Campista sofre com o feitiço de ser campista
Argentino de Buenos Aires e morador de Campos há sete anos, Gustavo Alejandro Oviedo, 37, é um inquieto que parece predestinado a incomodar o sossego desta Planície. Ele se meteu em aventuras como a da revista Caraca e, recentemente, organizou uma mostra de filmes argentinos no Sesc.
Desenhista, cinéfilo e mestre de obras formado na Escola Técnica n.2 de Hurlingham, província de Buenos Aires, Oviedo é um blogueiro contumaz e um sujeito intrigado com a baixa auto-estima do campista.
[Dói muito ser argentino no Brasil?]
Só quando jogam as seleções de ambos paises entre si. Depois disso, é tudo de bom.
[Ser brasileiro na Argentina é pior?]
Só quando jogam as seleções de ambos paises entre si. Depois disso, é tudo de bom.
[Ser brasileiro na Argentina é pior?]
Também não. A imagem que o brasileiro tem do argentino, produto talvez dessa rivalidade esportiva, mas também do estereótipo criado pelas piadas, é de um ser arrogante e imprestável (mas o brasileiro ama e odeia o argentino simultaneamente). Assim, quando ele visita Buenos Aires pela primeira vez, pensa que vai ser linchado pelos locais e pendurado no Obelisco por sua condição de pentacampeão. Como tão baixa expectativa não pode ser confirmada, o brasileiro volta sempre dizendo: "Até que não eram tão ruins. E o bife de chorizo é ótimo."
[Campos... Porque Campos?]
[Campos... Porque Campos?]
Casei com uma campista. A conheci em Buzios, moramos em Buenos Aires um par de anos e antes da crise de 2001 viemos para cá. A quantidade de vezes que me fizeram essa pergunta desde que cheguei aqui me revelou o desespero do campista por nascer nesta cidade. O desejo do local é fugir, ir embora para sempre, como se Campos tivesse um feitiço do qual só pode ser afastado pela distância. O que ele ignora, ou finge ignorar, é que ele é o feiticeiro. Uma variação da famosa frase de Groucho Marx: "Não desejo pertencer a nenhum clube que aceite como sócio a alguém como eu".
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