terça-feira, janeiro 13, 2004

Lombroso
Na noite de ontem, eu e minha esposa fomos socorridos de carro por um outro casal que caminhava, como nós, na pracinha do Flamboyant. O casal, generoso, também deu a carona salvadora a duas senhoras em igual situação, esvaziando a praça. Esprememo-nos num gol (ou era palio?) e deixamos o lugar, aflitos. Motivo: uns seis ou oito rapazes chegaram com cara de quem está querendo aprontar. Não ameaçaram diretamente a ninguém, mas o bote parecia iminente. Dá pra entender? Eram negros, pobres, mal vestidos, alguns com cabelo louro de pagodeiro, e se movimentavam em bando ora para um canto da praça, ora para outro. É como se a praça não fosse também para eles. Na dúvida, ninguém ficou para conferir as reais intenções do grupo. Senti uma mistura de indignação com vergonha. Indignação por viver sob constante ameaça, vergonha por ter me rendido a tão primário preconceito.

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