domingo, fevereiro 23, 2014
Vai ter Copa
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Cassio Peixoto
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quinta-feira, fevereiro 20, 2014
Documentário "Forró em Cambaíba" na íntegra
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Vitor Menezes
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quarta-feira, fevereiro 12, 2014
[crônicas urgentes]
Pronta para o prazer
Álvaro Marcos Teles
Um pequeno contratempo na calça jeans clara, recém adquirida, quase fez Lourdes perder a hora. Mesmo com a temperatura relativamente baixa, o jeito foi apelar para o vestido justo floral, palmo e meio acima dos joelhos, zíper nas costas. Mal deu para se ajeitar, borrifar uma "misturinha mágica" no cabelo, passar glitter azul e preto no entorno dos olhos, pôr a apertada sandália bege, pendurar a bolsinha preta e partir. Chegou esbaforida no ponto, ainda a tempo de ser uma das últimas passageiras a embarcar no ônibus.
Não ligou para os olhares atravessados de toda ordem. As mulheres mais velhas a fuzilavam, misto de decoro e inveja. Os rapazes, era visível, imaginavam despi-la. Até o trocador e, depois, o motorista, apreciaram partes das coxas e, principalmente, sua exuberante bunda. Os quarenta minutos dentro do coletivo pareciam uma eternidade. Por volta das oito da noite Rogério a esperava no lugar marcado, espécie de refúgio dos dois: um quiosque encravado numa ruela entre duas das avenidas mais movimentadas da cidade.
O avistou logo na esquina, onde crianças se divertiam com brinquedos de madeira. Para ela, fogosa, encontrar o amante também era uma espécie de playground. Ignorava até que achassem errado deixar a filha de quatro anos com a mãe, uma evangélica que perdia os cultos noturnos das terças-feiras toda vez que tomava conta da criança. Pecado, no dicionário de Lourdes, era sinônimo de não encontrar o macho. Sorridente, se aproximou. E com o rebolado característico, de entortar qualquer pescoço masculino que cruzasse o caminho.
Ele estava como de costume: traje social, cheiroso e já degustando uma cerveja. Rogério cortejava até a si mesmo, parecia. Levantou, puxou a cadeira, como à moda antiga, a viu sentar e, então, chamou o garçom. Pediu só um copo, mostrando o dele. Ela não perdeu tempo e tascou um beijo que molhou a área compreendida entre a bochecha e o pescoço do rapaz. Virou-se e, ato contínuo, pôs as enormes unhas pintadas de vinho sobre a coxa dele. Era o sinal insinuante, a provocação, o exibicionismo gratuito, o fogo ardente.
Alguns cães trançaram as mesas em busca dos restos de comida no chão. Uma cachorra, prenha, branca e marrom, chamou a atenção. Frágil e obstinada, ao mesmo tempo. Lourdes se identificou. Literalmente. Pensou ser, ali, naquele instante, também uma cadela, só que no cio. Rogério cumprimentou um casal conhecido. O cara, gordinho bonachão, descobriu a tatuagem dela no tornozelo. A mulher, simpática e educada, adotou maior discrição. Lourdes, em chamas, já roçava o joelho, já mordia o lábio internamente, como os que muito desejam.
Poucas palavras, algumas ao pé do ouvido, bastaram. Veio a conta, e uma sensação de que, naquela noite, algo poderia ser diferente. Claro que a companhia de Rogério era puro deleite. Só que novembro, pertinho do verão, pedia um ineditismo. Ela ficou sem jeito. Afinal, já haviam experimentado de quase tudo. O quase fica para práticas sadomasoquistas, vontade de Rogério, escorregões sempre milimetricamente calculados dela. Embebedou-se de coragem, respirou fundo, suspendeu as sobrancelhas, e tascou o pedido: "Amor, me leva no China In Box?".
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Álvaro Marcos Teles
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quarta-feira, fevereiro 05, 2014
Por uma Fundação Monitor Campista
Os jornais impressos vão morrer. Mas o Monitor Campista não deveria ter morrido. E justamente em razão da morte anunciada deste tipo de mídia.
Quando, em 2009, o Monitor fechou as suas portas, lamentou-se a perda da circulação de uma alternativa de informação, a perda da condição de cidade sede do terceiro mais antigo jornal do país, e a perda da fonte de sustento para dezenas de trabalhadores.
Mas havia mais que isso. Perdemos uma oportunidade de termos, no futuro, um bem cada vez mais raro, algo que o município poderia ter escolhido preservar vivo para conservar um laço concreto com o passado, como quem preserva uma antiga igreja, um antigo solar.
Pode parecer exagero, mas via o Monitor Campista, daqui a 50 ou 100 anos, até mesmo como atração turística (como, a propósito, deveria ser Ao Livro Verde), sem prejuízo do seu potencial como empreendimento viável financeiramente.
Imagine, em um cenário onde há cada vez menos impressos, uma cidade ter para mostrar um jornal de mais de 200 anos, ainda em circulação, como teríamos daqui a pouco mais de 25 anos (o Monitor foi assassinado aos 175 anos!). O modo de fazer um impresso, as rotativas funcionando, a circulação, o próprio produto, tudo isso será muito curioso daqui a cem anos. É algo como ver a prensa de Gutenberg funcionando hoje.
Evidentemente esta não seria a única função do jornal. Todas as demais plataformas de leitura deveriam ser desenvolvidas (como vinham sendo), como qualquer outro veículo, e a sua missão de produtor diário de informação, naturalmente, deveria ser mantida.
Todos poderíamos acessá-lo em nossos celulares, ou nos óculos do google, o que mais aparecer, mas haveria, para orgulho caprichoso da cidade, uma pequena tiragem impressa para assinantes admiradores da publicação, para órgãos públicos, para os turistas.
Agora, quando discutimos os meios de trazer de volta o acervo do Monitor Campista para a cidade, insisto que não devemos pensar no seu legado como algo morto, que encerraremos em uma sala do Arquivo Público Municipal. É claro que a vinda do acervo será um passo importante, e espero mesmo que consigamos, mas não podemos ficar apenas nele.
O futuro que sonho para o jornal é o retorno da sua publicação, editado por uma Fundação Monitor Campista, que conserve o seu acervo, viabilize o acesso de pesquisadores e turistas, seja um centro de preservação da memória da imprensa local, e consiga demonstrar que a força histórica do Monitor conseguiu ser maior do que a omissão de uma geração que permitiu a sua “descontinuidade” em um remoto 2009.
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Vitor Menezes
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sábado, fevereiro 01, 2014
Adão e Eva
[crônicas urgentes]
Adão e Eva
João Arruda
Deus não criou Adão e Adão. Porque é assim que está escrito. É o certo, o sagrado, o natural. Tudo vem de Adão, do homem.
Uma costela de Adão foi tirada para que existisse a mulher.
Meio quadril de Adão foi tirado para que existisse o veado. É por isso que até hoje tem aquele negócio de andar como homem e andar como veado. Cada um manca pra um lado.
E a sapatão? O que Deus tirou de Adão pra criar a sapatão?
Um par de all star de cano longo.
Mas Sodoma e Gomorra...
Foram destruídas porque eram cafonérrimas. Foi justamente no Gomorra Fashion Week. Lot ficou hor-ro-ri-za-do com o mau gosto, o comportamento licencioso e levantou pra ir embora na hora. A mulher dele teimou em olhar pra trás, deu aquela quebradinha Gisele Bundchen e virou uma estátua de sal na hora...
Que punição severa...
A alternativa era desfilar por toda a eternidade no Osasco Fashion.
É claro que houve um velho testamento inteiro de debates antes da decisão de formar uma família e tornar a santíssima uma trindade.
Mas pense o que vão dizer na escola. Você vai ser o pai, ele vai ser o filho. E eu? Eu vou ser o quê?
O Espírito Santo.
Claro que o fanatismo azedou a ceia. A criança acabou sendo adotada. Por sorte ficou sendo filha de um casal maravilhoso. E duas mil crianças morrem toda hora até hoje porque Herodes era presidente da Comissão de Direitos Humanos da Judeia.
E Salomé bota um terninho, uma peruca loura e vai apresentar telejornal homofóbico. Dá vontade de postar: faz a dança dos sete véus aí, sua filha da puta!
Por muito menos que isso ela pediu a cabeça do João Batista.
Então, vamos mudar de assunto. Vocês viram que coisa linda o Félix?
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Vitor Menezes
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