim, fizemos a nossa parte, enquanto foi possível.
sexta-feira, dezembro 03, 2010
Censura da Mult TV faz Mercearia Campista fechar suas portas definitivamente
Postado por Vitor Menezes às 14:27 Marcadores: mercearia campista
14 comentários:
Lamentável!
Vitor, acredito que o Programa pode ser feito sem a estrutura da MultTV e sua veiculação nos blogs e sites(NF10, Urgente, Alvaro Marcos, Mercearia....), enfim. Como vc mesmo diz, foi bom enquanto durou, 2011 está na porta, hora de planejar novos projetos!
Debaixo desse angu tem caroç($)o!
Acredito que foi apenas uma gota para tirar o programa da grade... afinal de contas, como ficam os apoios governamentais diantes das críticas fundamentadas apresentadas no programa???
Força camaradas!
Absurdo a multtv ter feito isso sem nem tentar, antes, suborná-los. Ingrata, malvada. Quem ela pensa que é? Onde pensa que chegará assim? Se fosse a platinada, ah, se fosse A FSP, ou o ...ÃO, o dinheiro escorreria e, até hoje, ficaria o corte da cena inútil e insignificante apagada nos recôndidos do cerebelo. Hem? Hem?
"Falam-me em cultura, e eu saco logo meu cheque."
Paulo Francês.
Vítor, baixe sua bola, na boa. E amadureça profissionalmente.
Pense nisso.
Estrelismo numa hora dessas? Não força.
Vitor,
vamos montar uma MERCEARIRoA CAMPISTA, o CANAL, no youtube. Câmera, microfone, espaço consegue-se.
Jules, o Romeno.
Não via o programa com a assiduidade que queria, até porque moro em Macaé. Mas sempre que podia assistia alguns trechos pela internet. Fora a saudade da terrinha, apesar da pouca distância geográfica, era um modo de acompanhar as opiniões de 3 caras que gosto muito e que há muito tempo estão em minha vida. Vítor e Álvaro eram amigaços de meu irmão. Sobre Ricardo André, é até um pouco difícil falar de minha admiração pelo jornalista e pela pessoa. Há 22 anos, quando o conheci na casa de minha tia Lalá, sua amiga de sempre e para sempre, pensei em seguir a carreira de jornalista por sua causa. Uma das pessoas mais íntegras e especiais que conheço. O amigo que toda pessoa gostaria de ter.
Por estes e outros motivos, como o fato de serem profissionais de primeiríssima linha, é lamentável que este fato tenha ocorrido. Um péssimo presente de Natal para os campistas que buscam sair da mesmice dos canais locais, onde o que manda na programação são os jabás, as festinhas nas mansões de fulano e beltrano, os papos vazios, o puxa saquismo escancarado e constrangedor. Mas, ainda bem que esses caras não fazem isso. Há quem ache exagerada a atitude dos jornalistas. Eu chamo isso de coerência. Muitos sabem como a censura começa...
Que de alguma forma, a Mercearia ressurja com força em breve.
Abraços aos amigos!
Também acho que a Mercearia não precisa da Mult TV. Uma câmera na mão, apertar o REC e colocar no youtube da mesma forma que temos blogs e não somos contratados de nenhum jornal.
Cara, o que é isso companheiro! Vejo vc sujar um companheiro de programa por pura arrogância, não lhe parece demais! Menos, Vitor, menos.
embora gostasse do programa, apoio a postura de vocês.
Censura nunca mais!
Li a sua postagem, assim como li a do Gugu no "Caído". Compreensível, enso, ambos posicionamentos. Lendo a postagem do Gu e relembrando diversos episódios do programa (que via mais pela net) é dificil imaginar censura.Mas queremos sempre o ideal, perfeito... Não sei. Enfim. só tenho a lamentar. Tanto pelo fim do programa quanto pelo motivo que aconteceu.
bjo
INACREDITÁVEL QUE AINDA POSSA ASSISTIR A ESSE TIPO DE ARBITRARIEDADE.
MONTEM SIM UMA TV NA REDE.
ABRAÇOS DE SOLIDARIEDADE!
joca muylaert
Sinto muito Vitor... Assim como Aucilene, eu tb entendo os 2 lados dessa história e sinto pelo fato de ficarmos órfãos de um bom programa, coisa raríssima por aqui...
Vai fazer muita falta mesmo...
bjs
Pois é,a censura nunca morreu em nosso país, só não é mais oficializada, como nos velhos tempos. Acho a decisão de fechar as portas da mercearia nessas condições a mais acertada. Só acho que já éhora de ir buscando outras formas de se manter o projeto vivo, vide as sugestões aqui apresentadas.
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