O jornalismo morreu. E faz tempo.
Tenho dito essas duas frases, de maneira até insistente, para alguns alunos na Fumec *, fora de sala de aula, quando estes tentam entabular alguma conversa sobre função social do jornalismo nas últimas décadas ou algo que o valha. O esvaziamento de conteúdo e as coberturas espetacularizadas - não escapando nenhuma editoria ! - nem de longe representam novidade no campo jornalístico e - ah, o óbvio ululante ... - depõem seriamente contra o papel do jornalista e a tão propalada credibilidade.
E isso cansa não somente o respeitável público - pasmem, mas isso acontece -, como também quem se empenha em lidar com informações, mensagens, reportagens e todos esses termos ligados à comunicação. Chega um determinado momento em que o jornalista enfia a mão no que ainda tem de consciência e se pergunta se tudo aquilo vale mesmo a pena. Reafirmo: os melhores jornalistas que já conheci caíram fora das redações - João Paulo Arruda suporta até hoje porque é um abnegado ensandecido e está queimando seu karma negativo com isso.
Falei sobre essa "tomada de consciência" para uma aluna, na última segunda-feira, e recebi como resposta a batidíssima frase: "você é muito radical". Na bucha, perguntei se ela, de imediato, poderia me dizer o nome de UM jornalista de um veículo de abrangência nacional que lhe transmitisse confiança. Ela hesitou. Aproveitei o vacilo e emendei: "esquece isso e cite, nesse caso, um jornalista de Minas Gerais". Nova hesitação.
Como bom pugilista calcário, fiz uma pergunta de misericórdia: você conhece Cláudio Abramo ? A resposta dada já era mesmo esperada: quem ?
Pano rápido.
* Caso haja ainda alguém que leia esse blog e não saiba: dou aulas de Jornalismo Digital para o 7º período de Jornalismo, em BH. Pobres coitados - os alunos, não os leitores. Pensando melhor, incluo também os leitores deste blog nessa leva.
terça-feira, abril 12, 2005
Postado por Jorge Rocha às 16:24
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