quarta-feira, agosto 22, 2012

Se propaganda de TV elege alguém, Makhoul está eleito


Se for verdade que propaganda eleitoral gratuita de TV vence eleição, o candidato Makhoul Moussallem (PT) pode se considerar eleito para a Prefeitura de Campos dos Goytacazes — se não houver mudanças significativas nas produções dos concorrentes. A julgar somente pela estréia de hoje, a diferença de qualidade dos programas impressiona.

Não que tenha havido algo de novo na propaganda de Makhoul. Ela utiliza-se do receituário manjadíssimo da propaganda em geral e do marketing político em particular. Mas, na comparação com os demais, chama atenção a qualidade técnica das imagens, a fluidez do roteiro, e pode funcionar bem o mote da união “Dilma, Lula, Sérgio Cabral e Lindberg” (embora José Serra tenha obtido mais votos do que Dilma em Campos nas últimas eleições presidenciais).

O maior desafio de Makhoul é realmente se tornar conhecido. Nisso, é favorecido pelo maior tempo de TV e pelos apoios de peso — incluindo desde já o da atriz Zezé Mota, que é campista. Mas essa não é de fato uma tarefa fácil. Enquanto assistia a propaganda em local público, justamente quando falava Makhoul, passou por mim um senhor de meia idade, olhou para a TV e disse: “ó aí o Mocaiber”.

Pode ter soado apelativo o choro de Makhoul quando se referiu à sua esposa, que morreu em junho do ano passado. Mas o público médio, que não conhece a escolha racional de cada cena numa edição, pode absorver a passagem como espontânea — sem considerar que o choro, embora verdadeiro, pudesse simplesmente ter sido cortado se não se quisesse explorá-lo como propaganda. Talvez, neste caso, a tentativa seja a de humanizar Makhoul, notadamente um perfil duro, de ar arrogante, jeitão autoritário, e de comunicação ruim com a câmera.

E é justamente neste último quesito, de comunicação com a câmera, que ninguém supera a favorita desta eleição, a candidata à reeleição Rosinha Garotinho (PR). Mesmo sem demonstrar grande empolgação com o papel de candidata, mantendo entonação e semblante de quem apenas cumpre o protocolo de passar por um referendo em uma disputa de resultado previsível, Rosinha é sempre segura no vídeo e vende bem a imagem de preparada para governar.

O programa da candidata, se levarmos em conta os recursos e a experiência eleitoral que ela e seu grupo político têm, deixou a desejar, mas foi popular e emocionou em alguns momentos — a única coisa que parece de fato importar na luta pelo voto. O ponto alto foi o VT do programa habitacional Morar Feliz, descontando a interpretação patética do senhor que caminha para chegar à sua casa enquanto a sua voz em off conta a sua saga.

Entre os candidatos de maior visibilidade, o pior programa foi o do ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT). Beirou o amador. Depois de um clipe lamentável, ensaiou-se um revigoramento daquele discurso do coração pra lá, coração pra cá, enquanto se ostentava um estetoscópio no peito e um jaleco branco. Parecia uma consulta ao cardiologista. Vai chamar mais atenção pela apresentação da nova versão magra do candidato do que por qualquer outra novidade que possa vir a trazer.

Quanto aos nanicos Erik Shunk (Psol) e José Geraldo (PRP), não é possível avaliar as suas propagandas com as mesmas medidas empregadas aos demais. A diferença de tempo, e aparentemente de recursos, é alarmante e os dois não têm a mínima chance, se dependerem apenas da propaganda de TV que estão apresentando, de ultrapassar o traço nas pesquisas eleitorais. Justamente quando é necessário o máximo de criatividade para driblar o mínimo de tempo, ambos puseram-se a falar em frente a uma tela de chroma key, confiantes de que seus discursos são suficientes para sensibilizar os eleitores. Erik precisa ao menos resolver o problema das suas olheiras. José Geraldo necessita, no mínimo, dispensar o terno e a gravata.

Tudo bem que a TV não é tudo. Mas é quase tudo.

4 comentários:

Andressa Pepper disse...

Ainda bem que não elege.
Já pensou, Campos governada por PTralha? Ia ter mensalão por 4 anos.

P.S.
Desisto de comentar neste blog. Conseguir digitar estas letra pra provar que não robô é mais difícil que qualquer prova de vestibular.
Ja tentei mais de 50 vezes e não consegui. Mas, vou continuar tentando. Uma hora eu acerto.

Vitor Menezes disse...

Rs, desiste não, Andressa. Olha seu comentário aí! Abs!

Rodrigo Florencio disse...

Ei Vitor, assim vc quebra o mercado. Dando consultoria de graça...

Paola Bittencourt disse...

Muito boa análise!

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