Apresentação teatral durante a inauguração do Museu, na última sexta - Foto: Gerson Gomes / Secom PMCG |
Ainda não é muito, mas é tanto perto do nada que temos, que confesso que me emocionei durante visita ontem ao Museu Histórico de Campos dos Goytacazes, na Praça São Salvador. Há muitos e muitos anos, repórter novato, me lembro de ter entrado no prédio para fazer uma matéria sobre o abandono de documentos da antiga Câmara Municipal. Era um cenário desolador, com pilhas de atas, notas, registros se perdendo em um cômodo úmido e escuro.
Agora, ver o solar de Visconde de Araruama restaurado, e tendo ouvido do diretor Carlos Freitas que parte dos documentos — a que ainda era possível recuperar — foram levados para o Arquivo Público Municipal, faz renovar alguma esperança de que o enorme potencial histórico e turístico que temos passe a ter, finalmente, a atenção devida.
O acervo ainda é muito restrito, o café ainda está por funcionar, mas tudo isso se resolve com o tempo. O mais importante, apesar da enorme demora, é que o solar está novamente aberto e as novas gerações poderão ter contato com significativa parte da memória da cidade.
Não há informação na internet que substitua, por exemplo, o efeito que fez sobre a minha filha olhar de perto a Roda dos Expostos e saber como ela funcionava. Saiu de lá dizendo que ia falar com a professora de história dela para levar toda a turma da escola. O efeito multiplicador disso, e o senso de pertencimento que isso provoca, é notável.
Tudo isso não me faz esquecer que, numa escala de 0 a 10, não passa de 1 a nota que eu daria para o governo municipal — o atual e todos os anteriores da minha geração — no quesito preservação do patrimônio histórico e política cultural. Certamente passa de uma dezena o número de prédios históricos abandonados e tem sido muito frágil, quase nula, a ação da Prefeitura para coibir a sucessiva transformação de casas antigas, de valor histórico, em estacionamentos nas áreas do Centro e da Pelinca. Um ou outro brancaleone da estrutura municipal, como o secretário Orávio de Campos Soares, com poderes muito limitados, tenta evitar a dilapidação, mas com possibilidades muito restritas de sucesso, por absoluta falta de apoio mais contundente das esferas que realmente decidem no município.
Mas essa esperança que se renova não está na prefeitura, está na sociedade que deve pressionar os governantes. E isso, ainda que de modo muito incipiente, tenho notado fazer efeito. Creio que, até por reflexo de tantos exemplos bacanas de outras cidades — Quissamã entre elas —, os campistas estão percebendo a necessidade de preservar a memória. Temos instituições, pesquisadores e cidadãos em geral que clamam por isso. Isso há de ser mais forte e duradouro do que os danos provocados pelos maus políticos. Campos é maior do que eles.
Um comentário:
Discordo!
Os políticos são o perfeito reflexo do povo campista. Um museu restaurado, com larga margem de lucro para meia dúzia de corruptos, não muda isso.
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