domingo, novembro 30, 2008

Monumento da Abolição da Cidadania

Olhemos pelo lado bom. Como um monumento inclui o seu entorno para produzir significação, além das circunstâncias em que fora criado, pode-se dizer então que Campos acaba de ganhar um novo monumento com a instalação, na antiga Praça do Canhão, do conjunto de estátuas da Abolição, que foi retirado do Palácio da Cultura.

Agora em novo local, e associado a um canhão da Revolução de 30 que mira em sua direção, as esculturas passam a significar a estupidez da pior gestão da Prefeitura de Campos em todos os tempos. É um marco e tanto. E merecia mesmo um monumento.

Toda vez que o campista por ali passar, poderá se lembrar que precisa estar mais atento, em qualquer governo, se não quiser repetir momentos trágicos da história como este pelo qual passou a cidade nos últimos anos. Como a perspectiva de curto e médio prazos também não é muito animadora, o lembrete em praça pública é oportuno.

O prefeito Alexandre Mocaiber, de modo autoritário, limitou-se a publicar nota sobre a mudança. Não concedeu entrevista, não compareceu à reunião com conselhos ligados à cultura e ao patrimônio histórico, e não aceitou o pedido de que “congelasse” qualquer alteração até que a sociedade pudesse discutir melhor o assunto. Com uma celeridade inédita em seu governo cego a tantas outras necessidades, mandou executar e pronto.

Além da deselegância de envolver o falecido poeta Antônio Roberto em sua estultice, o prefeito apresentou os seus argumentos para a mudança de local. O principal deles, e bastante razoável, é o da preservação do entorno do Palácio da Cultura, que fora descaracterizado pelo monumento da Abolição.

Mas, se foi esta a verdadeira motivação, esperava-se que providências bem mais urgentes tivessem sido tomadas. A começar pela remoção de dois quiosques que ofuscam e enfeiam o panteão dos heróis. Ou, quem sabe, pela retirada de todas as grades que certamente não estavam no projeto original do jardim de Burle Marx. Talvez ainda a construção de calçadas nas quais os pedestres não tenham que driblar tantos buracos e sobressaltos.

Também ajudaria se o prefeito se preocupasse em não deixar o Palácio da Cultura exibir tantas goteiras, além de não ostentar tamanho número de puxadinhos divisórios internos, que igualmente atentam contra o valor estético do prédio.

No entanto, como resolveu começar tão tarde a sua preocupação com a preservação do Palácio da Cultura, no final do mandato, e justamente pelas estátuas da Abolição, teria sido então mais democrático se tivesse ouvido a sociedade (se é que ele sabe o que é isso, já que demonstrou confundi-la com uma conversa com menos de meia dúzia de pessoas) sobre o melhor local para a nova instalação.

Certamente a Praça do Canhão não é um deles. Muito menos sobre o “magistral pedestal” que não permite o acesso a portadores de necessidades especiais, idosos ou qualquer pessoa que não queira chamar a atenção sobre aquela espécie de bolo de noiva de mau gosto. Isso contraria a própria proposta do monumento, que é o de ser interativo. Assim como a estátua de Drummond, no Rio, ou a de Brigitte Bardot, em Búzios, e tantas outras, a idéia é tornar a aproximação possível. No caso das estátuas da Abolição, há até uma cadeira vaga que convida o visitante a fazer parte da cena.

Mas não falemos de mazelas. Como dito no início, olhemos o lado bom. E saudemos o novo Monumento da Abolição da Cidadania, agora instalado na Praça Alexandre Mocaiber.

[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]

[palavreiros]

Foto: César Ferreira

Felipe Sáles, jornalista, palavreiro.

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sábado, novembro 29, 2008

Bar do Estranho

O Urgente! anda com prazos muito difíceis de serem cumpridos, mas se ainda vale segue aí minha história sobre o Bar do Estranho.



A Arca do Estranho


Era noite de Natal e eu estava no último lugar onde o menino Jesus escolheria nascer neste planeta - e nem me refiro apenas a Campos dos Goytacazes. Era mais precisamente num punhado de metros quadrados, cercado por tijolos vermelho-sangue, na esquina das ruas Gil de Goes e Conselheiro José Fernandes, ali ao lado do Liceu e da Câmara Municipal. Estava acompanhado de Artur, Flavinha e sua tia Tânia. Ainda era cedo, umas 17h talvez, só tomaríamos aquelazinha antes da ceia. O problema foi o local - escolhido porque, simplesmente, era um dos únicos botequins da cidade com a cara de pau de abrir os porões em plena véspera de Natal. Imagina uma caverna cheia de cabeças-dinossauros urrando pelos cantos?, um tipo de Arca de Noé construída para naufragar junto com as espécies mais mal-feitas do planeta? Não é, no mínimo, o tipo de ambiente para o menino Jesus brincar com os carneirinhos.


Diziam que sua alma era sugada pelas paredes quando se entrava lá. Verdade ou não, é o único argumento que teremos por termos faltado ao 2006º aniversário de Cristo. Mas Ele há de entender. Sujeito estava lá numa boa, de bobeira, se distraiu e de repente a Terra girou até as 23h50 quando a terceira saideira chegava a nossa ceia. O dono do bar tinha todo o direito de nos expulsar às cadeiradas, mas o maldito infeliz sequer cogitou fechar as portas por dois minutinhos só para a porra do menino nascer. Ninguém tinha o mínimo de vergonha - e olha que eram muitos, umas 10 ou 30 pessoas, se bem me recordo. Só às 23h55, como se um raio fulminasse consciências e fígados, até o mais fétido bêbado ruborizou e sumiu na escuridão. Juro que, por um misto de curiosidade e confessa falta de vergonha, quis ficar para ver quanto tempo levaria até o próximo cliente aparecer. Meu plano durou só até meia-noite e sete.


Hoje, relembrando, já me convenço de que, de fato, minha alma talvez tenha grudado naquele lugar. Tanto que voltei para buscar.


Por volta de 1h, quando o bafo de cachaça já havia refestelado a ceia natalina, Flavinha me ligou à procura de sua tia Tânia, mas eu não tinha a menor idéia de onde ela estava. Na ânsia de chegar pelo menos antes do Papai Noel, cada um correu para um lado - e Tânia, que tinha ido ao banheiro, acabou ficando no bar. Casada há mais de 10 anos com uma mulher, Tânia mora em Guarapari e já se distraiu muito em comunidades hippies. É do tipo que qualquer lugar acima da terra está bom. Quando chegamos em seu “socorro”, ela já tinha até se enturmado e debatia sobre os mistérios do universo com um evangélico solitário. Caiu lá por acaso, quando voltava do culto. E o pobre diabo, que não tinha família para cear, associou-se àquela bonita mulher que se embebedava sozinha em plena noite de Natal num dos recantos mais obscuros da cidade. Àquela altura, o bar estava ainda mais movimentado, mas por um desses milagres natalinos conseguimos ir para casa. E o evangélico acabou indo junto, cear e embebedar-se madrugada adentro. Nunca mais o vimos, e pode ser que esteja a salvo. O evangélico foi mais um que se distraiu e teve a alma lambida pelos tijolos cor de sangue, mas Jesus não há de se chatear com um cara que lembra Dele todo dia.


Definitivamente, no Bar do Estranho, tudo pode acontecer. E olha que, há não muito tempo, até patricinhas passaram a freqüentá-lo – mas há tempo suficiente para inventarem lendas. Certa vez, narram os trôpegos, uma menina de uns 15 anos, vestindo o uniforme do Censa – um dos colégios mais cobiçados por quem cobiça colunas sociais –, teria passado no bar às seis da manhã e tomado um gole de 51. “Dieta!”, informou a cara-de-pau.


Essas e outras histórias, verdadeiras ou não, reúnem-se na comunidade dedicada ao botequim no site de relacionamentos Orkut, que aglomera mais de 400 pessoas em torno de furtivos debates sobre “bebidas, jogos de azar, shows e”, claro, “gente estranha”. E um dos assuntos mais debatidos é justamente o último ítem – o inusitado, quase uma peça decorativa do bar.


Na comunidade, as histórias são despejadas com doses descontroladas de maldade, como fofoca na roça. Sabe-se, por exemplo, do atendente bêbado que não entende porra nenhuma, do professor de dança de agarramento na porta do banheiro com o garanhão da cidade, da bicha velha com mania de dar chupão no pescoço e/ou mamilo dos jovens, do tiozão que estava sentado, bebendo e fumando um baseado numa boa, e até de um infeliz que foi lá e esqueceu a perna postiça. Às vezes, rola até um filme pornô - eu mesmo já vi. Na minha humilde coleção de histórias, há ainda o testemunho – ouvido dos próprios réus – de uma certa noite em que um padre se atracou com dois demoniozinhos desnorteados pelos odores da cidade.


Se é impossível comprovar a veracidade de todas as histórias – e se é que faz-se necessário –, algumas já são de domínio público. Em 4 de outubro de 2007, por exemplo, o jornal Folha da Manhã publicou a notícia do segundo atropelamento em série do motorista Paulo Vitor Lima da Silva, de 20 anos, que invadiu o bar, desabou três pessoas e foi linchado pelos próprios clientes. Foi a segunda vez que aqueles mesmos clientes foram usados como pinos de boliche pelo mesmo motorista no mesmo muro. Segundo a notícia, Paulo Vitor “só parou de apanhar depois que um homem não identificado sacou a arma e deu pelo menos três tiros para o alto”. O jornal ainda diz que uma das vítimas chegou a perder o pé! Nesse caso, com todo o respeito ao lendário botequim, acredito que tenha sido mais erro de digitação do que de apuração do repórter, e o cliente, ao invés do pé, perdeu o pó.


Apurei com três amigos os motivos da interdição do Estranho – sim, o bar não fechou, mas foi fechado. Disseram que aconteceu há uns quatro ou 10 meses. Os depoimentos foram colhidos às três horas da tarde de sábado, quando os três estavam acordando, de ressaca. Logo, a informação pode não ser lá muito precisa, mas por outro lado denota uma certa credibilidade às fontes. Fato é que a interdição foi desencadeada depois que um homem derramou sangue sobre os tijolos malditos.


Dos três depoimentos, o mais detalhado é o de Queiroz, o mais feroz desbravador de bares. Por volta das 7h de um domingo, um homem armado de cervejas quentes adentrou o recinto em busca de outras garrafas, geladas. A atendente se recusou a fazer a troca porque as bebidas não foram compradas lá, e Estranho – o dono – já tinha se recolhido, justo ele que nunca dormia antes de meio-dia. Àquela hora, ainda havia um cliente, escorado no balcão, que meteu o copo onde não devia. Aí aconteceu. O homem enfurecido se desarmou das cervejas, sacou a pistola e atirou no pobre diabo, que provavelmente estava ali só para esquecer da vida. Duas versões ainda ressaltaram que o assassino, depois de atirar, saiu caminhando, tranqüilo, apesar das cervejas quentes na mão.


Quem imaginaria; um homicídio que aconteceu não exatamente porque o assassino tinha bebido, mas porque não conseguiu mais beber. Dois meses depois, as autoridades se deram conta de que um lugar como aquele não podia permanecer aberto, e o Bar do Estranho foi interditado por técnicos da Defesa Civil do município, provavelmente desconfiados daqueles estranhos tijolos. A Arca de Noé naufragou e deixou a cidade inteira empesteada de demoniozinhos desnorteados.


Aulas de jornalismo em pequenos vídeos de jornalista veterano

O veterano jornalista e professor de jornalismo Carlos Chaparro publica em seu blog uma série de pequenos vídeos com mini-aulas sobre a profissão. Para os interessados, o caminho é por aqui.

[palavreiros]

Foto: César Ferreira

Celso Cordeiro Filho e Sérgio Escovedo, jornalistas, palavreiros.
[Mostra completa aqui]

sexta-feira, novembro 28, 2008

Programa de fim de semana



O documentário “Sociedade de Betume – O Início”, produzido por três jornalistas e um historiador da Faculdade de Filosofia de Campos, será apresentado neste sábado (29/11/2008) na praia de Grussaí, São João da Barra. O filme ficou pronto há cinco anos e esta será a primeira exibição pública do trabalho, que tem como tema central as relações de amizade. O horário e o local da mostra não foram divulgados pelos organizadores como estratégia de marketing de um novo plano de divulgação dos organizadores, batizado de “Interesse direto”.

Um dos idealizadores do evento, o jornalista Paulo Vasconcelos explica que o “Interesse direto” visa fomentar no público a busca de novas opções de entretenimento. “As pequenas produções não têm como romper as barreiras impostas pelos grandes grupos financeiros. Mas acreditamos que há gente disposta a procurar outros mecanismos de informação e a internet é uma ferramenta importante neste sentido”, comentou. Vasconcelos lembra que o balneário de Grussaí tem uma área territorial pequena, o que facilita a identificação clara do local onde será instalado o projetor.

O documentário é inspirado na obra “Os meninos da Rua Paulo”, escrita pelo húngaro Ferenc Molnár, publicada pela primeira vez em 1906. O livro teve tradução em várias línguas e se passa na época de 1889. Ele chegou a ser inspiração para a banda de rock paulista Ira! no álbum e música de mesmo título.

Hora de indicar temas para a enquete da Rede Blog

Confira abaixo os blogs que estão na vez de indicar temas para compor a enquete da Rede Blog:

Mumunha Futebol Clube – Álvaro Marcos
http://mumunha.blogspot.com/

Palabrasti - Victor Dahia
http://palabrasti.blog-se.com.br/

Refúgio do Camelo e do Dromedário - João Ventura
http://joaosucubu.blogspot.com/

Retrato 3x4 - Wellington Cordeiro
http://retratotresporquatro.blogspot.com/

Roberto Moraes
http://robertomoraes.blogspot.com/

Vamo que vamo!

Chuvas em Campos fazem dobrar o número de desabrigados no estado

O JB online informa aqui que as fortes chuvas que caíram em Campos na noite de ontem fez elevar em 50% (de 397 para 833) o número de desabrigados no estado do Rio.

Somente na cidade, 436 pessoas estão desabrigadas, mais da metade do quantitativo de todo o estado.

A miséria mora ao lado

Foto: Ricardo Pacheco Terra

O blogueiro Fabiano Seixas envia foto feita pelo professor e biólogo do CEFET Campos, Ricardo Pacheco Terra, no Cais da Lapa, no Centro de Campos. Ele trabalhava na coleta de amostras de água e de espécies de peixes para avaliação dos danos do mais recente acidente ecológico no Paraíba. Sua lente se voltou, no entanto, para outro tipo de tragédia: a do homem que ergueu um abrigo improvisado no local.

Blog registra "a cara da coragem de Blumenau"

Foto: Celso Martins/Blog Sambaqui na Rede
Aqui, o blog do jornalista, historiador e fotógrafo Celso Martins, que cobre de Florianópolis a tragédia de Santa Catarina. Há dezenas de imagens e textos. Entre eles, um registro tocante:
"Luis Carlos Werner é um antigo funcionário da Prefeitura de Blumenau (SC). Já enfrentou muitas enchentes, como a de 1983. É lotado na Vigilância Sanitária municipal. Ontem de manhã ele estava a postos, animado, recebendo donativos para os flagelados, quando foi entrevistado pela rádio CBN Diário (Florianópolis). Transmitiu otimismo. Estava surpreso com o volume de ajuda que chegava a cada momento. Deixou no ar um "vamos superar mais essa". Enquanto falava, sua família estava sendo retirada de casa devido a riscos de desmoramentos nas imediações. Em poucos minutos ele se tornou mais um desabrigado. Mas não desanimou. Ele vai em frente. Ele é a cara da coragem de Blumenau".

[palavreiros]

Foto: César Ferreira

Domingos de Oliveira, ator e diretor, palavreiro.

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Evento do Cefet traz dois grandes nomes do design

Reprodução
O curso superior de Design Gráfico do Cefet – Campos realiza no dia 02 e 03 de dezembro o evento Design, Comércio e Indústria, que é a semana acadêmica do curso.

E dentro da programação do evento, estão programadas as participações de dois grandes nomes do Design brasileiro, figuras de nome fácil de serem pronunciados em escritórios de Design e agências de Publicidade, Gilberto Strunck (02/12 – terça-feira) e Rui de Oliveira (03/12 – quarta-feira).

Gilberto Strunck é um designer gráfico brasileiro, sócio-fundador da agência DIA Comunicação, e autor de livros sobre design gráfico, como: Identidade Visual, a Direção do Olhar; Marca Registrada; Viver de Design e Como criar identidades visuais para marcas de sucesso.

Rui de Oliveira Realizou diversas apresentações para filmes brasileiros, além de cartazes e programação visual para cinema. Já ilustrou mais de 100 livros e projetou mais de 400 capas para as principais editoras de literatura infanto-juvenil brasileiras.

Obteve 18 prêmios como ilustrador no Brasil e no exterior. Suas ilustrações e adaptação da peça A Tempestade de W. Shakespeare, publicado pela Companhia das Letrinhas, recebeu na categoria ilustrador o prêmio Lista de Honra do International Board on Books for Young People.- Suíça /2002.

O evento será realizado no auditório Miguel Ramalho, Cefet – Campos, às 19h, nos dias 02 e 03 de dezembro e é gratuito.

[Clique na imagem para ampliar ]

quinta-feira, novembro 27, 2008

Mais flagrantes da instalação



As imagens acima foram enviadas por um leitor que pediu para não ser identificado. Assim como a do post abaixo, elas registram o início da instalação, na tarde de hoje, do conjunto de estátuas da Abolição, que foram retiradas do Palácio da Cultura e levadas para a Praça do Canhão, na Av. Alberto Torres.
Os registros mostram que a intenção era instalar todo o monumento hoje, mas a chuva deve ter espantado o pessoal da instalação. Restou apenas, já posicionada, a estátua que simboliza a mãe de José do Patrocínio. As demais foram retiradas do local.

O flagrante da instalação

Fotos: Juarez Fernandes/Monitor Campista


No início desta tarde, a Prefeitura de Campos começou a instalação do conjunto de esculturas da Abolição na Praça do Canhão, como flagrou o repórter fotográfico Juarez Fernandes, do Monitor Campista. O jornal publica amanhã as imagens.

Vai de Bar do Louro ou de Posto Central?

Não resisti e dei uma passada na Praça do Canhão agora há pouco para ver, como se diz, "com os meus próprios olhos". Hoje, a prestimosa Prefeitura de Campos começou a instalar o conjunto de esculturas da Abolição sobre o "magistral pedestal" que, entre outras funcionalidades, não permite o acesso de portadores de necessidades especiais e desestimula a interação (contrariando a proposta de um monumento em tamanho natural e que tem uma cadeira).


Mas o campista ou o turista guerreiro que quiser tirar uma foto ao lado do monumento, poderá escolher entre ângulos interessantes, como o que tem ao fundo a fachada do Posto Central, ou a do Bar do Louro.


A primeira estátua instalada é a que simboliza a mãe de José do Patrocínio. Dois soldados da Guarda Municipal, em um carro, fazem a vigília do monumento. Eles contam, claro, com o reforço do canhão, que está apontado para o local das estátuas.

Pauta para os leitores

Agora quero ver se esse negócio de jornalismo participativo funciona mesmo. Seguinte: estão, neste momento, instalando as estátuas da Abolição na Pracinha do Canhão, na Avenida Alberto Torres, no centro de Campos.

Todos os 978 carros de reportagem do urgente! estão quebrados, assim como as 4217 máquinas fotográficas.

Quem será o leitor que poderá ir até o local, fazer a imagem e mandar para colaboraurgente@gmail.com?

Valendo!

Escola Agrícola tem novo diretor, com Odete Rocha reeleita na chapa

Candidata a prefeita de Campos nas últimas eleições, a professora Odete Rocha foi reeleita para compor a diretoria da Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo. O diretor eleito é o professor André Luis da Silva Teixeira, que teve 75% dos votos. Ele era o seu vice na gestão da escola. Também vão participar da nova diretoria, com mandato até 2010, os professores Elizabeth Salema, Orlando Miranda Siqueira, Sérgio Chagas e Guilherme Sá.

Dever de casa


Alunos do 4º período de Comunicação da Fafic colocaram no ar o blog Campos Minada, para publicar os exercícios jornalísticos que fizeram ao longo do semestre, para a disciplina Técnica de Jornalismo II, que leciono. As pautas eram sobre as mazelas de Campos, como sugere o nome do blog. Tudo está aqui.

Produto tóxico chega a Atafona e espalha a morte pelo rio e pelo mar

As imagens abaixo foram feitas na manhã de hoje no Pontal de Atafona, foz do Paraíba, em São João da Barra. Há peixes mortos nas margens do rio e na beira-mar até o Chapéu do Sol. Pescadores e moradores contam que os estragos provocados por este derramamento de produto tóxico no rio estão sendo maiores que os verificados no caso Cataguazes. Eles avaliam que o número de peixes mortos é maior e que há um terrível mau cheiro no rio.

Fotos: César Ferreira




[palavreiros]

Foto: César Ferreira

Cristóvam Buarque, cientista social e político, palavreiro.

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quarta-feira, novembro 26, 2008

MP e PF notificam donos de quiosques na Praia do Farol

Foto: César Ferreira

O Ministério Público Federal, com apoio da Polícia Federal, esteve hoje na Praia do Farol para notificar proprietários de quiosques da orla. Eles foram intimados a comparecer no MP no início de dezembro para explicar a ocupação irregular em area de preservação ambiental.

Proprietário de um dos quiosques, José Carlos Barreto Paes, 54 anos, desabafa: "É um absurdo. O verão chegando e eles resolvem fazer isso agora? Na época em que temos mais movimento com a chegada dos turistas e veranistas. Por que não nos foi avisado do problema quando a Marinha e a prefeitura liberaram a área para construirmos? Isso aqui é nosso sustento. Tudo que está qui foi construido com nosso dinheiro. Os governantes querem que a gente passe fome. Ou então, que a gente vire bandido. Não deixam a pessoa em paz nem quando está trabalhando honestamente".
[No alto, policiais chegam na orla da praia; abaixo, dono de quiosque, José Carlos Barreto, é notificado pelo MP]

Procuradores pedem que juiz reconsidere cancelamento de concurso do PSF

Os procuradores do município de Campos protocolaram um pedido de reconsideração ao juiz Sebastião Rugier Bolelli, da 2ª Vara Cível, sobre o cancelamento do concurso para agentes do PSF (Programa Saúde de Família).

O juiz encaminhou o pedido ao Ministério Público Estadual e só vai se pronunciar após o parecer do MP, que deve acontecer amanhã.

Antes da anulação das provas no último final de semana, o MPE já havia dado um parecer desfavorável ao cancelamento.

Levantamento começa amanhã

Em reunião com equipe de terceirizados que foi encerrada agora há pouco, o secretário de Administração, Carlos Morales informou que o prefeito Alexandre Mocaiber aprovou a proposta feita ontem pela comissão de transição e que a partir de hoje, três comissões de Recursos Humanos da Administração irão percorrer as Secretarias para fazer o levantamento do número de funcionários necessários para o funcionamento de cada setor.

Após o levantamento, será feito um relatório, que será entregue por Mocaiber e pela prefeita eleita Rosinha, ao juiz do caso. Espera-se que, com a atitude, seja realizado um novo TAC e a reconsideração da demissão de todos os terceirizados. O prazo para desligamento do restante de 60% dos funcionários da Prefeitura termina no dia 5 de dezembro.

Décimo terceiro

Morales disse ainda que a Prefeitura vai pagar o 13º salário dos funcionários terceirizados que receberam o salário pela Prefeitura entre os meses de Março até Dezembro. Ele explicou que os valores serão pagos proporcionalmente referente somente a esses meses e que o restante do valor, referente aos meses de fevereiro para trás, deverão ser cobrados às empresas José Pelúcio e Facilit.

Morales reunido com terceirizados

O secretário de Administração da Prefeitura de Campos, Carlos Morales, vai se reunir, daqui a pouco, às 15h 30, com um grupo de terceirizados para transimitir a eles a resposta do prefeito Alexandre Mocaiber quanto à proposta que foi colocada ontem junto à comissão de transição do governo eleito para antecipar a solução para o problema dos terceirizados que, por decisão judicial, devem ser desligados até o dia 5 de dezembro.

A proposta consiste em fazer um levantamento dos funcionários que são realmente necessários para o funcionamento de cada Secretaria e levar essa necessidade à Justiça. O intuito é sanear os excessos do governo e ainda mostrar ao juiz que o funcionarismo público depende do trabalho dos terceirizados. A reunião acontece na sede da Secretaria.

Procuradores do Município discutem caso PSF

A Prefeitura de Campos decide hoje se vai ingressar com ação para tentar derrubar a liminar que cancelou o concurso para agentes do Programa de Saúde de Família.


Os procuradores do município se reúnem daqui a pouco, às 17h, na sede da Prefeitura, para discutir o assunto.

Além da morte, nenhum risco

A empresa Servatis, responsável pelo vazamento do pesticida endosulfan no rio Paraíba do Sul, afirmou aqui em seu site que, de acordo com a sua gerência de meio ambiente, a concentração do produto no rio havia caído a zero e não havia "mais risco à fauna". Os peixes do post abaixo não devem ter recebido o recado.

Vida agoniza no Paraíba

Abaixo, imagens de hoje da mortandade de peixes no rio Paraíba, em Campos. A captação de água foi suspensa e o fornecimento obedece a um rodízio. O problema foi causado pelo vazamento do pesticida endosulfan da empresa Servatis, em Resende, no sul do estado.

Fotos: César Ferreira

Rodrigo Azevedo da Silva, 20 anos, pescador, exibe peixe morto no rio


O pescador Paulo Roberto da Silva, 53 anos, segura um Cumatã de aproximadamente 5 kg


Criança recolhe peixes mortos na margem do rio Paraíba

Manual da crise na região

Esta foi tirada do Manual Prático de Como a Crise Financeira Mexe no Seu Cotidiano, criado por este blogueiro, neste momento. Segue o trecho:
A Petrobras tem o costume, no final de cada ano, de distribuir brinquedos e alimentos em creches das cidades onde tem bases de operações. Em Macaé, este tipo de trabalho é sagrado. Porém, neste ano, com a bolha da economia estourando, a estatal vai fazer esta caridade apenas com a verba doada pelos próprios funcionários – algo em cerca de 10 reais por cabeça. Pelo menos aqui, em Macaé, vai ser assim. A própria Petrobras em nível de País vem apresentando, de várias outras maneiras, corte de custos desde o meio do ano.
As criancinhas de instituições da cidade, que estavam se acostumando com os mimos natalinos, terão que conter os ânimos.

[palavreiros]

Foto: César Ferreira

Cláudia Eleonora e Fernando Leite, jornalistas, palavreiros.
[Mostra completa aqui]

terça-feira, novembro 25, 2008

Águas do Paraíba vai suspender captação e anuncia cortes no fornecimento

Foto: César Ferreira
Os resíduos do pesticida endosulfan que vazaram para o rio Paraíba devem chegar a Campos nesta quarta-feira, por volta das 8h, de acordo com previsão da empresa Águas do Paraíba, concessionária responsável pelo fornecimento de água na cidade. A captação no rio será encerrada daqui a pouco, à meia noite, e só retornará ao normal na quinta-feira.

Diretores da empresa concederam entrevista no final da tarde de hoje para anunciar as providências sobre o caso. Segundo o gerente de operações da empresa, Juscélio Azevedo, será realizado um rodízio no fornecimento em Campos, Goytacazes, Donana e Tocos, enquanto durar a suspensão na captação.

Para minimizar o problema, a empresa vai ativar sistemas alternativos de captação em poços profundos localizados na antiga usina do Queimado, além de executar plano emergencial com a operação das estações de tratamento do Beco Santo Antônio e de Donana.

Períodos de fornecimento de água

Das 6 às 12h
- Região Central (Do Tamandaré ao Jockey, incluindo S. Caetano, Sto Amaro, Centro e Flamboyant)

Das 12 às 18h
- Margem esquerda da BR 101 até a Pecuária, incluindo Nova Brasília, Esplanada, Cajú, Corrientes.
- IPS (Da 28 de março até o Pq. São Benedito. E da Av. José alves de Azevedo até o Pq. Tarcísio Miranda)

- Das 18 às 24h
- Residencial Sto Antônio I e II, Pq. Imperial I e II, Varanda do Visconde e Donana.
- Guarus BR101 até o Pq Prazeres e da av. Francisco Lamego até o Pq. Bandeirantes e Novo Eldorado.
- Donana, Goytacazes e Penha.
- Pq. Vera Cruz ao S. Matheus e Cidade Luz
- Vila industrial, Jardim Ceasa, Eldorado, São Silvestre, Codim, Terra Prometida, Jardim Aeroporto e Pq. Aeroporto.

[O urgente! errou: Até às 12h41 de hoje, o blog informou, incorretamente, que nestes horários e bairros o fornecimento de água seria interrompido. O correto é que o fornecimento se dará apenas nestes horários e bairros]

Cenas da chuva


Crédito [antes tarde do que nunca]: Guilherme Póvoas [post atualizado às 9h25 de quarta-feira].

Mais uma destas cenas da vida que parecem ironias com a desgraça alheia. Macaé, bairro Novo Cavaleiros, 16h33. Em meio ao alagamento de uma das vias, uma placa lembra o trabalho feito pelo poder público no local. "Desenvolvimento Para Todos!" [clique sobre a imagem para expandi-la]
Em tempo: a Prefeitura está com bombas de sucção de água no bairro para evitar enchentes.

[programa urgente! - 24 a 30 de novembro]

Foto: Mariza Formaggini
A mulher que escreveu a Bíblia


Peça "A mulher que escreveu a Bíblia", baseada em romance de Moacyr Scliar e indicada ao Prêmio Shell 2008 de melhor atriz para Inez Viana (foto). No Sesc Campos, nesta sexta, 28, 20h. Ingressos populares entre R$2 e R$4.

Choro e Cia nesta terça

Projeto Choro e Cia com sax soprano de Neti Szpilman e o piano de Yuka Shimizu. No foyer do Teatro Trianon, nesta terça, 25, 20h, em homenagem a Ernesto Nazareth e ao poeta Antônio Roberto Fernandes, com declamações de Maria Fernanda.

Comédia no Sesi nesta quarta

"Comédia em Pé", com Fernando Caruso, Fábio Porchat, Paulo Carvalho e Cláudio Torres. Teatro do Sesi (Av Deputado Bartolomeu Lyzandro 862 – Guarus), nesta quarta, 26, 20h. Ingresso: R$ 10,00 (Inteira) R$ 5,00 (Estudante, Clientes SESI e 3ª Idade). Classificação: 14 anos.

Seresta na Noite do Vinil nesta quarta

Noite do Vinil com o tema seresta, em homenagem ao poeta Antônio Roberto, que morreu na quinta, 20. Taberna Dom Tutti (rua das Palmeiras, 13), nesta quarta, 26, 22h.

Foto: Anderson Manhães
Ponto G no Sesi de quinta a domingo

Peça “Se meu ponto G falasse”. Teatro do Sesi (Av. Deputado Bartolomeu Lisandro, 862, Guarus), na sexta, 28, sábado, 29, e domingo, 30, sempre às 21h. Direção de Fernando Rossi. Ingresso a R$ 10 na Livraria Diálogo e Cultura e na secretaria do SESI (na hora). Classificação: 18 anos.


Avyadores no Bar do Gordo nesta quinta

Show da banda Avyadores do Brazyl. No bar do Gordo (frente à UENF), nesta quinta, 27, 23h30

Formas animadas no Sesc

Festival de Formas Animadas, no Sesc Campos. Atrações até 30 de novembro. Programação completa aqui. Gratuito.

Exposição no Trianon

Exposição Cores - Colours - Des Couleus. De segunda a sexta, até dia 28 de novembro, das 14h às 18h, no Foyer do Teatro Trianon. Gratuito.


[Sabe de uma boa dica cultural que ainda não está aqui? Envie para colaboraurgente@gmail.com]


[Com informações de Alicinéia Gama, Wellington Cordeiro, Aucilene Freitas, Site Ururau, Sesc Campos e Prefeitura de Campos - Atualizado às 16h53 de 28/11/08]

Trianon terá evento sobre Segurança do Trabalho

Começa amanhã e segue até a sexta, 28, no Teatro Municipal Trianon, o Iº Simpósio de Segurança e Saúde do Trabalho da Região Norte e Noroeste do RJ, realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

"Palestrantes conceituados abordarão temas importantes sobre Segurança e Saúde do Trabalho, visando estabelecer-se um amplo processo de conscientização para o acontecimento de ambientes de trabalho saudáveis, e da redução do número de Acidentes e Doenças do Trabalho", explica Clóvis Henrique Santarém Pinheiro, integrante a coordenação do evento.

Conselhos pedem que Mocaiber suspenda qualquer ação sobre monumento

Foto: César Ferreira
Reunidos hoje pela manhã, representantes de conselhos municipais e entidades ligados à cultura e à preservação do patrimônio histórico decidiram pedir ao prefeito de Campos, Alexandre Mocaiber, que suspenda qualquer ação sobre o monumento da Abolição até a quarta-feira da próxima semana, dia 3, quando o grupo voltará a se reunir, às 18h, no Palácio da Cultura.

O prefeito Mocaiber não participou da reunião, ao contrário do previsto. E limitou-se a se pronunciar sobre o assunto por meio de nota em espaço publicitário publicada na edição de hoje do jornal Folha da Manhã.

[Para ler todas as notas do urgente! sobre o caso das estátuas da Abolição, clique aqui]

Prefeito não comparece à reunião dos Conselhos para discutir mudança em monumento

Foto: César Ferreira
O prefeito de Campos, Alexandre Mocaiber, não compareceu hoje pela manhã para reunião (foto) com conselhos municipais e entidades ligadas à cultura para discutir a remoção do conjunto de estátuas em homenagem à Abolição.

Mocaiber se manifestou sobre o assunto apenas por meio de nota em espaço publicitário no jornal Folha da Manhã (íntegra aqui).

Como antecipou ontem o urgente!, o prefeito afirmou que avisara o poeta Antônio Roberto Fernandes, idealizador do monumento, sobre a mudança.

"É bom lembrar que pessoalmente avisei ao Antônio Roberto Fernandes a intenção e expliquei devidamente os motivos, no que ele concordou, bem como ao Presidente da Fundação e do Conselho de Cultura", disse Mocaiber.

O prefeito afirmou também que "ao contrário do que muitos pensam, há a certeza de que o grande e saudoso amigo e colega de turma, poeta Antônio Roberto Fernandes, de onde estiver, estará feliz em ver sua realização em local mais adequado e condizente com o seu valor."

A explicação da Prefeitura para a mudança é a recuperação do projeto original do Palácio da Cultura e a valorização do monumento, que passará a estar em local de maior visibilidade e sobre "magistral pedestal" na Praça do Canhão.

Mocaiber fala por meio de nota sobre remoção de monumento da Abolição

Confira abaixo a íntegra da nota publicada hoje no jornal Folha da Manhã, pelo prefeito de Campos, Alexandre Mocaiber, sobre a remoção do conjunto de estátuas em memória da Abolição:


Prefeitura de Campos

Nota de Esclarecimento

Com relação às dúvidas e questionamentos levantados a respeito de transferência de local das esculturas em memória à abolição, vimos a público esclarecer:

Me foi passado por vários membros do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico que o entorno (área ao redor) do Palácio da Cultura foi preservado em sua concepção original e o mesmo estava sendo totalmente dilapidado, fazendo-se necessário a sua recuperação urgente.

Construído para abrigar a Biblioteca Municipal Nilo Peçanha e os demais setores Culturais de Campos, o Palácio da Cultura, projetado pelo arquiteto Francisco Leal e com paisagismo original de Roberto Burle Marx, atualmente faz parte do rol de prédios protegidos no município.

Resgatar as características originais de seu frontispício é o primeiro passo para evitar que o trabalho de criação de tão renomado arquiteto campista continue a sofrer novas mutilações.

Um dos detalhes nesta fachada é o espelho d´água da entrada principal do prédio, originalmente perpassado por uma passarela que conduzia ao hall de entrada, assim, “recepcionando com suavidade e beleza os visitantes, que podem encontrar na tranqüilidade dos peixes ornamentais o espírito que lhe reserva o interior do prédio”.

Com o advento do Memorial da Abolição — conjunto de esculturas de rara beleza e de fundamental importância cultural — optou-se por colocá-lo em parte do espelho d`água; para isso sendo necessário aterrá-lo em mais da metade.

Embora de composição estética impecável, o conjunto interferia no projeto original, à medida que também se perdia na sua plenitude artística.

Sendo assim solicitei ao arquiteto Lucas Linhares, da Séc. Municipal de Obras, que fizesse o projeto de um monumento em área central da cidade para que as esculturas pudessem ser devidamente valorizadas.

Reservar-lhe um espaço próprio e de destaque no cenário central da cidade é a intenção. Onde havia quiosques ocupando toda a tradicional Praça do Canhão foi erguido um magistral pedestal para efetivamente valorar e dar o destaque merecido ao Memorial.

Durante o dia sua beleza será pro si só refletida. De noite receberá o reforço de iluminação artística cênica e segurança através de câmeras estrategicamente posicionadas.

Em um só ato administrativo, resgatamos a praça e a transformamos em mais um equipamento cultural, ampliando também o nosso roteiro turístico. Demos início ao resgate da originalidade da obra de Francisco Leal e Burle Marx e erguemos o Memorial a um patamar compatível com a sua magnitude.

É bom lembrar que pessoalmente avisei ao Antônio Roberto Fernandes a intenção e expliquei devidamente os motivos, no que ele concordou, bem como ao Presidente da Fundação e do Conselho de Cultura.

Ao contrário do que muitos pensam, há a certeza de que o grande e saudoso amigo e colega de turma, poeta Antônio Roberto Fernandes, de onde estiver, estará feliz em ver sua realização em local mais adequado e condizente com o seu valor.

Alexandre Mocaiber
Prefeito

Vale do Itajaí

Foto: Portal Terra

Como alguns sabem, sou torcedor do América - RJ e participo de uma comunidade virtual, no orkut, de torcedores do time rubro da rua Campos Sales. E na comunidade tem um amigo, torcedor do América, que mora em Blumenau - SC. E preocupados com Silvio Kohler, o referido torcedor, e seus familiares,alguns amigos enviaram mensagens pedindo notícias e oferecendo ajuda. Ele respondeu, e o seu e-mail de agradecimento pelas mensagens e ofertas de ajuda retrata o drama que as pessoas do Vale do Itajaí estão passando:

"Agradecimento
Agradecemos pela preocupação e principalmente pela oferta de ajuda a nós que estamos novamente passando pelo "INFERNO" das águas.
Em 1983 e 1984 infelizmente tivermos perdas de toda ordem e agora, somente perdas materiais.
A família de minha esposa, no entanto, contabiliza perdas de parentes já que a origem da família é Alto Baú e Belchior (distritos de Gaspar e vizinhos ao bairro Fortaleza na região norte e onde residimos).
Até Sexta-feira aquela região era o paraíso das águas e parques. Deixou de existir.
Por lá também explodiram (em dois pontos) o gasoduto Brasil/Bolívia.
Para nós, o Sábado foi em clima de Saigon sitiada por Ho chi Min. Explosões combinadas com helicópteros e muitas batidas de veículos, desmoronamentos e infelizmente muitos saques e roubos.
Perdoem-nos pela demora em retornar os contatos, mas, além de ficarmos sem a estrutura básica (energia, água, carro, etc...) passamos os três últimos dias atuando nas regiões baixas como controle de trafego de pessoas e veículos. Preferência para doentes, idosos e crianças. Impossível sabermos o volume de vitimas fatais e parciais, pois muitos lugares estão inacessíveis. Acesso somente a pé e o risco de deslizamentos é enorme.
O tempo é instável. O rio baixou. Pouco ajuda se a chuva não parar definitivamente. Os ribeirões afluentes do Itajaí não conseguem dar vazão as águas. É o caso da nossa região.
As regiões baixas sofrem. Água racionada. Alimentação racionada. Cheguei de manhã à empresa a que presto serviços e estamos tentando dar 'normalidade' a tudo. Anexo foto do portal Terra (minha máquina foi 'emprestada' por algum desocupado) do meu 'morro' onde Ricardo e Dr. Ulisses Rubros de Verdade já estiveram nos visitando.
Na baixada, as águas estão descendo. O clima é instável. Chove e para.
Aos amigos que tem nos perguntado sobre ajuda, por favor encaminhem-nas aos órgãos coletores. Por hábito e por treinamento, sabemos racionar o que temos. As regiões baixas é que precisam de nossa atenção e ajuda.
Obrigado."
- Silvio Kohler

[palavreiros]

Foto: César Ferreira

Cilênio Tavares, jornalista, palavreiro.
[Mostra completa aqui]

Secretário adia novamente encontro com Rosinha

Pela segunda vez, o secretário estadual de saúde, Sérgio Côrtes, pediu adiamento da reunião que teria com a prefeita eleita de Campos, Rosinha Garotinho, no gabinete da transição. O encontro, que ocorreria amanhã, às 10h, não tem nova data marcada.

De acordo com a assessoria de Rosinha, o secretário se concentra agora no enfrentamento dos riscos provocados pelas fortes chuvas no estado, e precisa "estar preparado, caso sejam necessárias medidas da pasta que comanda".

segunda-feira, novembro 24, 2008

Mocaiber diz que havia conversado do Antônio Roberto sobre remoção de estátuas

Os jornais de amanhã vão registrar a versão do prefeito de Campos, Alexandre Mocaiber, sobre a remoção do conjunto de estátuas da Abolição, do Palácio da Cultura. O que ele diz é que conversara sobre o assunto com o poeta Antônio Roberto Fernandes, e que este teria gostado da idéia de instalar o monumento na praça do Canhão.

Independentemente de ser verdade ou não o que diz o prefeito, o fato é que uma conversa com o poeta, por mais que tenha sido sua a sugestão para a instalação das estátuas, não deveria bastar para que tal decisão fosse tomada.

Nesta terça, 10h, o prefeito se reúne com conselhos municipais e entidades para discutir o assunto, como registrado em post abaixo.

Prefeito discute com representantes da sociedade nesta terça a remoção de estátuas

Está surtindo efeito a pressão da sociedade em relação ao caso da remoção das estátuas em homenagem à Abolição. O prefeito Alexandre Mocaiber participa amanhã, às 10h, de reunião no Conselho de Preservação do Patimônio Arquitetônico Municipal (Coppam) para discutir o assunto.

Para um governo que havia apenas mandado tirar o monumento de um lugar para colocar em outro, já é um avanço. Também vão participar representantes do Conselho de Cultura, do Centro de Conservação da Natureza, do Conselho de Meio Ambiente, entre outros conselhos e entidades.

Missa em memória do poeta

Amigos do poeta Antônio Roberto Fernandes, que morreu na quinta, 20, em Campos, aos 63 anos, avisam que haverá missa em sua memória nesta quarta, 26, às 19h, na Catedral do Santíssimo Salvador.

Noite do Vinil


O poeta Antônio Roberto Fernandes será o homenageado na próxima edição da Noite do Vinil. Antônio que faleceu na última semana, sempre em seus eventos voltados para a poesia, sedia espaço para a música, mais precisamente a seresta.

A Seresta é uma reunião muito comum, encontrada nas mais variadas cidades do Brasil e, com muita freqüência, nos bairros do Rio de Janeiro e na cidade de Conservatória. Em Campos há muitos seresteiros contemporâneos e alguns deles sempre acompanhavam Antônio Roberto, principalmente nos cafés Literários.

Uma forma de homenagear o grande poeta e amigo Antônio Roberto será fazendo uma edição especial da Noite do Vinil só com serestas, na noite teremos Carlos Alberto, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves. Além de outros expoentes do estilo.

Então todos os amigos de Antônio Roberto e quem curte a seresta estão convidados para a Noite do Vinil, Quarta-feira, dia 26 de novembro a partir das 22h na Taberna Dom Tutti, na rua das Palmeiras, 13. (atrás do Churrasquinho do Luiz, 28 de março, perto do parque Alzira Vargas).

[palavreiros]

Foto: César Ferreira

Chico Buarque, Ziraldo, Angeli, Luiz Fernando Veríssimo, palavreiros.
[Mostra completa aqui]

domingo, novembro 23, 2008

Concurso do PSF: banho de informação na internet

Os blogs do Ricardo André, do Cléber Tinoco, do Cláudio Andrade e do Roberto Moraes deram um banho de informação e análise neste final de semana sobre a suspensão do concurso público para o Programa Saúde da Família, da Prefeitura de Campos. Também há boa cobertura no site Ururau e nota sobre o assunto no site da Prefeitura.

Um erro monumental

Tratar um monumento como mero adorno de praça, feito um quadro remanejado para combinar com o sofá. Não perceber que memória coletiva é algo delicado e qualquer intervenção na sua construção deve ser amplamente discutida e cautelosamente pensada. Agir como se administrasse um negócio privado, ou dispusesse de uma coleção particular, e pudesse mexer em suas peças sem dar satisfação a ninguém.

Este foi o comportamento do governo do prefeito Alexandre Mocaiber, nesta semana, no triste episódio da remoção do conjunto de estátuas em homenagem à Abolição, instalado em 2003, por sugestão do poeta Antônio Roberto Fernandes, em frente ao Palácio da Cultura – e próximo ao Panteão dos Heróis Campistas, onde estão os restos mortais de José do Patrocínio, um dos representados na escultura.

Quando nem mais se imaginava que este governo pudesse se superar em trapalhadas, após ter alçado a cidade à condição de merecedora do escárnio nacional, e que apenas um melancólico fim de mandato se daria, eis que o campista é presenteado com mais esta.

Este governo não tem mais legitimidade nem para tomar boas decisões, quanto mais para as ruins. Tudo que dele sai traz a marca da desconfiança. E o mais prudente seria é se mantivesse apenas os sinais vitais da administração, abstendo-se de qualquer decisão que pudesse interferir mais acentuadamente na vida da cidade.

O melhor que pode fazer o atual prefeito é não tomar nenhuma medida importante. Fará menos mal aos munícipes se fingir-se de morto até 31 de dezembro.

A mal assumida decisão de remover o monumento, que não mereceu defesa inclusive de muitos setores do governo - a começar pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima – foi rechaçada por vários segmentos da cultura do município, que não haviam sido consultados.

Na administração, não se consegue apontar claramente quem foi o responsável pela idéia. Há constrangimento até mesmo entre secretários municipais. Até o momento em que escrevo (às 6h da sexta, 21), o site da Prefeitura não havia dado uma linha sequer sobre a remoção que ocorrera na terça, 18, foi denunciada em primeira mão por este Monitor na quarta, 19, e ganhou maior repercussão na imprensa na quinta, 20.

O mínimo que a sociedade pode exigir, agora, é que se reponha o conjunto de estátuas no lugar e que se responsabilize administrativamente quem tomou a decisão de removê-las. Inclusive condenando-o a cobrir, com dinheiro próprio, os custos decorrentes desta lambança.

O prefeito Alexandre Mocaiber deve ter a grandeza de voltar atrás nesta insanidade e pedir desculpas à população.

Se não por respeito à cidade, se não por humildade para admitir o erro monumental, ao menos que seja em memória do poeta Antônio Roberto, que preferiu partir antes de ver a gestão do município ameaçar manter José do Patrocínio sob a mira de um canhão.

[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista]

Lançamento na área de comunicação

A professora de jornalismo Ana Paula Goulart lança amanhã, 19h, a coletânea Comunicação e História - interfaces e novas abordagens (Ed. Mauad X), que organizou em parceria com Micael Herschmann.


O lançamento acontece na Livraria Argumento do Leblon, Rio (Rua Dias Ferreira n. 417).

[palavreiros]

Foto: César Ferreira

Avelino Ferreira, jornalista, palavreiro.

[Mostra completa aqui]

sábado, novembro 22, 2008

Vazamento de pesticida deve chegar a Campos na segunda

O noticário online deste sábado informa que 1,5 mil litros do pesticida endosulfan, que vazaram da empresa Servatis para o rio Paraíba, na última terça-feira, devem chegar a Campos nesta segunda, 24.

Segundo o JB online, na manhã deste sábado a possibilidade foi anunciada pela secretária estadual de Ambiente, Marilene Ramos.

"Quatro municípios, Carmos, Sapucaia, Paraíba do Sul e Três Rio, ainda estão com o abastecimento de água interrompido devido ao acidente ambiental, que provocou a morte de milhares de peixes. A Companhia Siderurgica Nacional está incinerando os peixes mortos", diz a secretária, como registrou a matéria.

Empresa diz que não há risco

Na última quarta-feira, a Servatis havia publicado nota sobre o vazamento. De acordo com a empresa, o produto, utilizado na fabricação de inseticidas, não oferece "nenhum risco de contaminação a seres humanos".

A própria Servatis tomou a iniciativa de se "auto-denunciar" nos órgãos ambientais após ter identificado o vazamento.

"A empresa protocolou, juntos aos órgãos ambientais Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), Amar (Agência do Meio Ambiente de Resende) e ao Ministério Público uma auto-denúncia, esclarecendo os motivos do vazamento acidental, ocasionado por uma falha em uma conexão de um caminhão-tanque", diz a nota.

De acordo com o gerente de meio ambiente da Servatis, Guilherme Gama, “o efeito do endosulfan é agudo, porém não prolongado. As chuvas ajudaram na decomposição do produto pela água e não há mais nenhum tipo de risco. Em outra análise encomendada pela empresa, amostras de água potável recolhidas, especificamente de cozinhas, dos municípios localizados às margens do Rio Paraíba (Porto Real, Quatis, Barra Mansa e Volta Redonda) confirmaram a ausência de qualquer contaminação do produto em questão, portanto não existem restrições para a captação de água”.

Estelinha da Codin, só até amanhã no TB

Virada jornalística em Curitiba

Olha aqui que experiência bacana de alunos do quinto período noturno do curso de jornalismo da PUC-PR. Eles passaram a madrugada cobrindo a cidade em tempo real para o site "Jornal da Noite". "A produção jornalística exercita o conceito de "redações virtuais", ou seja, não há uma sede e as matérias são feitas, editadas e transmitidas da rua, de lan houses e das casas dos alunos usando equipamentos móveis como laptops e celulares", explicaram os professores Miriam Fontoura e Zanei Barcellos, coordenadores do projeto.

Cardápio

Foi atualizada aqui a lista de blogs que publicaram posts sobre o tema da Rede Blog de ontem. Como velhos clientes em bons botequins, a pauta sugerida foi muito bem recebida.

[palavreiros]

Foto: César Ferreira

Artur Gomes e Elisa Lucinda, poetas, palavreiros.

[Mostra completa aqui]

sexta-feira, novembro 21, 2008

Rede Blog - Conto

Como meu blog tá paradão, sem rumo, com crises existenciais, tô dando uma contribuição para a Rede Blog dessa sexta com um pequeno conto sobre bares e sua filosofia. Quem nunca mijou que atire a primeira pedra.

Cigarros ou Pentelhos

Entrei no bar, correndo. Mais rápido do que minhas pernas, estavam os efeitos da cerveja, que, há alguns minutos, começara a acelerar o processo de sair de minha bexiga. Sair desesperadamente, diga-se de passagem. Dizem por aí que a gente não bebe cerveja, pega emprestado. Confirmei a afirmativa nesse dia.

Lá dentro, avistei vários boxes fechados e três mictórios vazios. Corri para um deles e, quando abri o zíper, a urina saiu como uma boiada desenfreada. A pressão foi grande e, sem mentiras, devo ter ficado ali por cerca de uns dois minutos, me aliviando. O êxtase foi tanto que não percebi o cara que parou no mictório ao lado. (Com tanto mictório, para que ficar ao lado, coisa de viado...)

Aliviei, chacoalhei, guardei. Mesmo a mijada do século se assemelha a todas as outras. Filosofia vã essa. Coisa de quem já tomou alguns chopes a mais. A muito mais. Ao lavar as mãos, o tal cara, que mijou no mictório ao lado, parou na pia ao lado para lavar as mãos. Fingindo ignorar o pentelho, olhei para o espelho, mas fui interrompido por ele:

— Aqui, desculpa, mas tem uma coisa que eu preciso perguntar...

— (saco!) Sim?

— Quando você vai ao banheiro em lugares assim, você mija em cima dos cigarros e pelos pubianos que estão grudados na privada ou mira fora?

Incrédulo pelo absurdo da afirmativa e também um pouco pelo álcool, retruquei:

— O que?

O cara insistiu:

— É... é só para eu me sentir normal. Você mija em cima dos pelos, cigarros e papéis de bala que o pessoal joga dentro do mictório ou evita eles?

— Eu sei lá!

Então ele respondeu, filosofando:

— Eu sempre vou empurrando as coisas enquanto mijo. Sabe, acho que elas estão lá para isso, de propósito, para divertir quem mija.
Ignorante por causa da bebida e por causa do absurdo, me livrei dele:

— Ah, vá se foder meu chapa! — e saí do banheiro.

De volta à mesa, que fora colocada na calçada do bar, sentei-me, ainda zonzo pela combinação da cerveja, sobrecarga da bexiga e filosofia vã de banheiro. Sem entender nada (porra, e não é que é mesmo?), perguntei, instintivamente aos amigos da mesa:

— Alguém aqui mija em cigarros ou pentelhos?

O Botequim da Aucilene

A Aucilene Freitas manda mail para avisar que o seu blog Resta Acima de Tudo subiu no telhado. Mas como boa botequineira, não perderia o tema de hoje da Rede Blog. Portanto, mandou também seu texto sobre o assunto:

"Oi, criança!

Hoje, dia 21/11, a Rede Blog volta a se formar com blogueiros falando sobre "os melhores botequins de Campos" (ver aqui: http://urgente.blogspot.com/). Por esse motivo uma explicação necessária: manifesto-me por aqui como ex(provisoriamente)blogueira. O meu blog "Resta Acima de Tudo" foi enterrado, ontem, com todas as honrarias que merecia (ou seja, nenhuma. rsrs). Agradeço a meia dúzia de amigos que deram-nos o prazer da visita. Mas, não respire aliviado... Voltarei em breve, mas com um Blog voltado para o RH e o Teatro inserido no contexto do RH (isto é, voltado para empresas/trabalho). Acho que será mais útil e eu terei mais tesão em alimentá-lo. Até pensei em deixar o "Resta..." lá, vivendo no tubo de "oxigênio", mas melhor não... Acabaria não visitando-o mais e deixando alguém sem uma resposta. E indelicadeza não é meu forte. Arquivei todas as postagens de lembrança e me despedi.

Agora, justificativa dada, voltemos à Rede Blog e os botequins da cidade: Conversando com meu amigo Bruno Ribeiro (que em Campinas escreve sobre bares/botequins em uma coluna de jornal) sobre o assunto em pauta, fomos pontuando o que gostávamos e não gostávamos em botequins; quais os critérios que nos levavam a indicar ou não e concluímos que assim como o fato de um artista vender um milhão de cópias não significar que sua música tenha qualidade ou que ele seja talentoso, o fato de um bar/botequim estar sempre lotado, por exemplo, não quer dizer que ele seja bom. Filas na porta a mim não impressionam... ao contrário, depõem contra e são motivos suficientes pra eu nem cogitar uma ida.

Vamos aos critérios que me fazem NÃO querer entrar num bar/botequim (consequentemente, o contrário disso me fazem eleger os que frequento):

- Tem fila pra entrar ou você é obrigado a esperar um tempão em pé até vagar uma mesa? Deus que me livre! Não saio de casa para perder tempo numa fila (quase sempre formada por gente desinteressante) nem tampouco cansar minhas belas pernocas "esperando vaga uma hora aqui, outra ali". Boteco bom é aquele que sempre tem uma mesa esperando por mim e quem estiver comigo;

- Vai enfiar a faca? Tô fora!. Não sou mão de vaca (até podia ser menos perdulária!) e, graças a Deus, posso até pagar mais caro por uma comida e uma bebida bacana, mas me recuso a pagar mais do que R$ 3,50 num pastel e não sou otária para pagar R$ 5,00 em uma cerveja;

- Posso ser radical (e sou!) mas, para mim, bar não é vitrine para que eu fique em exposição. Bar é lugar para o solitário beber sem ser incomodado, para o casal ficar numa boa, para o desiludido afogar as mágoas, para os amigos compartilharem a vida, para os enamorados celebrarem o início de um romance e os des-enamorados chorarem o fim de seus relacionamentos...

- Meus amigos (deliciosamente malucos/não convencionais), assim como eu, corremos o risco de serem barrados pelo segurança ou dono do bar/botequim pelos motivos (?!) que já conhecemos? Se corremos, nem pensar!!!! Se alguém monta um bar/botequim para uma "clientela selecionada", não contará comigo, certamente.

Boteco que se preze faz valer a democracia, deve estar aberto a todo o tipo de gente. É em lugares como esse que escolho beber ou simplesmente prosear com amigos. É nesses que eu me reconheço como ser humano e que eu encontro pessoas realmente interessantes. Por isso, Campos, ai que saudades do Bar do Estranho!!! Saudades do Bar Vermelho, do Bar Doce Bar, do Bar do Alon, do Quinta Aula (do início)...

Hoje a gente escolhe a dedo: o Bar do Afrânio, a Taberna Don Tutti, o Caipira, o Bar-Bearia, o Bar do Roberto (Toca dos Amigos), Terapia´s... Escolher um seria difícil. Mas ainda choramingo e não me conformo em não ter mais o Estranho. Estranhíssimo isso."

Rede Blog: veja quem já postou sobre o tema de hoje

Os blogueiros da Rede Blog têm hoje como pauta sugerida "Os melhores botequins de Campos". Confira quem já postou:

Comentários do Cotidiano - Fábio Siqueira
http://fabiosiqueira.blogspot.com/2008/11/rede-blog.html

Jules Rimet
http://www.imagina.blogspot.com/

Retrato 3x4 - Wellington Cordeiro
http://retratotresporquatro.blogspot.com/2008/11/campos-botequim.html

A Trolha
http://atrolha.blogspot.com/2008/11/os-melhores-botequinsrede-blog-dia-21.html

Novo Céu e nova Terra - Flávio Mussa Tavares
http://novoceuenovaterra.blogspot.com/2008/11/um-banquete-de-alegria.html

Comente o comentado - Super Energia
http://super-energia.blogspot.com/2008/11/os-caminhos-do-boteco.html

Dendrito - Yuri Amaral
http://dendrito.blogspot.com/2008/11/bar-do-gordo_21.html

urgente!
http://urgente.blogspot.com/2008/11/urgente-na-rede-na-rede-blog-uma-matria.html

A pinta campista
http://apintacampista.blogspot.com/2008/11/sauvignon-pra-voc-tambm.html

Outros Campos
http://outroscampos.blogspot.com/2008/11/sobre-botequins-botecos-e-afins.html

Aspectos
http://www.aspectos.blog.br/2008/11/bares-de-botafoguenses.html

Roberto Moraes
http://robertomoraes.blogspot.com/

Palavras de um futuro bom
http://bommemorias.blogspot.com/2008/11/rede-blog-os-melhores-botequins-de.html

[Atualizado 22/11/08 às 12h35]

urgente! na Rede Blog: uma matéria sobre o botequim do Assis

Repórter tricolor acompanha um dia de jogo do Botafogo no Assis

Um portão vermelho que já foi de garagem. Pouco mais de 30m2. Chão de cimento emoldurado por quadrados feitos de brita. Uma pilastra fora do centro. Paredes cinzas de chapisco rude. Cartazes com sedutoras modelos. Avisos para não incomodar a vizinhança. Pouca iluminação. Um ventilador de hélices brancas, bastante sujo e sem a grade da frente. Uma TV de 29 polegadas sobre uma prateleira instalada bem perto do forro de PVC branco. Um grande freezer vertical da Itaipava. Mesas e cadeiras vermelhas de plástico. No alto, uma vasta coleção de latas de cerveja. Em um canto bem escondido, um pequeno vaso com uma plantinha um tanto mística conhecida como espada de São Jorge.

Assis me recebeu com um sorriso irônico e uma pergunta pronunciada apenas pelos grandes olhos verdes: o que faz um tricolor aqui no dia em que o Botafogo disputa com o Fluminense a Taça Rio? Sim, sou freqüentador do bar. Jornalista nada isento para esta pauta, portanto. Na visita anterior havia cometido a petulância de entrar no estabelecimento com a camisa do Fluminense também em um jogo contra o Botafogo. Mas desta vez havia me protegido com uma insossa camisa careca azul. Expliquei que estava a trabalho.

Assis é Francisco de Assis Rodrigues, 57 anos, o proprietário do bar. O bar é o Terapia´s, um dos poucos que conservam alguma alma de botequim na cidade de Campos dos Goytacazes, outrora famosa pelas cachaças que fabricava com a farta cana colhida por mãos semi-escravas. E o Botafogo é mesmo o time do Rio, uma espécie de instituição simbólica que sustenta o espírito do bar e, em boa medida, o do próprio Assis.

Dia de folga em local de trabalho

A intenção do repórter é flagrar o bar em seu momento de público mais fiel. Aquele formado pela torcida botafoguense, em dia de jogo do time. A fidelidade foi ainda mais atestada pelos vários motivos que tinham os freqüentadores para não sair de casa. O jogo seria transmitido pela TV Globo — não havia, portanto, necessidade de TV por assinatura, um dos, digamos, serviços do bar — e a tarde era chuvosa em um domingo estacionado antes de um feriadão que emendava Dia de Tiradentes (segunda) e de São Jorge (na quarta-feira). Ainda assim, lá estavam eles, exatamente nove adultos, três crianças e dois adolescentes, na expectativa para o início da partida, às 16h, no Maracanã.

Assis estava sentado em uma mini-torrre formada por quatro cadeiras de plástico empilhadas. Recostava a cabeça de cabelos rareando em uma pilastra muito próxima à TV. Precisava olhar acentuadamente para cima para ver o jogo, lá no alto da parede. O esforço pode ter contribuído para tornar ainda mais avermelhado o seu rosto. Calçava sandálias havaianas de tiras pretas e fundo branco, vestia bermuda jeans e, claro, uma surrada camisa do botafogo.

Quando tem jogo do time alvinegro, para o Assis, mesmo sendo o dono do bar, é dia de folga em local de trabalho. Entre as muitas combinações e cumplicidades necessárias para sustentar um casamento de 20 anos com Dona Ângela, está a de que ele pode ficar do outro lado do balcão quando o Botafogo está em campo. Pode beber, pode gritar, pode virar torcedor como qualquer freguês.

Pacto parecido ocorre também quando, como qualquer ser humano, Assis quer tomar uma cerveja. Embora esteja cercado por 68 caixas delas, geladíssimas em quatro freezers e de várias marcas, o dono do bar prefere relaxar em outro ambiente, e é um dos que, vez por outra, se espremem em um botequim ainda menor que o seu, embora mais tradicional na cidade, que é o Gato Preto, no Centro. É comum que pague mais caro e tome cerveja mais quente.

— Mas é diferente — conta.

Começa o jogo

Apita William de Souza Nery, começa o jogo no Maracanã. A tradicional saudação do locutor esportivo faz prender a respiração no bar. Um pandeiro ainda repousa numa cadeira. E a partida não havia chegado a um minuto quando as primeiras reclamações sobre o juiz foram proclamadas. É que Lúcio Flávio havia mandado a bola para dentro da área, alguém caiu e do fundo do bar veio o grito "pênalti!".

— Cadê o bandeira? — reclamaram outros.

O público não chega a ser um grande exemplo de animação futebolística. Há apenas seis, incluindo o Assis, com a camisa do botafogo. A cota feminina é formada por três freguesas sentadas em volta de uma mesa na calçada, do lado de fora do bar, sem demonstrar muito interesse na partida. Estão próximas a uma faixa onde se lê: "senhores freqüentadores do bar, pedimos não utilizar a calçada do prédio em frente. Agradecemos". A relação de todo botequim é sempre tensa com a vizinhança. E é por isso que o Terapia´s está no atual endereço há três anos, dos 12 de serviços prestados à boemia campista.

Ao lado do balcão revestido de tijolinho e coberto por pedra bege com rajados pretos e marrons, está um quadro com o cardápio da casa. Caldo de ervilha, caldo de feijão, caldo de mocotó, carne seca no feijão, carne seca acebolada, costela com aipim, lingüiça no feijão, lingüiça calabresa e língua com batata. Tudo com porções que variam de R$ 2,50 a R$ 6,00. O que sai mais?

— Depende do dia — desconversa Assis.

Aos sete minutos, alguém grita: "Vai dar cartão!". E o cartão não sai.

Aos oito, outro comenta: "Nota zero para o árbitro".

Aos quatorze, o público havia crescido consideravelmente. Quinze pessoas. Contando com o repórter, que toma uma cerveja Antártica Original encostado no balcão.

Aos 22, o tricolor Thiago Neves lança para a Washington, que domina e é derrubado por Renato Silva. Pênalti para o Fluminense. Mais reclamações contra o juiz. Grande tensão no ar. William de Souza Nery autoriza, Washington corre, bate colocado, desloca o goleiro, na trave! Os botafoguenses comemoram como se tivesse sido um gol alvinegro.

Assis está muito tenso desde o início da partida. Apenas aos 26 manifestou mudanças mais intensas na posição em que se encontrava na sua mini-torre de cadeiras. Relaxou os braços, jogou a cabeça para frente, balançou os pés. É falta perigosa a favor do Fluminense. Outra bola que não entrou. Gestos ainda mais nervosos viria a fazer aos 39 minutos, quando se levantou, girou, estendeu os braços, passou a mão na cabeça, tudo por causa de um quase gol do Botafogo.

Disciplina militar

Uma das características do bar é o modo como Assis e dona Ângela conduzem a disciplina no lugar. Ambos com aspectos militares. Todo esforço é feito para prevenir o inevitável para qualquer botequim: que vez por outra aconteça alguma daquelas típicas confusões que o álcool produz. Há avisos solenes nas paredes, como o que proíbe ligar som automotivo na porta do estabelecimento, ou o que fixa horários rígidos de funcionamento, e há a vigilância constante do casal.

Antes do final do primeiro tempo, por exemplo, um sujeito chegou ao bar em estado de ampla precariedade etílica. Daqueles tipos que vinham tombando botequins. Mesmo enrolado em uma bandeira do Botafogo, ele não era bem vindo ali. Chegou ao balcão, pediu uma cerveja, e dona Ângela, com ar austero, não serviu, além de ter dado um sermão. Deu para notar que é um freqüentador habitual, mas, naquela hora, o limite dele, de acordo com os rigorosos padrões da casa, havia chegado.

Há um esforço deliberado em tornar o Terapia's um botequim diferente dos outros bares de torcida. Os fregueses mais estridentes são sutilmente convidados a reunirem-se em um quiosque próximo, também reduto de botafoguenses. Assis quer progresso nos negócios, mas prioriza a ordem. Pode ser coisa de quem comandava lojas da antiga rede Casas da Banha, no Rio, e da Drogaria Pacheco, também na capital e em Campos. A linha é dura.

Intervalo de jogo e o repórter tem um pouco mais de tempo para observar o que está no lado de dentro do balcão. Enquanto fregueses se levantam, alguns caminhando em direção ao banheiro, outros apenas esticando braços e a coluna, uma anotação frenética de debruça sobre o bloquinho. O lugar tem algo em torno de nove metros quadrados, com temperatura abrandada por um cansado ventilador de teto. No pequeno espaço estão três grandes freezers — dos quatro existentes no bar —, mostruários de biscoitos, amendoins e outros tira-gostos industrializados, além de balas, chocolates e outros doces — que nos momentos de apuro são chamados apenas de glicose. Há paredes cobertas por prateleiras que ostentam mais latas da coleção de cerveja e muitas garrafas de uma coleção ainda mais preciosa, a de cachaças. São dezenas delas, com seus nomes bem-humorados ou de tonalidade regional: Branca Fulô, Barra Velha, Rainha do Vale, Caninha do Engenho, Donzela, Chave de Ouro, Beijo, Marimbondo, Caranguejo, Januária e a jóia das jóias: Terapia´s, uma edição encomendada pelo bar com rótulo da casa.

Há ainda outra TV, menor que a da área dos fregueses, igualmente no alto sobre uma prateleira. Fica numa quina, e à sua volta há uma espécie de altar botafoguense. Bonequinho do Botafogo, copo de alumínio do Botafogo, um troféu do Botafogo, um barquinho do Botafogo (e outro do Goytacaz, um time local), e até um inusitado ganso de vidro do Botafogo.

Saudades do Maracanã

O jogo recomeça no Maracanã. Imagens da torcida emocionam Assis, que sorri como se lembrasse dos muitos jogos que assistiu no estádio. Aquela edição esperta de TV mostra a massa humana, com direito à legenda para o grito da galera. Até quem não gosta de futebol imagina que deve ser uma experiência um tanto quanto transcendente estar em um lugar assim.

Em menos de dois minutos do segundo tempo já há reclamações no bar sobre o juiz. Resmungam sobre um impedimento marcado.

Aos treze, bem mais animado com o time, Assis se levanta, gira, passa perto do repórter e comenta:

— O Botafogo está jogando muito!

Embora mais animados, com o jogo e com o acúmulo etílico, o clima família permanece no bar. Uma cena singela, por exemplo, é ilustrativa: um cliente se aproxima do balcão, chama dona Ângela, e apresenta sua esposa, que acabara de chegar. Fazia as honras da casa e meio que mostrava que o lugar é de respeito. Ou seja: em outro dia ela não precisa voltar para fazer aquela fiscalização.

Os comentários continuam:

— É aquela ansiedade que tá matando ele — diz um cliente, sobre Túlio Souza, que havia entrado há pouco e já marcava falta sobre Thiago Neves. Isso, um minuto antes de um doloroso golpe sobre a torcida botafoguense: a expulsão de Alessandro, que cometeu sua quarta falta na partida.

A elevação da tensão dos torcedores contrasta com o tédio de uma garotinha, de não mais de seis anos, em uma das mesas. Com um arco verde fazendo moldura para os cabelos pretos, vestido branco com detalhes coloridos, ela escora a cabeça com a mão, muito próxima de cair no sono. Não deve entender a graça que aquele bando de gente vê nesse tal de futebol.

E eu estava um tanto inebriado com a imagem da garotinha quando o estrondo se deu:

— Goooooooolllllllll... Éeeeeeeee, do Botafogo!!!...

O pior juíz do mundo

Até tomei um susto com aquilo. E me senti feito um marciano ao lado daquele pessoal comemorando. Mas é bacana de ver. Gritaria geral. Abraços. Um cliente tira o chapéu e o veste no Assis. Cada replay é comemorado como se fosse um novo gol. Bola cruzada na área aos 40 minutos do segundo tempo, Renato Silva escora para a rede e faz o único gol da partida, como gostam de explicar os jornalistas esportivos, e lá estavam aquelas quinze criaturas, àquela altura talvez até um pouco mais, eufóricas como se tivessem vencido uma batalha.

O restante da partida é de uhhhsssss, ahhhhssssss, e, principalmente, "acabou", "chega", "tá bom", além de um inusitado "esse é o pior juiz do mundo!". O hino do Botafogo toma conta do bar depois do apito final. Até dona Ângela, geralmente séria e recatada, cantarola a letra.

No balcão, o sujeito hiper bêbado da bandeira enrolada que havia recebido cartão vermelho no bar reaparece. Pergunta quanto foi o jogo. Dona Ângela, agora mais desarmada, até goza da cara dele:

— Pô! Que botafoguense é você que nem viu o jogo?

E na torcida, alguém põe o pandeiro em ação.



[Matéria que fiz como exercício no curso de Jornalismo Literário ministrado, em abril deste ano, na AIC, pelo professor e jornalista Gerson Dudus]

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