sábado, abril 16, 2005

Morreu, morreu !
Na última quinta-feira, participei de uma mesa-redonda na Fumec, para debater a cobertura espetacularizada da morte do papa e seu "contraponto" relativo à chacina na Baixada Fluminense. Na mesa, estava junto a professores de Teoria da Comunicação, Edição e Técnicas de Reportagem. Mais uma vez, reforcei o mote "o jornalismo morreu". Outras considerações excelentes feitas pela participantes foram relativas à aplicação da teoria da agulha hipodérmica ou da bala mágica - Vitor, seus alunos sabem o que é isso ? - na imprensa, o peso dado à essas duas notícias na edição dos jornalões brasileiros e a questão velocidade versus memória na Internet. Para me ajudar nessas análises, convoquei João Paulo Arruda, que me enviou o seguinte e-mail, devidamente lido no debate:
"Cara, negócio é o seguinte. Só posso te responder como editor-assistente de jornalpopular. A cobertura da chacina da Baixada Fluminense foi muito boa por parte dos jornais aqui do Rio, até por dizer respeito a um público que consome nosso produto. Quanto ao jornalismo on-line, é preciso raciocionar com o fato de que chacinas - infelizmente isso acontece de fato - são fatos cada vez mais comuns na rotina de nossa sociedade. Essa chamou a atenção pelo grande número de vítimas e pelo método brutal de escolha (ou não-escolha) dos que iam morrer, além do fato de ser cometida por policiais militares - outra infeliz rotina. No caso do Papa, vale lembrar que João Paulo II era o Pontífice da mídia. Bem ou mal, ele estava sempre na foto. Tinha seguidores fanáticos e críticos ferozes. Além disso, era um Pontificado muito longo, 26 anos. Nesse imenso período, gerações de leitores nunca ouviram falar de camerlengo, conclave, cerimônias fúnebres reservadas somente aos sucessores de Pedro e outras papagaiadas eclesiásticas. É obviamente bem mais espetacular e misterioso que trinta miseráveis levando bala na Baixada Fluminense. Jornalismo, mais do que nunca, é espetáculo. E a agonia e os funerais do Papa são um espetáculo e tanto. Sendo assim, acho que a galera acertou o tom. Azar o nosso os dois fatos espetaculares terem acontecido ao mesmo tempo. E agora, só para não perder a chance da provocação, uma pergunta para você e seus alunos: o sucesso de "O código Da Vinci" e de "Anjos de demônios" influenciou o público a ter mais interesse em assuntos ligados ao Vaticano?"

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