Bloco de Grussaí comemora 150 anos de fundação
Fundado em 1856, o Bloco Carnavalesco Os Pholiões vai comemorar no Sábado, 25, a passagem dos seus 150 anos em um desfile organizado por um grupo de vizinhos da praia de Grussaí, no município de São João da Barra (RJ). De acordo com o pesquisador Gileno Domingos Azeredo, este bloco é o mais antigo da região e um dos mais antigos do país ainda em atividade.
"Ainda temos muito o que pesquisar sobre as origens do bloco, mas o que sabemos é que a sua fundação no século XIX foi motivada por um nobre francês chamado François Marchant de Ziri Gui Doom, que ficou conhecido por pescadores e escravos da região pelo nome "Marquês de Ziriguidum", nome que quase virou sinônimo de Carnaval", explica o historiador, que não sabe dizer como um nobre francês foi parar em São João da Barra no século XIX.
A popularidade do marquês se deu em razão do seu empenho pela libertação de escravos na região. Na época de Carnaval, o marquês mobilizava a corte portuguesa, onde mantinha contatos firmados desde a Europa, a fazer doações para a festa dos negros, como ele dizia. Não vendo maiores problemas nas doações, muitos nobres participavam, acreditando estarem apenas contribuindo para acalmar os ânimos nas senzalas.
Na verdade, o Marquês, a cada ano, utilizava parte dos recursos para comprar a alforria de alguns negros, que se uniam ao bloco — chamado na época de "Os Pholiões do Marquês" — para contribuir para que, no ano seguinte, outros negros fossem libertos.
Com a libertação dos escravos em 1888 e com a Proclamação da República em 1889, por pouco a tradição não desapareceu. A história dos feitos do Marquês e do seu grupo de negros carnavalescos, no entanto, foi preservada de geração para geração. Todos os anos, pelo menos um pequeno grupo se reúne em memória do Marquês na praia de Grussaí, mas com uma curiosidade: em razão do segredo original que mantinham quando da sua formação, o grupo sempre evitou revelar a sua história, preferindo manter-se como uma sociedade secreta e desfilar anonimamente em meio à multidão que segue a conhecida Boneca do Valdir.
Neste 2006, no entanto, o grupo estará identificado por uma camisa com o logotipo do bloco, registrando a passagem do seu sesquicentenário. "É muito importante que a comunidade agora possa reconhecer um bloco de tamanha tradição", opina Azeredo.
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